quinta-feira, 29 de outubro de 2015

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Fred vence joelho, mas não evita queda: dor, gol e sacrifício do capitão

Com perna esquerda machucada, atacante joga semifinal da Copa do Brasil sem condições e faz gol que deu sobrevida ao Tricolor: "Valeu a pena"

Por São Paulo
Fred gol Palmeiras x Fluminense (Foto: RODRIGO GAZZANEL - Agência Estado)Fred comemora seu gol contra o Palmeiras (Foto: Rodrigo Gazzanel - Agência Estado)
Há quem goste muito. Há quem goste mais ou menos. Há quem não goste. Você pode até estar nesse último grupo, talvez no segundo, mas nesta quarta-feira não vai dar para negar. Fred é, sim, um atacante diferente. Jogou o segundo jogo da semifinal da Copa do Brasil contra o Palmeiras sem condições físicas. E mesmo assim quase colocou o Fluminense na decisão. A derrota nos pênaltis, por 4 a 1, veio depois de um 2 a 1 dramático no tempo normal. O gol tricolor foi dele. Se o joelho não doesse mais...         
A limitação era clara desde o aquecimento. Fred entrou no gramado da Arena Palmeiras, fez todos os exercícios junto com os companheiros, mas não os mesmos movimentos. Não com a mesma desenvoltura. Sentia dores. Testou, saltou, pisou mais forte, e mais dores vieram. O joelho e o tornozelo esquerdos, que vacilaram e o tiraram no fim do primeiro tempo do jogo de ida, no Maracanã, ainda o marcavam. Mais implacáveis que os zagueiros palmeirenses Vitor Hugo e Jackson. Com o segundo, aliás, o camisa 9 do Fluminense chegou a trocar dedos em riste. 

Fred passou vários momentos da semifinal cabisbaixo. Ora pelo incômodo na perna esquerda, ora frustrado, e muitas, mas muitas vezes mesmo, irritado com os companheiros. Os cruzamentos errados de Wellington Silva e Breno Lopes e as escolhas de jogadas que não deram certo de Marcos Júnior, Vinícius e Gustavo Scarpa o tiraram do sério. Teve bronca no campo. Teve bronca na entrevista na saída para o intervalo, quando o Tricolor já perdia por 2 a 0 e via a vaga na decisão mais distante.  
- Volto (para o segundo tempo). Vou tentar. Estou limitado, com dor, mas com esperança. Não adianta jogar, e ninguém jogar a bola na área também – reclamou. 
A batalha contra o corpo
Fred tinha motivos para se queixar. Havia recebido só um bom cruzamento na etapa inicial. De Breno Lopes. Subiu, cabeceou para fora e sentiu o joelho esquerdo ao pisar no gramado. Fez careta e abaixou-se para alongar. Abatido. Batido?  
Fred é atacante dos bons. Mas é chato. Chato com os goleiros, que ele cansa de maltratar. Chato com os zagueiros, que sofrem para tentar marcá-lo. Chato com os companheiros que aguentam as reclamações dele. Gerson que o diga. Chato também com o joelho machucado. O joelho esquerdo não aguentou marcar Fred o tempo todo na Arena Palmeiras. Aos 25 minutos do segundo tempo, quase manco, a bola que ele tanto pediu chegou. Da direita, Gerson cruzou, e a cabeça que o consagrara outras 38 vezes com a camisa do Fluminense não se perdeu. Gol que dava sobrevida ao Fluminense. Não tão rápido, não tão ágil, mas sempre preciso. Detalhe: se apoiou na perna esquerda machucada para se atirar na bola.  


Nem a comemoração em que se ajoelha e aponta os dedos indicadores para o céu ele conseguiu fazer. Saiu dando pulinhos. Mistura de dor e choro no rosto. Mas ainda tinha jogo. Aquele placar, o mesmo que o Fluminense conseguiu no Rio, levaria aos pênaltis. Agora, definitivamente manco, Fred virava zagueiro. Praticamente se arrastou para correr até a área de Diego Cavalieri e ajudar a afastar as bolas cruzadas pelos palmeirenses. Fez isso o jogo todo. Mas nos minutos finais repetiu várias vezes. E a volta para o campo de ataque? Ficou muito mais longa. Virou quase uma viagem de São Paulo para o Rio sem a moleza dos 45 minutos de ponte aérea.  
Fred quase mandou o Fluminense a jato direto para a decisão nos últimos minutos da partida. Teve duas chances no mesmo lance, mas parou no goleiro Fernando Prass (assista no vídeo acima). Tinha que ser dramático. Tinha que ser doloroso. Mais. 
Palmeiras x Fluminense Fred Jackson (Foto: Marcos Ribolli)Fred em uma de suas discussões com Jackson (Foto: Marcos Ribolli)
  E nada mais doloroso do que cobranças de pênalti num jogão decisivo. Pode até não ser o seu time em campo, mas você vai parar para ver e vai sentir o estômago mexer diferente. Em algum momento vai. Nem que seja para secar o time daquele amigo mala.  
Nos pênaltis, Fred, que é o batedor oficial do Fluminense, ficou por último na relação. Poderia cair a bola decisiva no pé direito dele. Na frente do camisa 9, pela ordem: Jean fez, Gustavo Scarpa perdeu. E o Palmeiras seguia 100%. Gum mandou lá em Xerém. As chances de Fred cobrar diminuíam muito. Veio Allione. Fim. O Fluminense cai. Fred cai. De pé.   
- Temos que elogiar nossa atitude, principalmente no segundo tempo. Lutamos até o fim, mas o Palmeiras está de parabéns. Valeu a pena meu sacrifício.  
Fred chegou aos 160 gols em 264 jogos pelo Fluminense. Agora, só terá o Brasileirão para tentar alcançar números ainda mais impressionantes. O ano tricolor praticamente acabou, apesar de o time ter que olhar para a parte baixa da tabela. Ainda tem chão até o fim do campeonato. Haja joelho. E haja Fred.

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