sábado, 30 de junho de 2012

CORINTHIANS

'Não conheço o grupo do Boca, mas duvido que eles tenham mais vontade que a gente', diz o zagueiro corintiano


Leandro Castán, do Corinthians (Foto: Gustavo Serbonchini / globoesporte.com)Leandro Castán, em coletiva no CT do Corinthians
(Foto: Gustavo Serbonchini / globoesporte.com)
Enquanto o Boca Juniors disputa sua décima final de Taça Libertadores da América e acumula seis títulos, o Corinthians está em sua primeira decisão. Por se tratar de uma conquista inédita e ser o sonho de qualquer jogador ou torcedor alvinegro, Leandro Castán acredita que o Timão tem muito mais vontade do que o adversário na busca por esse troféu.
E isso, segundo ele, pode ser o trunfo do Corinthians para o segundo jogo da decisão, que será disputado na próxima quarta-feira, às 21h50m, no Pacaembu. A primeira partida, na Bombonera, acabou empatada em 1 a 1.
– Não conheço o grupo do Boca, mas duvido que eles tenham mais vontade que a gente. Podem ter a mesma, mas mais, não. Estamos muito focados.Ninguém empolgado achando que está bom. Nosso grupo adquiriu experiência no Brasileiro do ano passado. Um grupo unido. Estamos preparados para conseguir o título. A nossa vontade pode fazer a diferença – disse Leandro Castán.
Como o Corinthians nunca conquistou o título, dá motivos para fazerem piadas. Vamos colocar o Corinthians de vez na história e obter o respeito"
Fábio Santos
Esta é a primeira vez que o Corinthians chega à decisão da Libertadores. Anteriormente, a melhor participação havia sido em 2000. Naquela ocasião, o Timão perdeu para o Palmeiras, nos pênaltis.
– Como o Corinthians nunca conquistou o título, dá motivos para fazerem piadas. Sabemos do respeito que temos no Brasil. Temos uma das maiores torcidas. Vemos a repercussão que tem um jogo como esse. Sem dúvidas, pelo que fizemos no primeiro jogo, o respeito aumenta. Vamos colocar o Corinthians de vez na história e obter o respeito – pondera Fábio Santos.
Os adversários sempre zombaram dos corintianos por conta de o clube nunca ter conquistado a Libertadores. As brincadeiras aumentaram após a eliminação na primeira fase, contra o Tolima no ano passado.
– Se não respeitavam a nossa equipe antes, agora vão respeitar – garantiu Castán.
O Corinthians será campeão da Libertadores em caso de uma vitória simples. Empate por qualquer resultado leva a decisão para a prorrogação e para uma possível disputa de pênaltis. Para vencer o Boca, o zagueiro diz que o time tem que jogar da mesma forma das outras partidas.
– Sempre conversamos com o Tite. Jogando em casa a gente vai procurar vencer. Não é no desespero. Senão abre espaço para eles, que sabem jogar no contra-ataque. Vamos ter que jogar com sabedoria.
Leandro Castan na partida do Boca Juniors contra Corinthians fnal Libertadores (Foto: EFE)Leandro Castan, na partida contra o Boca Juniors: raça não falta ao Corinthians (Foto: EFE)

BOTAFOGO

Com o contrato na mala, agente do meia desembarca neste sábado em 
Los Angeles para encontro com o jogador


Seedorf (Foto: Carlos Mota / Globoesporte.com)Seedorf pode ser anunciado neste sábado
(Foto: Carlos Mota / Globoesporte.com)
A expectativa pelo acerto com Seedorfaumenta a cada minuto, e a diretoria do Botafogo espera anunciar o jogador ainda neste sábado. No clube, a contratação já é dada como certa, mas o anúncio oficial só será feito após o holandês assinar contrato.
A agente de Seedorf, Deborah Martin, desembarca neste sábado em Los Angeles, nos EUA, para entregar o contrato para o jogador. A expectativa é que a assinatura seja feita nas próximas horas
- O que eu posso dizer nesse momento é que tudo o que o Botafogo tinha que fazer está fechado. Agora está na mão dele (Seedorf). É uma proposta que extrapola a questão financeira. E é possível que resposta chegue ainda hoje (sábado) – disse o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, na manhã deste sábado, durante a inauguração de um campo de grama sintética, no Engenhão.
Otimista, o presidente do Botafogo explicou o porquê de tanta confiança dentro do clube.
- A minha primeira tentativa em contratar o Seedorf foi em julho de 2011. Desde então, já estive com ele, conversamos, mas, ultimamente, o contato tem sido mais com a Deborah Martin (empresária do meia). Acho que se fosse só por dinheiro, ele teria ido para a China. Ele ter recusado uma proposta com aqueles valores nos dá a entender que ele quer algo a mais do que dinheiro. E é por isso que estamos otimistas – concluiu Assumpção.
Com sua família, Seedorf passou os últimos dias em Los Angeles, onde iniciou uma fase de treinamentos no Galaxy, clube no qual joga o inglês David Beckham.

CLASSICOS

À época diretor de torcida organizada, cantor fica detido na estrada e só chega ao estádio na hora do último gol do Galinho pelo Flamengo


Rubro-negro "desde que se entende por gente", o cantor e compositor Dudu Nobre carrega na memória diversos jogos marcantes do Flamengo. Às vésperas do centenário do Fla-Flu (o primeiro foi disputado em 7 de julho de 1912), Dudu relembra, dentre todos os clássicos que viu contra o Tricolor, aquele que considera o mais marcante. Trata-se de um que foi disputado em 1989, em Juiz de Fora.
O placar foi 5 a 0 para o Flamengo. O jogo, por sinal, foi o último oficial de Zico, maior ídolo da história do clube com a camisa rubro-negra. Nele, o Galinho fez o que seria seu último gol pelo Fla, numa linda cobrança de falta. Todos estes ingredientes bastariam para tornar o jogo inesquecível, mas houve mais, bem mais, para marcar Dudu naquele dia.
Dudu Nobre Fla x Flu 100 anos entrevista (Foto: Nelson Veiga / Globoesporte.com)Dudu Nobre posa na Fortaleza de São José, onde ensaiou o hino do Flamengo junto da banda dos
Fuzileiros Navais. Ele vai cantar antes do Fla-Flu do dia 8 (Foto: Nelson Veiga / Globoesporte.com)
Cara e jeito de garoto, Dudu já não é tão jovem hoje em dia. Aos 38 anos, ele relembra a adolescência. Na época do adeus de Zico, o cantor e compositor, então com 16 anos, já era envolvido com a música, mas de maneira bem diferente. Ele usava seus dotes nas arquibancadas e acabou diretor de uma facção de torcida do Flamengo.
- Tinha o pessoal do Flamengo, numa roda de samba do River (clube), na Piedade. Aí era aquela coisa, ia ao Maracanã, e quando fui ver já estava lá, diretor da torcida. Cuidava da parte musical, bateria, as músicas. E isso foi crescendo, eu viajava pelo Brasil junto com o Flamengo, foi um momento muito bacana. Na torcida fiquei dos 12 aos 18 anos. Depois saí. Mas você sai e ainda leva a torcida no coração, foram muitos amigos, a gente cresceu junto - contou o cantor.
Dudu Nobre Fla x Flu 100 anos entrevista (Foto: Nelson Veiga / Globoesporte.com)Dudu Nobre chegou a Juiz de Fora na hora do gol de
Zico (Foto: Nelson Veiga / Globoesporte.com)
Em 2 de dezembro de 1989, Flamengo e Fluminense se enfrentavam em jogo da penúltima rodada do Campeonato Brasileiro. A partida, em tese, seria apenas para cumprir tabela. As equipes não tinham mais aspirações no campeonato. Mas a despedida de Zico fez a data ganhar um ar para lá de especial.
O jogo estava marcado para Juiz de Fora, cidade mineira que fica a três horas de carro do Rio. No dia da partida, diversos ônibus da torcida organizada de Dudu pegaram a estrada. Uma parada para refeição, entretanto, acabaria fazendo com que o jovem torcedor praticamente perdesse o último gol do grande ídolo rubro-negro.
- Você como diretor é responsável por um ônibus. Um dos integrantes do ônibus em que eu estava, quando fizemos uma parada para fazer um lanche, roubou uns saleiros, uns negócios, e quando entramos no ônibus a polícia foi atrás e prendeu o ônibus. Perguntaram quem era o responsável, e todo mundo "vup" (apontando para si mesmo). Ficamos detidos. Conversa daqui, conversa de lá, e quando a gente chegou no estádio, o Zico meteu o gol. Vi o gol chegando, trazendo instrumento, bandeira... Eu vi chegando, assim - relembrou Dudu.
No segundo tempo, a festa rubro-negra ficou completa. Zico deu um lançamento primoroso para Renato Gaúcho arrancar pela ponta direita, cortar para o meio e fazer o segundo. Pouco depois, o Galinho deu lugar a Uidemar e foi reverenciado pelos torcedores. O Flamengo ainda completou a festa com gols de Luís Carlos, Uidemar e Bujica.
Dudu Nobre Fla x Flu 100 anos entrevista (Foto: Nelson Veiga / Globoesporte.com)Dudu Nobre acredita que Cáceres e Adriano vão melhorar time (Foto: Nelson Veiga / Globoesporte.com)
Para Dudu Nobre, os tempos de torcida organizada ficaram para trás. Hoje em dia, o cantor, quando vai ao estádio, costuma usar os camarotes. Mas engana-se quem acha que Dudu se envergonha ou renega o que viveu no passado. Os comentários sobre aquela época o enchem de emoção.
- Agora não vou mais, até porque são muitas lembranças. Até tentei uma vez e me emocionei muito, e acabo indo para o camarote. Torcida é uma coisa muito violenta, perdi muito amigo em saída de jogo, briga... Para mim é muito complicado até ir. Quando vejo as faixas, bandeiras... Aquela bandeira do Che Guevara, então, era uma bandeira que a gente sempre levava para a Argentina. São muitas lembranças dessa época - contou Dudu, lembrando que, num jogo contra o Atlético-MG, em 1987, deixou o Mineirão com duas pedradas na cabeça - Quando vou ao barbeiro até hoje eu lembro.
Figurinha fácil em eventos do Flamengo, Dudu Nobre gosta de viver o dia a dia do clube. O cantor foi convidado e fez questão de participar das apresentações de Ronaldinho e Vagner Love. No Fla-Flu de 8 de julho, vai cantar, antes do jogo, o hino do Flamengo, acompanhado pela Banda dos Fuzileiros Navais (Toni Platão será o responsável pelo hino tricolor). As fotos que ilustram esta matéria foram feitas no dia do ensaio, na Fortaleza de São José, no Rio de Janeiro (assista ao vídeo).
Sobre o atual momento do Flamengo, Dudu, como todo rubro-negro, mostrou um ar de insatisfação. Ele, entretanto, encontra motivos para otimismo. Para o músico, os reforços que estão por vir, assim como o possível retorno de Adriano, podem ser uma boa.
- Estou levando fé no Cáceres, que vem aí (volante paraguaio já contratado), e também no Adaílton, que deve vir (zagueiro, em negociação). São dois jogadores de grande qualidade. Vamos ver. Acho que o Adriano também... Se o Impera realmente tiver todo este aparato, e principalmente a força de vontade que eu sei que ele tem, vai voltar aí com tudo. Tenho muita fé. São meninos jovens, que acabam tendo esta oportunidade, aí a vida vai proporcionando coisas, e tem momentos em que a pessoa tem que dar aquela parada. O Adriano deu aquela parada agora, está neste processo de recuperação, e eu quero crer que quando ele voltar vai voltar com tudo. É um grande amigo e torço muito pelos meus amigos.
Se o Impera realmente tiver todo este aparato, e principalmente a força de vontade que eu sei que ele tem, vai voltar aí com tudo. Tenho muita fé"
Sobre a possível volta de Adriano
Outro amigo de Dudu Nobre foi o pivô da mais recente crise do clube. Ronaldinho Gaúcho, com base nos atrasos de salários, conseguiu na Justiça romper seu contrato com o Flamengo e foi para o Atlético-MG. De quebra, cobra R$ 40 milhões do clube. Para o cantor, faltou profissionalismo do Flamengo ao lidar com a situação.
- A gente vê a coisa como torcedor, e eles fazem disso a profissão deles. Acabou que foi ruim para todo mundo, mas acabou sendo uma separação inevitável. O erro do Flamengo foi, no momento em que a Traffic pulou fora, ter deixado de dizer: "A gente não tem condições de fazer isso." Aí, a coisa não chegaria ao ponto que chegou. Tem algumas coisas, alguns momentos, que o coração precisa ficar de lado, e a razão tem de ir de frente. E quando você está gerindo um clube do tamanho do Flamengo, num momento desses você não pode se deixar levar pela empolgação. Foi o erro de todo esse processo. O complicado é que a instituição é que fica. As pessoas são passageiras.
Dudu Nobre Fla x Flu 100 anos entrevista (Foto: Nelson Veiga / Globoesporte.com)Dudu veste a camisa 73, referência ao ano de seu nascimento (Foto: Nelson Veiga / Globoesporte.com)
Apesar de criticar o desempenho da diretoria no episódio Ronaldinho, Dudu Nobre acredita nas boas intenções de quem está à frente do clube.
- A gente tem um carinho, uma paixão muito grande pelo clube. Para você falar, tem que participar. Eu procuro participar do clube, minha família também estou botando para participar. Você pode ser um torcedor, mas, para criticar, tem de estar ali tentando contribuir. Procuro contribuir da melhor forma, sempre que sou chamado para qualquer coisa dentro do Flamengo. E o que eu vejo é que as pessoas dentro do clube hoje podem estar errando, mas estão errando na intenção de fazer o bem. O futebol tem que ser uma coisa mais profissional - finalizou Dudu.
FLUMINENSE 0 X 5 FLAMENGO
Ricardo Pinto, Carlos André, Edson Mariano, Alexandre Torres e Marcelo Barreto; Donizete, Vitor, João Santos (Dedei) e Vander Luís; Franklin (Marcelo Henrique) e Sílvio.Zé Carlos, Josimar, Rogério, Júnior e Leonardo (Marcelinho Carioca); Aílton, Luís Carlos, Zico (Uidemar) e Zinho; Renato Gaúcho e Bujica.
Técnico: Telê Santana.Técnico: Valdir Espinosa.
Gols: Zico, aos 22 minutos do primeiro tempo; Renato Gaúcho, aos 4, Luís Carlos, aos 22, Uidemar, aos 31, e Bujica, aos 43 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Alexandre Torres, Marcelo Henrique (FLU), Rogério, Aílton e Luís Carlos (FLA).
Data: 02/12/1989. Competição: Campeonato Brasileiro. Estádio:Municipal de Juiz de Fora (MG).
Árbitro: Aloísio Viug. Público: 13.783 pagantes.

EUROCOPA 2012

Do começo no Inter de Milão até a final contra a Espanha, a saga do jovem atacante adotado por família italiana que pode se consagrar neste domingo


Mario Balotelli tem muita história para contar. Seus 21 anos mal caberiam dentro de uma dessas biografias que são vistas nas livrarias mundo afora. Seu jeito polêmico, que geralmente passa - e muito - dos limites não agrada a todos, mas é inegável que o camisa 9 da Itália tornou-se uma ilha de personalidade em um meio cada vez mais controlado por empresários e assessores de comunicação. E um novo capítulo está prestes a ser escrito. No trecho que conta a história da Eurocopa de 2012, Balotelli é protagonista - seja para o bem ou para o mal.
Mario Balotelli comemora gol da Itália contra a Alemanha (Foto: Reuters)Mario Balotelli comemora o segundo gol da Itália contra a Alemanha: artilheiro da Eurocopa (Foto: Reuters)
Polêmicas são inevitáveis. O racismo, infelizmente, não fica fora. Mas tiveram também os gols - três, até agora. O primeiro, silencioso e belo, contra a Irlanda. Os dois últimos, mais do que decisivos, contra a Alemanha, na semifinal. Neste domingo, o atacante do Manchester City poderá ser campeão europeu: a Azzurra encara a Espanha, em Kiev, a partir das 15h45m (de Brasília), com transmissão ao vivo do GLOBOESPORTE.COM, TV Globo e SporTV.
Balotelli divide a artilharia da Euro com o russo Dzagoev, o croata Mandzukic, o alemão Mario Gomez e o português Cristiano Ronaldo. Só ele segue no torneio, mas Fernando Torres e Fàbregas, da Fúria, com dois até o momento, ainda podem estragar a festa na luta pela chuteira de ouro. O camisa 9 da Itália dificilmente será eleito o craque da competição, já que nem mesmo namelhor atuação da carreira (segundo as palavras do próprio) recebeu o prêmio de destaque do jogo, que ficou com Pirlo (veja o vídeo ao lado). Um "título", no entanto, não dá para tirar do atacante: ele é o grande personagem da competição.

O atleta do Manchester City coleciona uma lista de atitudes controversas, declarações quentes, gestos polêmicos (boa parte deles, segundo Balotelli, fantasiados pelos tabloides britânicos) e nem tantos lances geniais dentro das quatro linhas. Mas não dá para dizer que Mario, filho de imigrantes ganeses e adotado por italianos de Brescia aos três anos de idade, não tenha potencial. Abaixo, um resumo da conturbada epopeia e os “causos” do personagem que, com apenas 21 anos, parece ter vivido mais que qualquer veterano.
 
Balotelli e sua mãe, Itália (Foto: Agência EFE)Balotelli abraça sua mãe adotiva após a vitória
sobre os alemães (Foto: Agência EFE)
Adoção, Lumezzane e rejeição no Barça
Filho de Thomas e Rose Barwuah, imigrantes ganeses que moravam em Palermo, Mario ganhou o sobrenome Balotelli aos três anos de idade, já na cidade de Brescia, quando os pais, sem condições financeiras para cuidar do filho, o entregaram ao casal Francesco e Silvia Balotelli.
Apesar de ter surgido no futebol com a camisa do Inter de Milão, Balotelli não foi revelado nas categorias de base clube. Sua origem está no modesto Lumezzane, da Terceira Divisão.
Sua estreia profissional foi aos 15 anos de idade, pelo Lumezzane. No fim de 2005, por intermédio de seu irmão de criação e empresário, Corrado Balotelli, fez um teste nas categorias de base do Barcelona, mas acabou reprovado.

Cidadania italiana e revelação nerazzurra

Em 2007, após passar seis meses atuando por empréstimo na base do Inter de Milão, foi contratado pelo clube nerazzurro. No mesmo ano, em 16 de dezembro, contra o Cagliari, estreou pela equipe que era então comandada pelo seu atual técnico no Manchester City, Roberto Mancini.
balotelli internazionale (Foto: Getty Images)Balotelli em abril 2008, pouco depois de chegar ao Inter de Milão (Foto: Getty Images)
Foi nessa época que surgiu a oportunidade de defender a seleção de Gana. Até então jovem revelação do Inter de Milão, ele recusou a proposta para não ficar impedido de defender a Itália. Daí por diante, passou a ser considerado a grande joia do clube e foi mais utilizado quando ganhou a cidadania italiana, aos 18 anos, sem precisar ser inscrito como extracomunitário.

Início das polêmicas em Milão
Não posso aceitar isso de um jogador que ainda não é ninguém no futebol"
José Mourinho
Ao mesmo tempo em que dava seus primeiros passos com a camisa do Inter, Balotelli já começava a inflar sua extensa lista de problemas. E as primeiras polêmicas foram com ninguém menos que José Mourinho. Então treinador do time, o português constantemente reclamava do comportamento "relaxado" de Balotelli e rapidamente começou a puni-lo.
- Um jovem como ele não pode trabalhar menos que jogadores como Figo, Córdoba ou Zanetti. Não posso aceitar isso de um jogador que ainda não é ninguém no futebol, além de um talento e uma promessa. Tem de trabalhar melhor e compreender as coisas com mais clareza - disse Mourinho, em dezembro de 2008.
balotelli mourinho  (Foto: Getty Images)Mourinho chegou a perder a paciência com Balotelli no Inter de Milão (Foto: Getty Images)
balotelli camisa milan (Foto: Reprodução)Balotelli com a camisa do Milan em programa de
TV: ira da torcida  (Foto: Reprodução)
Foi nessa época que Balotelli começou a ganhar a atenção da mídia por suas atuações fora dos gramados. Afinal, não é nada normalum jogador do Inter de Milão vestir a camisa do Milan em um programa de televisão. Balo nunca escondeu sua admiração pelo maior rival. Tanto é que, ainda na época de Inter, ele já admitia torcer pela outra força do futebol milanês. O sentimento era mútuo, e os dirigentes rossoneros diziam que a jovem revelação italiana era um sonho de consumo.
A torcida do Inter, por sua vez, não perdoava e pegava no pé da jovem revelação. A relação era conflituosa, e Balotelli, em uma ocasião, atirou a camisa azul e preta no chão, além de fazer gestos obscenos aos torcedores, após ter sido xingado durante duelo contra o Barcelona pela Liga dos Campeões.
Respeito de Adriano e idolatria por Ronaldo
Em meio às polêmicas, a relação com os companheiros seguia boa. O atacante Adriano, quando foi emprestado pelo Inter ao São Paulo, em 2009, elogiou a relação com Balotelli e disse que mantinha contato regular com a jovem revelação.
- Quando eu voltar à Itália, quero muito jogar com Balotelli e Ibrahimovic. O Mario me liga sempre, e tenho ótima relação com Ibra. Espero convencer o técnico a me escalar - disse o Imperador, que, na época, ainda tinha contrato com o clube italiano.
"Amigo de Adriano", Balotelli deixou por vezes transparecer sua admiração por outro atacante brasileiro: Ronaldo. Foram várias as vezes que o atual camisa 9 da Azurra usou a palavra ídolo para citar o Fenômeno. Mais recentemente, inclusive, o atacante do Manchester City disse que o campeão mundial de 2002 era "como um Deus para ele".
balotelli internazionale adriano (Foto: Site Oficial Internazionale)Adriano e Balotelli juntos no Inter de Milão: amizade e elogios do brasileiro (Foto: Site Oficial Internazionale)
Garoto (problema) de Manchester e estrela dos tabloides ingleses
balotelli ao lado da namorada raffaella fico (Foto: Divulgação)Casos: prato cheio para os tabloides (Divulgação)
Com a imagem desgastada na Itália após inúmeras atitudes controversas, a solução encontrada pelos dirigentes do Inter foi a transferência do atacante. E o destino apontava para outro time azul: o Manchester City pagou 24 milhões de libras (cerca de R$ 72 milhões) no dia 12 de agosto de 2010 e levou Balotelli para o futebol inglês.

Quem achava que o novo camisa 45 do City (ele fez questão de manter o número) iria ficar longe das confusões, enganou-se totalmente. Foi justamente em Manchester, onde tinha fama e dinheiro de sobra, que ele virou presença constante nos tabloides da Terra da Rainha. Só não dá para falar que ele economizava no salário: além de gastar fortunas em bares, clubes noturnos e carros luxuosos (isso sem contar as multas), o camisa 45 chamava a atenção em atos inusitados, como na vez que deu uma esmola de R$ 2,5 mil para um mendigo.
balotelli e boateng brigam no treino do manchester city (Foto: Eamonn & James Clarke / Mail Online)Balotelli briga com Boateng durante treino do Manchester City (Foto: Eamonn & James Clarke / Mail Online)
A lista de polêmicas é extensa: atirou dardos em um jogador das categorias de base do clube, invadiu uma escola para ir ao banheiro, incendiou a própria casa com fogos de artifícios (situação que fez com que a vizinhança não o quisesse mais no condomínio), envolveu-se em inúmeros problemas relacionados à vida noturna, brigou com os laterais Jérôme Boateng e Micah Richards, foi acusado de ligação com a máfia italiana e até deixou uma partida contra o Dínamo de Kiev, pela Liga Europa, por suposta alergia à grama.
Balotelli e Mancini: amor e ódio
Mario Balotelli expulso arsenal x Manchester City (Foto: AP)Expulsão contra o Arsenal por pouco não marcou
adeus precoce com a camisa do City (Foto: AP)
A relação com o técnico Roberto Mancini merece uma atenção especial. O treinador que levou o jogador para Manchester chegou ao ponto de dizer que Balotelli não entraria mais em campo na temporada, após o cartão vermelho na derrota por 1 a 0 para o Arsenal, no dia 8 de abril.
- Não confio no Balotelli. Ninguém confia no Mário. É um jogador de alto nível. Ele pode fazer tudo. Na próxima semana pode marcar dois gols contra o Arsenal, mas também pode levar um cartão vermelho. Até agora ele esteve bem, e nos últimos oito jogos pode ser importante para nós. Mas confiar nele? Nunca! - disse Mancini, na semana anterior ao duelo contra o Arsenal.
Roberto Mancini com Balotelli na partida do Manchester CIty (Foto: Getty Images)Mancini orienta Balotelli: relação entre compatriota nem sempre foi das melhores (Foto: Getty Images)
A negociação acabou não acontecendo, e o episódio culminou apenas com um afastamento. Bom para Mancini, já que o camisa 45 tornou-se uma peça relativamente importante em campo - inclusive com dois gols na goleada por 6 a 1 sobre o rival Manchester United (com direito a uma camisa "Por que sempre eu?" na comemoração).
Balotelli manchester city gol manchester united (Foto: Agência AFP)Balotelli tira onda contra o Manchester United:
'Por que sempre eu?'(Foto: Agência AFP)
Para completar a temporada de ouro do City, o italiano deu o passe para o gol do título inglês, marcado pelo argentino Sergio Agüero na vitória por 3 a 2 sobre o Queens Park Rangers, já nos acréscimos do segundo tempo.
Na relação de amor e ódio com Balotelli, Mancini também expõe os defeitos do atacante na imprensa inglesa. O técnico revelou, por exemplo, que o jogador é fumante.
- É, eu sei que ele fuma. Para mim, isso não é legal, mas não sou o pai ou a mãe dele. Se ele fosse meu filho, eu lhe daria um chute na bunda. Mas ele não é meu filho! Eu falei para ele que seria melhor se não fumasse, sou sempre contra o cigarro. Há jogadores que fumam na Itália e aqui na Inglaterra também. Não acho que Mario fume muito, uns cinco ou seis cigarros por dia. Mas eu pedi para que parasse - disse Mancini.
Racismo, problema constante na carreira do atacante
sergio ramos espanha balotelli itália (Foto: Agência Reuters)Balotelli foi alvo de racismo por parte de torcedores
espanhóis nesta Eurocopa (Foto: Agência Reuters)
Balotelli também nunca escondeu a mágoapor ser vítima de racismo. Por vezes, esse sentimento foi de raiva, como na ocasião em que disse que mataria quem o ofendesse na Eurocopa.
O destino tratou de mostrar que a ameaça ficou apenas nas palavras, já que o atacante foi alvo das provocações da torcida espanhola na partida de estreia da competição continental. Mas ele preferiu responder no campo. As federações de Espanha e Croácia acabaram punidas pela Uefa por causa de ofensas de seus torcedores em partidas contra a Itália (Balotelli foi o alvo principal).
A parte triste da história na carreira do atacante vem de longa data, desde a época de Itália. Na Velha Bota, Balo arrumou problemas com torcedores e até adversários por conta de racismo. As provocações foram constantes, e outros atletas mostraram solidariedade ao italiano, como o brasileiro Kaká e o francês Thuram.
Personagem famoso do mundo da bola
Mas nem só apoio Balotelli recebeu por parte dos colegas de profissão. Famoso por suas jogadas violentas, o holandês De Jong já criticou Balotelli por ter sido expulso em uma partida. Outros deram conselhos ao jovem atacante, como o argentino Tevez. O talento, entretanto, já foi celebrado pelo companheiro de Azurra Buffon e, saindo do mundo da bola, pelo líder da banda Oasis, Noel Gallagher, torcedor fanático do City. Até Beckham, ídolo maior do rival United, já pediu uma camisa de Balotelli.
Reprodução The Sun beckham e balotelli manchester city encontro autógrafo  (Foto: Reprodução The Sun)Ídolo do rival Manchester United, Beckham pede camisa de Balotelli (Foto: Reprodução The Sun)
Chance de consagração na Eurocopa
Polêmicas, racismo e gols: todos esses assuntos que acompanharam Balotelli durante a curta carreira chegaram à Euro. Após uma estreia apagada contra a Espanha, Balotelli foi obrigado a engolir as críticas e aceitar o banco de reservas na partida contra a Irlanda - a terceira na fase de grupos. Veio o gol neste mesmo jogo (veja ao lado), e a redenção começava a se desenhar.
Contra a Inglaterra, nas quartas de final, ele assumiu a responsabilidade e cobrou o primeiro pênalti da disputa. Vitória. Diante da Alemanha, dois gols, a melhor atuação da carreira e o passaporte carimbado para a final. O domingo pode marcar a consagração do jovem atacante, com a artilharia e o título. Falta agora o camisa 9 escrever o último capítulo.
Comemoração Balotelli - Itália X Irlanda (Foto: Getty Images)Bonucci cala a boca de Balotelli após gol do atacante contra Irlanda (Foto: Getty Images)

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