terça-feira, 7 de agosto de 2012

LONDRES 2012



Campeã olímpica em Pequim-2008, brasileira fica a três centímetros da marca que lhe daria a vaga para brigar pelo sonhado bi: 'Sinto muito, Brasil'


A primeira chupeta da filha estava na bolsa. Nos últimos anos, ela virou o amuleto de Maurren Maggi. A atual campeã olímpica queria contar com a sorte ao seu lado. Tinha a esperança de conseguir um lugar na final do salto em distância e brigar pelo segundo título seguido. Precisava de mais 3cm para isso. Com a marca de 6,37m alcançada na primeira tentativa - ela queimou a segunda e fez 6,27m na última -, a mãe de Sofia ficou fora das 12 finalistas. Deixou a pista do Estádio Olímpico de Londres com um 15º lugar e uma serenidade surpreendente. Aos 36 anos, não procurou culpar nada nem ninguém pelo mau resultado. Preferiu pedir desculpas e começar a olhar para frente. Sonha encerrar a carreira nos Jogos do Rio, em 2016.
Para avançar automaticamente para a decisão, as competidoras tinham que ultrapassar os 6,70m, 15 centímetros abaixo da melhor marca da brasileira nesta temporada (6,85m). A americana campeã mundial Brittney Reese também sofreu durante as eliminatórias. Queimou seus dois primeiros saltos e garantiu sua vaga no terceiro com 6,57m. Bem longe dos 7,15m que alcançou em 2012. A melhor na eliminatória foi a britânica Shara Proctor (6,83m). A última a garantir seu lugar na final foi a bielorrussa Veronika Shutkova (6,40m).
maurren maggi Salto (Foto: Agência Reuters)Maurren Maggi numa das três tentativas para buscar a vaga na final do salto em distância em Londres
(Foto: Agência Reuters)
- Eu estava feliz de ser favorita e tinha esperança de ir bem porque essa prova está aberta. Infelizmente não deu. Nunca me senti tão bem para fazer um salto grande. Entrei como entro em um campeonato nacional. Estava preparada, melhorando minhas marcas nos treinos. Eu convivo com dores musculares há alguns anos, mas não foi isso que me atrapalhou. Foi algo técnico, talvez não tenha encaixado o meu pé direito. Talvez esteja triste por estar aqui representando meu país e não ter feito meu trabalho como queria. Sinto muito, Brasil. Hoje não era o meu dia - lamentou.
Mas Maurren também tinha motivos para se sentir feliz. Estava aliviada por ter terminado o ciclo inteira, sem problemas físicos graves. Temeu que isso acontecesse. Nesta temporada, uma lesão no quadril a tirou das competições desde junho. A queda na caixa de areia dura durante o GP Brasil, no Rio, causou um edema no local. Toda vez que finalizava o salto, sentia dores e, por isso, teve de modificar a aterrissagem nos treinos. Maurren nega que o problema seja grave e que só deixou de participar dos campeonatos por não sentir necessidade de se expor.
- Eu sou uma campeã olímpica e queria treinar. Eu e meu técnico (Nélio Moura) sentamos e decidimos juntos. Eu também preferi ficar em silêncio. Queria ficar quieta no meu lugar porque estava focada e só respirava Londres, Londres, Londres. Não queria que nada desviasse o meu foco.
Se o resultado não veio, a saltadora agora só pensa em poder tirar uns dias de férias. Vai atender ao pedido da filha e ir para Barequeçaba, litoral norte de São Paulo. Depois, volta ao batente de olho no Mundial de Moscou e na medalha que ainda não tem no currículo. O novo ciclo também contará com uma inspiração que atende pelo nome de Yamilé Aldama. A cubana naturalizada britânica foi a quinta colocada no salto triplo a poucos dias de completar 40 anos. Em 2016, Maurren estará na mesma faixa etária e garante que será possível pensar numa nova medalha.
- Vai sim, eu sou nova (risos). Ainda tenho muito chão pela frente. Não bebo, não fumo e não sou de balada, tenho cabeça para chegar onde quero e o melhor técnico do mundo. Amo o que faço, e no Brasil não tenho ninguém ainda na minha cola. Estou torcendo para que o nível cresça e a Carol (Jéssica Carolina, que disputou Mundial Juvenil de Barcelona deste ano) também. Aqui em Londres eu torci muito pela Yamilé. Eu a conheço e é um exemplo e inspiração para mim. Só posso dizer que estou feliz de estar aqui com 36 anos. Acho que só vou chorar quando ouvir a voz da minha filha
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