sábado, 17 de novembro de 2012

SERIE B



Em 17 de novembro de 2002, time perdia para o Vitória e vivia pior momento de sua história. Neste domingo, contra o Flamengo, história pode se repetir


Dez anos depois, o cenário é o mesmo. Na véspera do jogo que pode determinar a queda do Palmeiras para a Série B, neste domingo, contra o Flamengo, em Volta Redonda, o clube alviverde completa uma década do capítulo mais triste de sua história. Foi em um 17 de novembro, mas em 2002. A campanha ruim no Campeonato Brasileiro daquele ano teve um fim melancólico após a derrota por 4 a 3 para o Vitória, em Salvador. Choro, vergonha e indignação que podem se repetir dez anos e um dia depois, caso os resultados não ajudem o Verdão.
Desta vez, o Palmeiras teve (e ainda tem) aquilo que os principais envolvidos no primeiro rebaixamento lamentam: tempo para tentar se organizar e sair do buraco. Foram apenas 27 rodadas de competição, contra as 38 atuais – foi a última edição antes da adoção dos pontos corridos. A queda foi decretada com seis vitórias, nove empates e dez derrotas. Muito pouco, ainda mais para um time que não se achava tão ruim assim.
No papel, não era mesmo. É só ter atenção à escalação daquele fatídico jogo contra o Vitória: Sergio, Arce, Alexandre, César e Rubens Cardoso; Paulo Assunção, Flávio, Zinho e Juninho; Muñoz e Itamar. Sem contar Léo Moura, Lopes e Nenê, que entraram no segundo tempo -clique aqui e veja a ficha técnica do jogo. No entanto, problemas ao longo da campanha minaram a capacidade do elenco.
Logo após o primeiro jogo da campanha, o time perdeu o técnico Vanderlei Luxemburgo, que aceitou proposta maior do Cruzeiro – onde seria campeão brasileiro no ano seguinte.
Paulo César Gusmão comandou o time por uma rodada, e depois a diretoria contratou Flávio Teixeira, o Murtosa, mais conhecido por ser auxiliar do técnico Luiz Felipe Scolari.
Zinho espacial Palmeiras (Foto: Fernando Pilatos / Futura Press)Zinho era uma das estrelas do Palmeiras que acabou rebaixado (Foto: Fernando Pilatos / Futura Press)
Foram apenas quatro jogos de experiência, com uma vitória e três derrotas. A passagem sem brilho terminou com um 5 a 1 diante do Paraná Clube, em Curitiba. Karmino Colombini comandou um jogo de forma interina, e Levir Culpi encerrou a campanha com 18 jogos: cinco vitórias, seis empates e sete derrotas.
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Onde estão os 14 jogadores rebaixados em Salvador
AposentadosSergio, Arce, César, Flávio, Zinho, Alexandre e Muñoz 
Em atividade (último clube)Rubens Cardoso (Jabaquara), Léo Moura (Flamengo), Paulo Assunção (São Paulo), Nenê
(PSG-FRA), Juninho (Kashima Antlers-JAP), Itamar (Tigres-MEX) e Lopes (Metropolitano-SC) 
 A reportagem do GLOBOESPORTE.COM entrou em contato com quatro jogadores daquela campanha, que detectaram no time atual os mesmos erros do passado. Apenas o atacante Nenê não quis se pronunciar sobre o período difícil no Palmeiras. O lateral-direito Léo Moura acredita que o time de dez anos atrás tinha mais chances de se salvar. O ex-goleiro Sergio e o ex-zagueiro César criticaram o relaxamento pós-conquista da Copa do Brasil.
– O principal erro que cometemos daquela vez é o mesmo de hoje. Empurramos com a barriga, deixamos acontecer, e fomos nos preocupar só no fim. Quando fomos jogar contra o Vitória, a situação já estava muito difícil. Mesmo assim, dependíamos só de nós. Mas a queda foi culpa do que fizemos durante o campeonato todo – relembrou César, hoje dirigente no Monte Azul, do interior de São Paulo.
A situação daquele Palmeiras era mais “confortável”, se é que é possível utilizar um adjetivo tão leve. O time chegou à última rodada na 17ª colocação, com os mesmos 27 pontos de Paraná, Bahia e Portuguesa – sendo que os dois últimos se enfrentavam na rodada final. Uma vitória simples livraria a equipe então treinada por Levir Culpi. Léo Moura reconhece que o time de hoje terá dificuldades bem maiores.
– O clima não era de tranquilidade, mas ao menos era uma situação que dependia mais do próprio Palmeiras que dos outros. Quando você joga dependendo de outras equipes, não é fácil – ressaltou o lateral, hoje no Flamengo.
Dodô 2002 Especial Corinthians (Foto: Junior Lago / Futura Press)A passagem de Dodô pelo Palmeiras, em 2002, foi um fiasco (Foto: Junior Lago / Futura Press)
O drama
Em campo, porém, o Palmeiras ficou nervoso desde o início, ainda mais quando sofreu gol de Allan Dellon, aos três minutos. Flávio empatou na sequência, mas Aristizábal deixou o Vitória à frente no primeiro tempo: 2 a 1. Os alviverdes foram preocupados para o vestiário.
– Estávamos jogando bem, lembro que o Levir falou que devíamos atacar sem medo. Voltamos muito confiantes para o segundo tempo – disse César.
Não deu outra. Logo no início, Nenê empatou novamente para o Palmeiras. O problema é que, a essa altura, o resultado não resolvia a vida de ninguém. O desespero tomou conta, e aí a tragédia tomou forma. Zé Roberto e André Neles abriram vantagem de dois gols para o Vitória, já aos 40 da segunda etapa. Na arquibancada, pequenos palmeirenses já choravam, consolados pelos mais velhos. Arce, de pênalti, ainda diminuiu o placar. Nada que mudasse o fim da triste história.
Arce espacial Palmeiras (Foto: Daniel Augusto Jr. / Futura Press)Arce também estava no time rebaixado em 2002 
(Foto: Daniel Augusto Jr. / Futura Press)
Em campo, lágrimas generalizadas. César escondeu o rosto com a camisa, Alexandre, perplexo, dizia não ter dimensão real do que estava acontecendo. Cabisbaixos, Muñoz e Rubens Cardoso deram entrevistas que pouco esclareceram. Levir Culpi assumiu total responsabilidade pela queda, mesmo sendo o quinto técnico da campanha. E Sergio, um dos mais identificados com o clube, não conseguiu dormir.
– Foi triste para mim, como se eu tivesse perdido um ente querido. Eu tinha 17 anos de clube e fiquei marcado em uma situação negativa dessas. Fui dormir às 3h, 4h da manhã, pensando no jogo, na torcida... Me coloco no lugar dos jogadores de hoje, sei o que eles estão passando. Tem de tirar lições, aquele rebaixamento serviu como exemplo. Depois daquilo, conseguimos muitas vitórias e conquistas – afirmou Sergio, hoje aposentado.
Quem estava no jogo tem a sensação de que pouca coisa mudou até hoje, principalmente fora de campo. Pressão de diretores, brigas entre conselheiros e a efervescente política alviverde respingaram no futebol. As derrotas começaram a aparecer, e o elenco só foi se preocupar no final.
– Aquele time era melhor que o de hoje, mas não tivemos a oportunidade de poder jogar um segundo turno, foi o rebaixamento direto. Se tivessemos mais um turno para pensar e reestruturar, teríamos saído dessa situação. Hoje o Palmeiras teve isso, mas não aproveitou. Acho que não aprenderam com o erro. Agora só resta torcer – lamentou Sergio.
Torcer é a palavra certa. Não só pelo Palmeiras, que precisa vencer os três jogos restantes do Campeonato Brasileiro se quiser ter alguma esperança de fuga da degola, mas também pelos rivais Sport, Portuguesa e Bahia. Só com os tropeços dos adversários é que o Verdão terá uma mínima chance de repetir o mau momento de dez anos atrás
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NOTICIAS



Após lançar campanha na Internet, clube espanhol arrecada R$ 2,6 milhões, graças, também, à contribuição de fãs do Sporting Gijón

Duas semanas após lançar uma campanha na Internet para se livrar da falência, o Oviedo, tradicional clube espanhol que atualmente está na terceira divisão, conseguiu a salvação. A entidade reuniu o valor necessário para não fechar as portas - € 1 milhão (cerca de R$ 2,6 milhões), ao contrário dos € 1,9 milhão (R$ 5 milhões) anunciados anteriormente pela diretoria – graças à compra de ações por parte de pessoas do mundo inteiro. E até mesmo com a ajuda de torcedores do maior rival, o Sporting Gijón.
Como era de se esperar, foram poucos os fãs do Sporting que decidiram dar uma ajuda ao Oviedo. Um deles é o professor universitário José García Fanjul. Segundo ele, a compra de ações do maior rival se deu por motivos “sentimentais”.
- O Oviedo é a segunda equipe mais importante das Astúrias (província espanhola). Tenho amigos que são torcedores do clube e, por eles, eu também ficaria chateado caso o time desaparecesse – explicou Fanjul ao GLOBOESPORTE.COM.
torcida oviedo (Foto: Reprodução/Facebook)Torcedores do Oviedo fazem manifestação por ajuda ao clube (Foto: Reprodução/Facebook)
O sportinguista argumentou ainda que a falência do Oviedo prejudicaria também o Gijón. Como um super-herói precisa de um vilão, ambos os clubes necessitam de um rival para crescerem economicamente e também se afirmarem no cenário esportivo. Fanjul ainda lembra dos bons tempos em que ambas as equipes estavam na primeira divisão espanhola.
- A nível esportivo, é sempre bom ter um rival próximo. Quando os dois times estavam na mesma divisão, as partidas entre eles eram sempre as mais esperadas pelos torcedores. Do ponto de vista de um sportinguista, o Oviedo deve continuar existindo para que o Sporting possa voltar a derrotá-lo - completou, garantindo que, se a situação fosse ao contrário, torcedores do Oviedo também ajudariam o rival.
equipe oviedo (Foto: Facebook )Clássico entre Oviedo e Sporting Gijón é o mais
tradicional da região das Astúrias (Foto: Facebook )
Ídolo do Sporting é criticado por comprarações
A atitude de Fanjul, porém, não foi bem recebida por boa parte da torcida do Sporting, que atualmente está na segunda divisão espanhola. Maior ídolo do clube, o ex-jogador Enrique “Quini” Castro também teria comprado ações do Oviedo, mas foi tão criticado que teve de desmentir publicamente a informação.
- Acho que esta é uma decisão pessoal, mas nós, como sportinguistas, não colaboramos com o Oviedo, que é uma empresa e deve se autofinanciar. Não acho que o Sporting seria prejudicado com a ausência do Oviedo, pois estão em divisões diferentes e seus interesses não têm relação atualmente – afirmou Lorenzo Castro, presidente do fã-clube El Rinconin, dedicado ao Sporting.
Do outro lado, o Oviedo recebeu a ajuda dos rivais de bom grado. Para Juan Gonzalez, membro do comitê instalado em julho para tentar salvar o clube da falência, a postura dos sportinguistas mostra que o futebol ainda é uma forma de superar entreveros.
- É uma demonstração de que, por cima da rivalidade necessária, ainda há algo de autêntico no futebol atual, que prevalece contra picuinhas temporárias. O Oviedo sempre vai querer ganhar do Sporting, mas, para isso, precisa primeiro existir.
Sid Lowe oviedo (Foto: Reprodução/Facebook)Jornalista inglês Sid Lowe iniciou a campanha
nas redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)
Tradicional, Oviedo vira febre na Internet
Por sorte, o Oviedo não precisou muito da ajuda dos torcedores rivais. Em grave crise financeira e longe da primeira divisão desde 2003, o clube iniciou a campanha na Internet no dia 3 de novembro para arrecadar € 1,9 milhão e evitar a falência até este sábado. Na última quinta-feira, porém, o presidente do clube, Toni Fidalgo, anunciou que, após uma auditoria, descobriu que o valor necessário era de € 1 milhão, menos do que os € 1,57 milhão (R$ 4,1 milhões) angariados pelo clube até o momento.
O sucesso da campanha, entretanto, veio graças a pessoas de fora da Espanha. O responsável por iniciar o projeto foi o jornalista inglês Sid Lowe, que cobre o futebol espanhol e se tornou torcedor do Oviedo. Pelo Twitter, ele lançou a hashtag #SOSOviedo. O clube aproveitou e criou um sistema para que estrangeiros pudessem colaborar, pagando um valor mínimo de € 10,75 (R$ 28,30). A partir daí, as compras de ações dispararam. Até o Real Madrid ajudou, investindo cerca de € 100 mil (R$ 624 mil).
Para Lowe, a salvação do Oviedo é importante para o futebol espanhol. Afinal, o clube é um dos mais tradicionais do país, tendo participado da elite nacional em 38 temporadas e revelado jogadores como Juan Mata (atualmente no Chelsea), Santi Cazorla (Arsenal) e Michu (Swansea). Atualmente, está na terceira divisão, mas ainda leva ao estádio Carlos Tartiere um grande público – no último domingo, contra o Real Madrid C, cerca de 20 mil compareceram à partida.
Roberto Losada do Real Oviedo contra Rivaldo do Barcelona em 1999 (Foto: AP)Oviedo já teve bons momentos na primeira divisão da Espanha (Foto: AP)
- A falência do Oviedo teria um grande impacto no futebol espanhol. É um clube historicamente relevante, que já disputou a Copa da Uefa (atual Liga Europa) e está situado numa região que é muito importante para o país. Sua falência poderia significar também o fim para outros clubes – analisou Lowe, lembrando que a crise financeira na Espanha dificulta ainda mais a sobrevivência de equipes menores.
Apesar do alívio inicial, o Oviedo ainda não está completamente livre do risco de desaparecer. De acordo com Juan Gonzalez, é preciso juntar, pelo menos, € 2,5 milhões (R$ 6,6 milhões) até o fim da temporada. No total, é necessário arrecadar € 4 milhões (R$ 10,5 milhões) para, enfim, respirar. Depois, é hora de se reestruturar.
- O mais importante, depois de conseguirmos nos salvar, é montar as bases para uma estrutura mais flexível, que se adapte à situação do clube e não permita que se volte a cometer os erros do passado. Toda esta “tsunami” de colaborações deve ter como compensação uma gestão profissional, transparente e sensata – disse o dirigente.
tatuagem Real Oviedo clube (Foto: Leah Nash / NY Times)Homenagem: após comprar ação, americana tatuou
o escudo do Oviedo  (Foto: Leah Nash / NY Times)
Novos proprietários têm direito a ingresso gratuito
Mesmo com a salvação temporária, a campanha do Oviedo deve continuar até o fim da temporada. Por causa disso, é de se esperar que ainda mais pessoas comprem ações do clube. Como incentivo, a diretoria anunciou que os estrangeiros que investirem terão direito a entrar de graça nos jogos do clube. Politicamente, o grande número de “proprietários”, inclusive alguns torcedores do rival Sporting, não preocupa Juan Gonzalez.
- O programa é muito simples, e desde o início fomos honestos: a pessoa que compra ações do Oviedo não vai receber nada em troca, além de um certificado de propriedade e a satisfação de colaborar com a salvação de um clube histórico. A presença de rivais não preocupa. Tem apenas um valor simbólico. Já temos mais de oito mil colaboradores, de 40 nacionalidades diferentes. É incrível
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