domingo, 22 de julho de 2012

NOTICIAS



O líder Atlético-MG vira contra o Sport fora de casa, 4 a 1. Vasco bate o Santos no Rio por 2 a 0, e Corinthians fica no 1 a 1 com a Portuguesa

Madureira 1 x 1 Santo André
Tupi 2 x 2 Caxias
Águia de Marabá 2 x 1 Guarany de Sobral
Independente-AP 1 x 4 Santos
Rio Branco-RJ 1 x 2 Barra Mansa
Ceres 2 x 0 Sampaio Corrêa-RJ
Portuguesa-RJ 1 x 0 São João da Barra
Audax Rio 3 x 0 Serra Macaense
Artsul 2 x 3 Goytacaz
Tigres 0 x 1 Quissamã
Com o resultado, a Desportiva é campeã da Série B do Campeonato Capixaba.

Campeonato Paraibano Segunda Divisão 2012 (Primeira rodada - 4ª rodada)
Com a vitória, o Sergipe conquista a Copa Governador do Estado do Sergipe
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CORINTHIANS



Com mais de 31 mil pessoas no estádio, Corinthians começa mal, sai atrás, reage, mas não consegue a vitória. E o 1 a 1 acaba sendo ruim para os dois


  • nome do jogo
    Douglas
    Começou mal, mas cresceu no segundo tempo e marcou o gol de empate do Timão. O meia ainda acertou uma bola no travessão. 
  • decepção
    Edenílson
    Começou como titular. Caiu pela direita, depois pela esquerda, foi volante... mas não se acertou e acabou sendo sacado no intervalo.
  • ídolo
    Dida
    O goleiro da Lusa foi ovacionado pela torcida corintiana ao entrar em campo. Pelo Timão, ele foi campeão mundial de clubes, em 2000.
O Corinthians levou 31.106 pagantes num sábado à noite ao Pacaembu, mas não conseguiu a vitória sobre a Portuguesa. Depois de um fraco primeiro tempo, quando viu Héverton abrir o placar para a Lusa, o Timão voltou melhor na etapa final, reagiu, chegou ao empate (com um gol de falta de Douglas) e deu mostras de que poderia virar. Mas falhou nas finalizações. O resultado de 1 a 1 acabou sendo ruim para os dois times - o Timão fica na 12ª posição com 12 pontos, 16 atrás do líder Atlético-MG, e a Portuguesa fica com nove, na 15ª colocação, podendo terminar a rodada na zona do rebaixamento, dependendo dos resultados deste domingo.
Por mais que esteja em situação complicada na tabela de classificação, a Lusa segue invicta nos clássicos regionais neste Campeonato Brasileiro. O time do Canindé venceu o São Paulo e empatou contra Palmeiras, Santos e Corinthians. A partida também marcou o reencontro de Dida com o Timão. A torcida alvinegra reverenciou o goleiro, que conquistou vários títulos com a camisa do time do Parque São Jorge.
Já o Timão perde um pouco o ritmo na recuperação após o título da Taça Libertadores da América. A equipe da casa havia vencido duas seguidas – maior série na competição –, mas conquistou apenas um ponto neste sábado. A ausência de Danilo, poupado pela comissão técnica, foi sentida. Edenílson, o substituto, não teve boa atuação.
– No primeiro tempo não fomos bem, mas no segundo reagimos e criamos chances para vencer a partida –  comentou o lateral corintiano Fábio Santos. 
O próximo jogo do Corinthians será na quarta-feira, novamente no Pacaembu, contra o Cruzeiro - Douglas recebeu o terceiro amarelo e será desfalque. Já a Lusa pega o Flamengo, quinta-feira, no Engenhão.
Romarinho Corinthians x Portuguesa (Foto: Marcos Bezerra / Ag. Estado)Romarinho domina a bola, observado por Welder e Marcelo Cordeiro (Foto: Marcos Bezerra / Ag. Estado)
Superior, Lusa sai na frente
Corinthians e Portuguesa começaram o primeiro tempo como era esperado: com o Timão, em plena recuperação no campeonato, dominando as jogadas ofensivas, e a Lusa, que beira a zona de rebaixamento, se desdobrando para marcar o veloz Emerson. Mas isso não durou mais do que 15 minutos. Depois de um início mais alvinegro, os visitantes equilibraram a partida.
Tite mudou várias vezes o esquema de jogo ao longo da primeira etapa. Primeiro Romarinho caiu pela esquerda e Edenílson pela direita, com Douglas um pouco atrás. Depois de alguns minutos, os atacantes inverteram o lado. Perto do fim do primeiro tempo, Edenílson passou a atuar como volante, e Romarinho se mandou para frente com Sheik, que ficou grande parte dos 45 minutos iniciais muito isolado. Mesmo assim, o atacante corintiano deu muito trabalho para o estreante Valdomiro. O zagueiro perdeu todas na corrida.
Enquanto isso, a Portuguesa, que venceu o São Paulo e empatou nos clássicos contra o Palmeiras e Santos, contou com a boa atuação de Guilherme, Moisés e Léo Silva no meio. O trio, com a bola nos pés, trabalhou bem, levando o time para o ataque. E ainda contaram com alguns erros causados por desatenção da zaga corintiana. Se os atacantes Héverton e Diego Viana não tivessem ficado tanto em impedimento, a Lusa poderia ter feito mais que um gol. Tento este que saiu após tabela de Moisés com Héverton, que invadiu a área e bateu forte. Cássio nada pôde fazer.
Enquanto os passes da Portuguesa se encaixaram e renderam um gol no primeiro tempo, os do Corinthians saíam tortos, principalmente próximos à área do goleiro Dida. O Alvinegro não teve uma oportunidade sequer para marcar. Douglas, destaque na vitória do meio de semana contra o Flamengo, por 3 a 0, teve uma atuação discreta na primeira etapa. Com isso, Paulinho chegou mais ao ataque, tentando ajudar. Não era o bastante.
Com Jorge Henrique, Timão empata
O puxão de orelha do treinador Tite no vestiário deve ter sido forte. O Corinthians voltou com uma pegada completamente diferente do primeiro tempo. Se o time estava errando passes e criando pouco, na etapa complementar foi diferente. E a entrada de Jorge Henrique na vaga de Edenílson contribuiu, e muito, para isso. Com ele em campo, o Timão foi para a correria em busca do resultado.
E ele não demorou a sair. A Portuguesa, com dificuldade de marcar, cometeu muitas faltas na segunda etapa. E foi a partir de uma delas que o Alvinegro igualou o placar. Melhor após o intervalo, Douglas cobrou falta com veneno e contou com a sorte para a bola morrer no fundo do gol, aos 4 minutos - ele alçou na área, ninguém desviou, mas, com a vista encoberta, Dida não conseguiu fazer a defesa.
Douglas passou a fazer o que deveria fazer desde o início: armar o meio. O jogador caiu pelos dois lados, buscou o jogo perto do meio de campo, carregou até a entrada da área e deu trabalho para a defesa da Portuguesa.
A Lusa, por sinal, abriu mão de criar jogadas com a bola de pé em pé e passou a jogar nos contra-ataques. Héverton e Diego Viana ficaram no mano a mano com os zagueiros do Corinthians, mas não conseguiram marcar. 
Emerson Sheik e Douglas tiveram chances para virar o jogo - Sheik mandou para fora, o meia chutou no travessão. Tite ainda mandou a campo o atacante Adilson e o meia Ramirez nos lugares de Emerson e Paulinho, mas o Timão não conseguiu a vitória
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BRASILEIRAO 2012



Atletas lamentam a derrota por 4 a 1 para o Atlético-MG, mas destacaram que o time precisa focar agora numa recuperação contra a Ponte


Após a contundente derrota por 4 a 1, para o Atlético-MG, neste sábado, na Ilha do Retiro, os jogadores do Sport tentaram não demonstrar o abatimento que tomou conta do grupo. Mesmo lamentando muito, o meio-campo Marquinhos Gabriel tentou amenizar os efeitos causados pelo péssimo resultado.

- Não podemos ficar abatidos. O campeonato é longo e temos que ter o pensamento de recuperar esses pontos em Campinas, contra a Ponte Preta. É hora de levantar a cabeça e jogar. O resultado não foi bom, mas vamos nos recuperar.
Mesmo demonstrando confiança na evolução da equipe, o meio-campo fez questão de alertar os companheiros para o restante da competição. Para Marquinhos Gabriel, o Sport precisa mostrar mais força quando atuar em casa.

- Não tem explicação para o que aconteceu. Não podemos perder pontos assim, quando jogamos em casa. Temos que ter mais vontade e nos entregarmos mais, para que possamos conseguir os resultados.
sport x atlético-mg (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)Marquinhos Gabriel quer o Sport pensando apenas na Ponte (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)
Quem também tentou aliviar os ânimos após a derrota contra o Galo foi o atacante Magno Alves, que ficou no banco de reservas. Experiente, o atleta evitou o pessimismo e garantiu que o foco do elenco deve ser o próximo jogo, contra a Ponte Preta.

- Não podemos perder esses pontos em casa, mas também não adianta ficar abatido. Temos que pensar no duelo contra a Ponte Preta e ir buscar o resultado. Tenho certeza que ainda iremos evoluir bem e vamos buscar reverter isso já no próximo jog
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BRASILEIRAO 2012



Santos perdeu para o Vasco por 2 a 0 em São Januário


O Santos foi derrotado pelo Vasco por 2 a 0 pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro, e se afastou ainda mais da luta pelo título e mesmo por vaga na próxima Taça Libertadores da América. Após a partida, os jogadores do Peixe admitiram que a atuação da equipe em São Januário foi ruim, principalmente na etapa inicial(veja os melhores momentos no vídeo ao lado).

- Perdemos o jogo no primeiro tempo. Estávamos bem, mas tomamos um gol que não esperávamos. Jogar fora de casa é complicado - resumiu o jovem Victor Andrade, 16 anos, que substituiu Miralles após o intervalo.
- No primeiro tempo, não conseguimos impor nosso jogo e acabamos tomamos um gol. Voltamos melhores e mais ofensivos na etapa final. Temos de manter isso (para os próximos jogos) - disse o meia Felipe Anderson, que participou dos 90 minutos da partida no Rio.
O resultado estacionou o Peixe nos dez pontos e, temporariamente, na 14ª posição do Brasileirão - dependendo dos demais resultados da rodada, o Alvinegro pode até cair para a zona de rebaixamento. O Santos volta a campo na quinta, às 21h, para enfrentar o líder Atlético-MG, no Independência. 
Eder Luis Vasco x Santos (Foto: Márcio Alves / O Globo)Felipe Anderson, na perseguição a Eder Luis  (Foto: Márcio Alves / O Globo
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BOTAFOGO



Jogador rompe fronteiras da sua terra natal, faz estreia pelo Botafogo e começa nova fase da vitoriosa carreira no país que sempre admirou


Header de Materia - Seedorf (Foto: infoesporte)
Clarence Seedorf guarda no seu complexo esportivo, no Suriname, pinturas feitas à mão de seu rosto em diferentes fases da vida, com diferentes cortes de cabelo. Foram homenagens que ele recebeu. Em outra imagem, o jogador aparece em uma nota de 10 mil pesetas (moeda espanhola antes do Euro). Mas o valor do meia de 36 anos vai além das fases e do dinheiro. Herói nacional em Paramaribo, ele rompeu as fronteiras do seu país de origem, rodou o mundo e neste domingo dá o primeiro passo para começar sua história no futebol brasileiro. O camisa 10 do Botafogo faz sua estreia contra o Grêmio, às 18h30m, no Engenhão.
Em Paramaribo, bares se preparam para transmitir o jogo, que terá a audiência de surinameses e milhares de brasileiros residentes no país de Seedorf. O primeiro toque na bola com a camisa do Botafogo em solo brasileiro será apenas a continuação de uma relação estreita com o país, que envolve casamento com a brasileira Luviana e identificação sempre destacada nas declarações do camisa 10.
- Sempre me diziam que penso e jogo como um brasileiro - disse Seedorf, em entrevista antes da estreia pelo Botafogo.
As declarações são dadas em português claro. Luviana, sua mulher, foi criada em Realengo e era passista da Mocidade Independente de Padre Miguel. Os dois se encontraram quando ela foi com a escola de samba para uma temporada de shows em Roma, na Itália. O casal prima pela discrição e vida em família com os quatro filhos. O lugar escolhido para morar foi o bairro do Leblon, onde eles já tinham um apartamento.
Em seus gostos pessoais, Seedorf gosta de leituras sobre espiritualidade, psicologia e desenvolvimento pessoal, diz que curte todos os ritmos musicais, com exceção do techno. A batida do jogador é no ritmo da família.
- Gosto de passar tempo de qualidade com minha esposa e filhos. Eu gosto das oportunidades que temos para compartilhar o tempo juntos - descreveu o jogador.
No seu site oficial, revela ainda o gosto pelo calor ao falar sobre viagem de férias:
- Tudo o que importa para mim é que esteja pelo menos 28 graus. Eu adoro viajar.
No Rio, então, Seedorf está em casa, seja pela temperatura mas também pelo calor humano.
De origem humilde, o jogador conquistou sua independência financeira, mas nunca deixou de lado as crianças do Suriname e de outros cantos do mundo.
- Ele é uma grande pessoa, não só como jogador, mas como ser humano - declarou o jornalista Desney Romeo, do Suriname.
Admirador do líder sul-africano Nelson Mandela, Seedorf é um herói nacional no Suriname. Crianças sonham ser como o ídolo.
- Quero ser Clarence - repetem as crianças do Suriname.
De Paramaribo para o Rio de Janeiro, o homem de várias faces está pronto para ouvir dos meninos brasileiros em português claro:
- Quero ser Seedorf.
Momentos importantes na carreira de Seedorf:
29 de novembro de 1992: Faz sua estreia profissional pelo Ajax (contra o Groningen), com apenas 16 anos.
14 de dezembro de 1994: Faz um gol na sua estreia pela seleção da Holanda, contra Luxemburgo.
24 de maio de 1995: Ganha a Liga dos Campeões pela primeira vez, com o Ajax, quando derrotou o Milan por 1 a 0.
20 maio de 1998: Ganha seu segundo título da Liga dos Campeões, quando o Real Madrid venceu a Juventus por 1 a 0.
28 de maio de 2003: Pela terceira vez, conquista o título da Liga dos Campeões, desta vez com o Milan, quando derrotou a Juventus na final, em decisão por pênaltis.
23 de maio de 2007: Conquista o quarto título da Liga dos Campeões, o segundo pelo Milan: vitória por 2 a 1 sobre o Liverpool.
30 de agosto de 2007: Eleito o melhor meia da Europa em prêmio concedido pela UEFA.
07 de dezembro de 2007: Jogo de número 100 na Liga dos Campeões, contra o Celtic.
22 de julho de 2012: Faz sua estreia com a camisa 10 do Botafogo diante do Grêmio
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LONDRES 2012



Suborno paterno, rebeldia contra os andares inferiores do pódio, estudos precoces sobre Popov: a história de um fenômeno até a glória olímpica

cesar cielo infância (Foto: Fundação Romi / Santa Bárbara D'Oeste / Divulgação)Nada, Cesão: água é habitat dele desde criança
(Foto: Fundação Romi / Santa Bárbara D'Oeste)
O corpo, mesmo de criança, já é esguio, longilíneo. A água já é seu habitat natural. Nos olhos posicionados abaixo dos cabelos louros, já reside a obsessão por vencer - aconteça o que acontecer, vencer. O sinal da largada é acompanhado pelo salto na piscina. Cesar espicha um braço, espicha outro, bate as pernas. Precisa vencer - aconteça o que acontecer, vencer. E perde. O corpo esguio, longilíneo, passa a se contorcer em soluços. A água começa a se misturar com as lágrimas que caem daqueles olhos obcecados por vitórias. Cesar perdeu. Cesar Cielo, o futuro grande campeão olímpico, perdeu.
É uma cena da infância de Cesar, que depois viraria Cesão, que depois daria saltos de alegria em uma piscina chinesa, que socaria a água com o braço direito, que mergulharia a cabeça nela para driblar a própria incredulidade - que daria ao Brasil seu primeiro ouro olímpico na natação. Uma cena, não: várias. Mais de uma vez, o garoto não conseguiu vencer. E chorou. E até se negou a subir ao pódio. Era o primeiro lugar ou nada. Era vencer - acontecesse o que acontecesse, vencer.
cesar cielo infância (Foto: Fundação Romi / Santa Bárbara D'Oeste / Divulgação)Cara feia: Cesar Cielo, quem diria, nem sempre esteve no lugar mais alto do pódio. E se irritou com isso (Foto: Fundação Romi / Santa Bárbara d'Oeste / Divulgação)
O GLOBOESPORTE.COM começa a contar, neste domingo, a gênese de atletas que se tornaram campeões olímpicos ou mundiais em um país com atenções e investimentos centrados no futebol. Cesar Cielo, ouro nos 50m livre em Pequim-2008, abre a série, que também terá Maurren Maggi, Robert Scheidt, Diego Hypolito e Fabi, da seleção brasileira de vôlei. Cada qual com suas especificidades, são casos de talento, de abnegação, de insistência - até de heroísmo. E casos de esportistas que tentarão, em Londres, ser ainda mais vencedores.
Perder para ganhar
Foi a mais absoluta raiva pela derrota que transformou Cesar Cielo em um vencedor. Ele perdeu para depois ganhar. Perdeu pouco para depois ganhar muito. Entre todos que conviveram com o nadador na infância, em Santa Bárbara d'Oeste, interior paulista, a pergunta sobre a relação dele com o esporte foi respondida com o mesmo comentário: ele não suportava ser derrotado.
- Ele sempre gostou de ganhar. Mas não é que ele simplesmente gostava de ganhar: ele não suportava perder. Vários treinadores americanos dizem isso: que os bons nadadores gostam de ganhar, e os excepcionais não suportam perder. É o caso do Cesão - comenta Maria Inês Schultz, mãe do nadador André Schultz, que acompanhou de perto o crescimento de Cielo no esporte.
Histórias de lágrimas em derrotas, de revolta a ponto de não querer ir ao pódio, se sucedem. Vale observar que Cielo, desde sempre, era muito bom. Ganhava quase todas as provas. Mas não todas. E isso o transtornava.
- Lembro de uma ocasião, uma final de Paulista no Corinthians. Na final, o Cesão não ganhou. Ele saiu chorando, bravo, porque não tinha conseguido o primeiro lugar. Ficava contrariado. Isso chamava a atenção. Talvez esteja aí a diferença de um campeão - observa Amancio Rodrigues de Oliveira, outro que viu o surgimento de Cielo para o esporte em Santa Bárbara d'Oeste.
Amancio é pai de Jader Oliveira, que nadava junto com Cielo no interior paulista, no Esporte Clube Barbarense, quando ambos eram crianças. Ele também lembra epísódios parecidos.
- Começávamos as competições com festivais internos no clube. Os festivais eram muito grandes. E ele já mostrava uma gana por vitórias até doentia. Acredito que é o que o move hoje e sempre. Nunca foi rivalidade de briga, mas, na hora de competir, ele tinha que chegar na frente - relembra Jader.
cesar cielo infância (Foto: Fundação Romi / Santa Bárbara D'Oeste / Divulgação)Pai já nadava e levou filho para as piscinas
(Foto: Fundação Romi / Santa Bárbara D'Oeste )
Cesar Cielo começou a nadar por influência esportiva da família. A mãe, Flávia, é professora de educação física. O pai, também Cesar, é médico, mas compartilhava o tempo com a natação - era dos bons. Foi assim, com o apoio de casa, que o futuro campeão olimpico começou a dar suas braçadas na água. Também se aventurou no judô, mas não era dos melhores. Como perdia, abandonou o tatame.
De início, Cielo começou a competir no nado costas. Em sua cidade, era hegemônico. Mas começou a ter problemas nas competições que envolviam toda a região de Campinas. Aí quem se destacava era Guilherme Guido, medalha de ouro pelo Brasil nos 4 x 100m medley no Pan de Guadalajara, em 2011. Guido vencia Cielo. E Cielo, para vencer, resolveu passar para o nado livre. O resto é ouro. E um ouro que custou R$ 2.
O suborno paterno
São raros os casos de crianças que colocam na cabeça que serão atletas e mantêm o pensamento fixo, sem licenças para desistência, sem titubear diante de percalços. Cesar Cielo, por melhor que fosse, titubeou. Pensou em parar de nadar. Mas acabou seduzido por uma cédula que representava uma fortuna para um menino: R$ 2.
A ideia partiu do pai dele. A família fazia questão que Cielo se envolvesse com um esporte. A mesada foi um incentivo. Para cada dia de treino, R$ 2. O pequeno Cesar nem sabia o que fazer com tanto dinheiro, lembra Jader.
- Lembro muito bem dele me dizendo que ia parar de nadar, mas os pais não queriam que ele parasse. Aí ele falou que o pai dele disse que daria R$ 2 para cada dia que ele fosse nadar. Lembro que ele disse: “Pô, dá pra comprar um monte de coisa bacana.” Um monte de coisa bacana, no caso, era lanche, essas coisas...
O primeiro salário de Cielo, um tanto modesto, deu resultado, e o menino seguiu no esporte. E mergulhou nele - não apenas literalmente. Passou a treinar cada vez mais. E a ganhar cada vez mais. Chegou um momento em que superar os adversários não bastava. Cesar tinha que superar a si próprio. Baixar tempos. Cravar recordes. Um treino de resultado fraco, por menor importância que tivesse, tirava o jovem esportista do sério. Despontou de vez nele o espírito vencedor: concentração máxima, exigência suprema, obsessão pelo resultado até o limite do aceitável.
Santa Bárbara ficou pequena para a explosão do nadador. Cielo primeiro foi treinar em Piracicaba, no Clube de Campo, e depois, aos 15 anos, migrou para São Paulo, onde treinou ao lado de seu ídolo, Gustavo Borges, no Pinheiros. Era provocado por ele. "Com esse bracinho, acha que vai ganhar?", escutava de Gustavo. Pois ganhou. E detonou as marcas do próprio Gustavo.
- Ele fez questão de bater todos aqueles que eram ídolos dele. O Gustavo foi o primeiro - lembra Maria Inês.
Precoce: com nove anos, vídeos de Popov
Cesar Augusto Cielo Filho nasceu em 10 de janeiro de 1987. Em 1996, nas Olimpíadas de Atlanta, tinha nove anos. E já estudava, com obstinação de adulto, sua maior referência, o russo Alexander Popov - medalha de ouro nos 50m e nos 100m livre tanto em Barcelona-92 quanto em Atlanta.
O pai de Cesar gravou as provas das quais Popov participou. Cielo pegava a fita e ficava olhando o vídeo de trás para frente, dando pausas, voltando, repetindo. Vale martelar no detalhe: ele tinha nove anos naquelas Olimpíadas.
- Desde pequenininho, o Cesão foi perfeccionista. Nas Olimpíadas de 96, o César pai gravou todas as provas de natação. Lembro perfeitamente do Cesão, lá na sala, brincando com o André (Schultz). Ele colocava aquela fita e ficava olhando: “Olha, tia, olha como o Popov sai, olha como ele vira”. Ele via aquilo para a frente e para trás. Ele era absurdamente detalhista. E era uma criança, hein? Olhava a saída e a virada. Ele achava aquilo lindo. E tentava repetir - recorda Maria Inês.
Popov era fenomenal na largada e na virada, que depois, não por acaso, se tornariam dois pontos fortes de Cielo. Mas a inspiração não foi apenas técnica. Até os trejeitos do russo ele pegou.
- Todo grande atleta tem uma mania na hora da saída. O Popov levantava o pé esquerdo, passava a mão embaixo, e fazia o mesmo com o pé direito, limpando a sola. O César começou a fazer também... - conta Werner Schultz, marido de Maria Inês e pai de André Schultz.
- Ele imitava o Popov. O Popov tinha um lance de passar a mão no pé, e ele fazia também. Depois, quando foi para o Pinheiros, foi nadar junto com o Gustavo. Mas, de criança, a referência era o Popov - completa Jader Oliveira.
Tempos de natação
Para Cesar Cielo se tornar o primeiro brasileiro campeão olimpico na natação, foi preciso que várias pontas de um emaranhado de histórias se unissem. Sem o apoio familiar, não seria possível; sem o talento, também não; sem a obstinação dele, idem. Mas tudo começou quando um grupo resolveu se unir para fomentar a natação em Santa Bárbara d'Oeste. Ali esteve o berço do nadador.
O pai de Cesar se juntou a três amigos e formou uma turma responsável por organizar e incentivar o esporte no Clube Barbarense. Werner Schultz e Amancio Rodrigues de Oliveira também entraram no projeto, que ainda teve Vainer Penatti como um dos coordenadores. Eles passaram a criar competições e levar os meninos em viagens. Revezavam-se no uso de seus automóveis particulares.
Quando perceberam, havia 500 pessoas praticando natação no clube (a cidade, hoje, quase 20 anos depois do projeto, conta com menos de 200 mil habitantes). O nível era alto. E isso fez bem a Cesar. Como ele era obsessivo por vitórias, precisou se doar ao máximo para, num primeiro instante, vencer dentro do próprio clube - vale lembrar que dali saiu André Schultz, outro grande nadador.
- Às vezes, um atleta não vai para a frente porque falta referência a ele. Não tem com quem competir. Ninguém é páreo para ele. Aí ele perde a referência. E pode até ter uma decepção, porque cai num campeonato mais difícil e quebra a cara. A equipe, aqui no clube, era muito forte, e isso favoreceu o Cesar - opina Vainer.
Um belo dia, os pais resolveram criar uma planilha de competição entre os meninos. Cada medalha, de ouro, prata ou bronze, renderia uma pontuação, com valor diferente de acordo com a competição disputada. Vainer acrescentou ali campeonatos mundiais e Jogos Olímpicos. Quando o pai de Cesar Cielo viu a tabela, tão ambiciosa, afirmou: "Que pontuação olímpica, que nada. Vocês estão malucos." Anos depois, o filho dele foi campeão olímpico.
 
Planilha de nadadores do Esporte Clube Barbarense, com o nome de Cielo abaixo (Foto: Alexandre Alliatti / Globoesporte.com)Nome de Cielo é o último da planilha do Barbarense: a maior pontuação é dele, com André Schultz em segundo (Foto: Alexandre Alliatti / Globoesporte.com)
O incentivo à natação chegou a extremos. Werner e Maria Inês decidiram colocar uma piscina no pátio de casa. Mas não uma piscina qualquer. Foi uma com duas raias olímpicas mesmo. Ali, Cesar Cielo muito treinou quando criança - feliz com os bons resultados e enfurecido com as frustrações, enquanto olhava, a poucos metros da piscina, os vídeos de Popov.
15 de agosto de 2008: aconteça o que acontecer, vencer
Quando criança, Cielo perdeu e chorou. Quando adulto, Cielo venceu e chorou. O dia 15 de agosto de 2008, no Cubo d'Água, como foi batizado o centro aquático de Pequim, foi o núcleo de 34 braçadas históricas para a natação brasileira. Em 21s30, 34 braçadas: uma para a mãe, uma para o pai, uma para a irmã, uma para os amigos de infância, uma para o Barbarense, uma para cada um dos pais responsáveis pelo incentivo à natação na cidade, uma para Guido, uma para Gustavo Borges, uma para Alexander Popov, outras tantas para tantos outros que ajudaram a juntar as tais pontas do tal emaranhado de histórias que formam um campeão olímpico.
Cielo, de touca prata (aquela cor que ele não aceitava no pódio quando criança), chorou. É engraçado: quando ele olhou para o telão com o resultado, ficou tão eufórico, tão enlouquecido na piscina, que parecia que ia se afogar. Deu socos na água. E misturou suas lágrimas a ela. Desta vez, lágrimas de orgulho, as mesmas que ele derrubou no pódio, ao escutar o hino nacional, posicionado no ponto mais alto, no último degrau - reservado àqueles que precisam vencer. Aconteça o que acontecer, vencer.
cesar cielo chora ao vencer os 50m livres nas olimpíadas em pequim (Foto: AFP)Lágrimas, mas de alegria: o momento do ouro olímpico em Pequim (Foto: AFP)

Gauchão 2021

Grêmio vence Inter e leva vantagem na final do Gaúcho Para conquistar o título Estadual, o Internacional terá que vencer o confronto por doi...