Mesmo sem medalha, Brasil vê saldo positivo no Mundial e projeta 2016
Com inédita vaga olímpica conquistada, equipe masculina deixa aberta a corrida olímpica interna. Meninas veem evento-teste como grande termômetro para os Jogos
Foram quatro Mundiais seguidos marcando presença no pódio, mas essa sequência foi quebrada em Glasgow. O Brasil não foi um dos 15 países com medalha. Ainda assim, as comissões técnicas das equipes masculina e feminina viram um saldo positivo na competição. Os brasileiros conquistaram a inédita vaga olímpica para o time, e as meninas bateram na trave com a nona colocação, mas formaram a equipe que mais cresceu em número de pontos em relação ao ano passado. Os dois times projetam um bom caminho nos nove meses que restam até as Olimpíadas do Rio de Janeiro, um com uma preparação focada nos Jogos, outra com um evento-teste como grande termômetro olímpico.

O time masculino do Brasil contou com Arthur Zanetti, Artur Nory, Caio Souza, Francisco Barretto, Lucas Bitencourt e Péricles Silva para conquistar a sétima posição na classificatória e, assim, garantir a inédita vaga olímpica, permitindo que cinco ginastas disputem o Rio 2016 - o Brasil teve apenas três ginastas nos Jogos de Londres 2012. Na final por equipes, Diego Hypolito substituiu Péricles Silva, mas o Brasil não conseguiu repetir a sexta colocação do Mundial de 2014 e acabou em oitavo. Nas disputas individuais, Nory foi o destaque com a 12ª colocação no individual geral e a quarta posição na barra fixa. Por outro lado, o campeão olímpico Arthur Zanetti sequer disputou a decisão das argolas, ficando na nona colocação.

- O Arthur poderia pegar final nas argolas, mas foi ridiculamente pouca a diferença, de apenas 0,033. Estar no primeiro grupo pode ter influenciado. Ninguém gosta de perder, mas ele entendeu bem que o objetivo principal era a equipe. Nory competiu muito bem e acertou tudo. Ele provou que está experiente. Essa é uma competição muito difícil para estreantes, o Caio sentiu isso, somou menos do que estava somando. Mas todos ajudaram e nos classificamos com folga. Rezamos durante dois dias, mas nem precisava, porque a diferença foi grande para o nono colocado. Temos nove meses para fazer uma periodização para o Rio - avaliou Renato Araújo, técnico-chefe da seleção brasileira.
Agora a equipe masculina abriu a corrida olímpica interna pelas cinco vagas do país nos Jogos. Os sete ginastas que competiram em Glasgow estão no páreo, junto com Sérgio Sasaki, ginasta mais completo do Brasil, que ficou fora do Mundial por conta de uma lesão. A comissão técnica ainda estuda a melhor forma de montar a equipe. Chances reais de medalhas devem ter prioridade, mas a disputa por times não está descartada dos planos.
- Temos que avaliar o potencial principalmente do Diego para medalha. Vários atletas erraram o solo no Mundial, por isso a nota foi baixa para pegar medalha. Estamos trabalhando com toda a equipe. Ainda não é um momento para definir isso. Está tudo aberto por enquanto - disse Renato.

A equipe feminina, por outro lado, viu em Glasgow uma nova geração puxar a evolução do Brasil. Estreantes, Flávia Saraiva e Lorrane dos Santos foram as melhores brasileiras, indo à final do individual geral. Completaram o time Daniele Hypolito, Jade Barbosa, Letícia Costa e Thauany Araújo. Por menos de meio ponto, as meninas ficaram atrás da Holanda e perderam a classificação olímpica já no Mundial. Ao menos o Brasil foi o time que mais cresceu, com 10,240 pontos a mais do que no ano passado.
- Competimos mal nas barras assimétricas, que é um aparelho que ainda precisamos trabalhar mais. Fizemos uma competição de trave maravilhosa, mas erramos nesse aparelho e isso fez a diferença. A Holanda fez uma prova de paralela limpa e não falhou em nenhum aparelho. Mas, no geral, melhoramos em tudo e ainda estamos sem uma grande ginasta que é a Rebeca Andrade e que faria a diferença - disse Georgette Vidor, coordenadora da seleção brasileira feminina de ginástica artística.

Rebeca, que está se recuperando de uma cirurgia no joelho, pode reforçar o Brasil no evento-teste dos Jogos Rio, em abril, quando as meninas disputarão as últimas quatro vagas olímpicas por equipes. Georgette acredita que disputar o evento-teste não coloca o Brasil em desvantagem e até serve como um termômetro para as Olimpíadas.
- Teríamos um treinamento diferente daqui em diante se já tivéssemos nos classificado. Eles seriam mais voltados para os Jogos Olímpicos. Agora, o foco passa a ser outro. Essa competição passa a ser alvo para nós. Mas, vendo pelo lado positivo e estratégico, vamos ter uma competição por equipe dentro do nosso país antes dos Jogos. Vamos ter uma prévia, dentro do ginásio onde vamos competir, com público etc. Vai ser um grande teste e um grande treinamento.
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