quarta-feira, 4 de novembro de 2015

NOTICIAS

Torcedor se perdeu ao ir ao banheiro em 2004. Agora, enfim, volta para casa

Do UOL, em São Paulo
  • Gazzetta dello Sport/Reprodução
    Rudolf Bantle, 71 anos, retornou à Suíça após 11 anos como andarilho em Milão
    Rudolf Bantle, 71 anos, retornou à Suíça após 11 anos como andarilho em Milão
Aconteceu em 24 de agosto de 2004, durante partida pela terceira rodada de classificação para a fase de grupos da Liga dos Campeões 2004/2005. Depois de empatar por 1 a 1 na Suíça, a Inter de Milão recebeu o Basel e venceu por 4 a 1. Adriano (dois), Dejan Stankovic e Alvaro Recoba marcaram os gols da equipe italiana, enquanto Mile Sterjovski descontou.Rudolf Bantle é o protagonista de uma história impressionante divulgada nesta terça-feira pela imprensa europeia. Aos 71 anos, o suíço viveu por 11 anos nas ruas de Milão, desde que se perdeu de amigos durante uma partida da Liga dos Campeões da Europa. E só agora retornou a seu país - a contragosto.
Então com 60 anos, Rudolf – torcedor do Basel – assistia ao jogo com amigos no Estádio Giuseppe Meazza. A cinco minutos do fim, anunciou que ia ao banheiro; porém, ao retornar à arquibancada no fim do jogo, perdeu-se do grupo. "De repente, eu estava em um setor completamente diferente", disse Bantle ao jornal suíçoSchweiz am Sontag.
Aí começou o que o diário italiano Gazzetta dello Sport classificou como digno de um roteiro de cinema. Na saída do estádio, o torcedor tinha apenas 20 euros no bolso. Sem um telefone, sem contatos com familiares, acabou ficando sozinho em Milão. A polícia suíça o colocou em um cadastro de desaparecidos, mas retirou seu nome da lista em 2011.
Nos últimos anos, Rudolf Bantle viveu em praças no bairro de Baggio, em Milão, onde se tornou figura conhecida. "A história do estádio circulava. Não sabíamos se era verdade ou não -  Rudi sempre foi reticente em falar sobre si mesmo", contou Sergio Mazzarelli, bibliotecário que trabalha nos arredores da região escolhida pelo suíço para morar. "Todos sempre o quiseram bem, deram a ele comida e roupas limpas. E eles nos ajudou no que podia - às vezes ele sinalizava os bandidos."
SOYLUPHOTO/Schweiz am Sontag/Reprodução
Bantle retornou á Suíça em 2015, após determinação de autoridades suíças. Hoje vive em um abrigo para aposentados com uma pensão de 300 euros
Nesse período, Rudolf chegou a trabalhar como jardineiro, mas deixou a função por conta do alcoolismo. Na cidade, começou a torcer pelo Milan – chegou a ganhar de um torcedor uma camisa do meia Kaká.
Uma reportagem fez com que Rudolf Bantle fosse reconhecido na Basileia, o que causou comoção – ele até recebeu uma passagem de volta à Suíça como presente, mas recusou. Porém, após uma fratura de fêmur no primeiro semestre deste ano, acabou hospitalizado e teve sua transferência determinada pelas autoridades suíças.
Sem familiares, Rudolf Bantle vive desde 1º de junho em um lar de idosos na Basileia, onde recebe 300 euros de pensão. "É bom aqui", conta o torcedor, ainda segundo o jornal Schweiz am Sontag. "Todas as tardes, vou ao supermercado comprar duas latas de cerveja, o que é permitido", completou.

NOTICIAS

Dorival abre o jogo e relembra em detalhes discussão polêmica com Neymar

Samir Carvalho
Do UOL, em Santos (SP)
O técnico Dorival Júnior vive uma grande fase em sua carreira, que faz lembrar o seu ótimo desempenho no comando do Santos em 2010, quando teve o projeto interrompido por causa de um embate com o atacante Neymar.
Cinco anos depois, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Dorival Júnior abre o jogo sobre a crise com o principal astro do futebol brasileiro. O técnico revelou que o problema de Neymar não era com ele e, sim, com os lideres do elenco – Edu Dracena e Roberto Brum. O treinador admitiu que o vestiário do jogo contra o Atlético-GO, após ser xingado por Neymar em campo, foi o pior de sua carreira. Dorival ainda afirmou que todos os jogadores, na época, queriam a punição de Neymar.
Além da polêmica com Neymar, Dorival Júnior comentou sobre como tem sido comandar o time atual que faz sucesso no Brasileiro e na Copa do Brasil, falou sobre a crise do futebol brasileiro e comentou a possível volta de Ganso e Robinho. O treinador também opinou também sobre outros assuntos, como os valores sociais dos jovens. Para ele, a família e a educação no país estão falidas e isso reflete no futebol brasileiro. Ele criticou a superexposição das pessoas pelas redes sociais e mídia.
 
Confira na integra a entrevista com Dorival Júnior:
 
UOL Esporte: O assunto Neymar te incomoda em sua carreira?
Dorival: De maneira nenhuma.
 
UOL Esporte: Como você analisou a forma que a mídia tratou o caso naquela época?
Dorival: De um modo geral, procurei ficar um pouco afastado das notícias, sou muito sincero, procurei não ver muita coisa. Vi tudo o que se passou no dia seguinte do episódio. Quando eu chamei a diretoria do Santos, na figura do Pedro Luiz (diretor de futebol à época), para uma conversa na sexta-feira pela manhã, disse que pensei, analisei, e que precisava tomar uma decisão com o Neymar. O problema todo não foi comigo, se vocês perceberem a situação, ele teve uma discussão muito feia com o Roberto Brum e, em seguida, com o Edu Dracena. Depois, teve o episódio do pênalti, que foi uma situação totalmente a parte. Porque eu havia colocado ao Neymar, que tinha perdido quatro pênaltis em sequência, que continuaria treinando, mas sairia de cena, deixando outro companheiro bater. Não tinha necessidade de uma exposição em um momento desses. E por ele estar alterado com a própria briga naquele instante, se sentiu no direito de pegar a bola e bater. Então, o meu problema com o Ney praticamente começou ali, não foi o real motivo daquela situação. As pessoas não perceberam, depois falaram que teve uma reação séria, mas não foi nada disso, muita coisa se fala, mas tem pouca verdade em tudo isso. Agora, houve uma exposição desnecessária, por outro lado foi muito importante para ele, um episódio que fez com que tivesse um crescimento profissional e pessoal. A todos nós, naturalmente, que foi um fato novo e proporcionou, de alguma forma, um crescimento, mas para ele foi muito importante o acontecido, tenho certeza que o auxiliou na sequência. Sou muito sincero, comigo não ficou nada, muito pelo contrário, tenho um carinho especial por ele, uma torcida muito grande, acredito muito que ele vai ter um reconhecimento ainda muito maior do que já tem nesse momento. É um garoto do bem, de paz e tenho um respeito muito grande por ele.
 
Ricardo Nogueira/Folhapress
Neymar esbraveja contra Dorival Jr. na partida contra Atlético-GO, em 2010. Episódio decorreu na queda do treinador
 
UOL Esporte: A sua atitude foi muito discutida. Alguns achavam que ele já tinha pedido desculpas e não deveria ficar fora de um jogo. Você se arrepende de alguma atitude?
Dorival: Não, de maneira nenhuma. É que as pessoas que analisam tinham que conhecer mais a fundo o que é um dia a dia de um grupo de trabalho. Existe a punição disciplinar e a punição técnica. A técnica ela é a que conta, é a que conta, não é a do técnico, mas aquela perante ao grupo. Os próprios jogadores esperavam uma punição para o Neymar. Não pensem vocês, independentemente da importância que tem um atleta dentro de um elenco, que ganhará privilégios perante a maioria. Não existe isso, existe quando se superprotege, quando tentam camuflar e esconder, não enfrentam a situação, não a resolvem. Isso existe, e muito. Naquele momento foi público, todos sabiam do acontecido e o próprio clube esperava uma posição. Então é a típica situação assim: houve uma punição disciplinar, uma multa por parte da diretoria, mas e a comissão técnica fez alguma coisa? Daqui a 30, 60, 90 ou 120 dias outro atleta se vê no direito de tomar uma posição semelhante. E quando você vai tomar, também, uma posição sem que lá trás tenha feito a mesma coisa, a primeira coisa que vai fazer é o grupo todo me cobrar pela falta de atitude lá trás, além da atitude agora. As pessoas não têm ideia disso, é muito fácil você sentado aqui dizer: aconteceu isso? Então nós vamos olhar por esse lado e ponto. Esse é culpado, esse é inocente, e o brasileiro rotula com uma facilidade muito grande. Sem conhecimento de causa, é um absurdo o que acontece. Para nós que estamos vivendo aquela situação, que estamos no dia a dia do clube, não faria nada ao contrário do que fiz, em momento nenhum.  As atitudes seriam as mesmas porque a minha atitude com um atleta de ponta é a mesma que a com um garoto da base subindo. Seria muito desleal se fosse diferente em posições. Graças a Deus na minha vida tenho alguns princípios que costumo seguir, e que não abro mão. Mesmo que custe o meu trabalho, emprego, alguns resultados, isso para mim não importa.
 
UOL Esporte: Você acha que o Santos passou a mão na cabeça dele demais e depois pagou por isso?
Dorival: Talvez, não, talvez não tenha sido isso. O episódio da minha saída logo depois foi um equívoco muito grande, uma falta de informação. Reuni-me com o presidente, nós chegamos a uma conclusão, mas nem ele perguntou para mim se a punição havia acabado, e nem eu perguntei se ele estava seguro que as coisas continuariam e que depois ele seria reintegrado. Não houve esse contato, foi uma falha muito grande de comunicação. Tanto que três dias depois o próprio presidente me ligou reconhecendo que nós bobeamos conjuntamente, foi isso que aconteceu.
 
UOL Esporte: Valeu a pena porque você não perdeu a autoridade? Prefere ser mais linha dura do que paizão?
Dorival: Até porque eu não sou linha dura. Tenho alguns princípios que sigo e disciplina para mim é necessário em qualquer campo de ação, em qualquer campo profissional e em qualquer grupo de atividade com mais de uma pessoa reunida tem que ter, no mínimo, disciplina para poder fazer com que essas pessoas tenham direitos iguais e, necessariamente, responsabilidades iguais. Paizão? Também não sou, logicamente que chamo, converso, tem hora que afago, tem hora que dou o tapa, acho que precisa disso, nós somos também educadores, mas não me rotulo assim como um ou outro. Precisamos de um equilíbrio dentro da sua profissional e eu nunca tive problemas. Teve também aquela situação do Ganso, que também foi outra, e a do Neymar. Em 15 anos de trabalho será que é tanto problema assim? Com mais de mil jogadores com que já trabalhei, uns dois problemas? São situações pontuais que acontecem porque o dia a dia de treinador de futebol é problema, em cima de problema, as pessoas não tem ideia, pois só veem o time em campo. O campo completa, mas o dia a dia que atrapalha. No dia a dia você precisa estar muito atento, estar a todo o instante conversando, trocando informações, corrigindo aqui, botando um paninho aqui, chamando para cá, é necessário, somos gerenciadores de problemas. Você gerencia seres humanos, precisa ter respeito por eles, dar condições do cara poder se soltar, ao mesmo tempo ter o momento de chamar um pouco mais duro. O grande problema que nós temos se resume ao dia a dia. Na hora do jogo, são mínimos. Alguma coisinha que aconteça é natural que tome uma proporção porque é ali, ao vivo, não tem como esconder, está tudo ali escancarado. O grande problema dos treinadores são os vestiários, o dia a dia, nem tanto o domingo ou a quarta porque, aí sim, são bem menores.
 
UOL Esporte: Aquele vestiário do jogo contra o Atlético-GO foi, talvez, o mais complicado da sua vida? Dizem que o Neymar ainda jogou uma garrafa no Ivan Izzo (seu auxiliar à época).  
Dorival: Foi pelo episódio em si, mas são pessoas de bem. O próprio Neymar ainda hoje é um moleque, um garoto, tinha a idade do meu filho. Foi um episódio, são profissionais, seres humanos que se respeitam. Acabou acontecendo um fato, que tomou proporção por ser o Neymar. Não deveria ser assim, infelizmente acabou acontecendo, foi importante, todos cresceram com aquilo, todos se prepararam um pouco mais para eventualidades que pudessem acontecer futuramente. Mas desnecessário porque o nosso ambiente era muito bom, sempre foi. A prova disso é que estou aqui há cinco meses, graças a Deus. Tudo o que aconteceu naquele momento, naquela época, eram dez, 11 meses de trabalho, e as coisas vinham muito bem, tudo muito tranquilo, com todos engajados em um propósito. Foi um episódio desnecessário.
 
UOL Esporte: Você acha que ele mudou hoje? Por que vimos também a rebeldia dele na Copa América?
Dorival: Mudou, acho que esses episódios vão acontecer sempre na carreira de qualquer um. Um detalhe, ou outro, não pode se reportar aquilo que já foi. Aquilo já tem cinco anos, foi outro episódio, completamente diferente, não tem nada ver uma coisa com a outra. Foi importante, sim.
 
UOL Esporte: Você acha que a educação e a família se perderam com o tempo? E que analogia você faz com o futebol hoje?
Dorival: A mais direta possível. Nós perdemos tudo. São duas as principais bases de apoio de formação de um ser humano, duas das entidades mais respeitadas que nós sempre tivemos em qualquer estrutura de formação de pessoas é natural que sejam família e educação. A educação do país está falida, a educação que não dá o valor, que não prepara. Hoje em dia percebemos que os alunos desacatam os seus professores, os seus mestres, e para a sociedade passou a ser um fato normal. Na família, há muito que estamos comentando a respeito dessa situação, que para mim é a principal, é que isso se desestruturou nesse país. Essa, talvez, tenha sido a maior perda. Juntando tudo isso com o futebol é natural encontrarmos cabeças e cabeças aqui dentro. Cada um busca o seu melhor, tenta encontrar o seu caminho, às vezes não se importando muito com o que está ao seu lado, querendo passar por cima de todo mundo, e não é assim. As pessoas têm que saber que os direitos vão até onde iniciam o de seu companheiro. É uma somatória que mostra que perdemos a essência. Houve uma inversão de valores muito grandes, então tudo o que foi pregado ao longo dos anos. Falta de religiosidade ao país, então tudo isso contribuiu para que, praticamente, acabássemos com o básico do respeito e a disciplina em qualquer área de atividade.
 
UOL Esporte: Você falou de religiosidade. O Santos um pastor, Ricardo Oliveira, que é o capitão, e você tem a sua religião. Como você lida com isso?
Dorival: Isso é outro assunto que não devo ter interferência, logicamente que não se deve extrapolar. Em qualquer área existem, aqui são 30 profissionais, sendo alguns católicos, outros protestantes, batistas, enfim, temos todos os números possíveis. Acho que as pessoas respeitam o espaço de cada um, e quando isso acontece, vejo de maneira normal, não interfere, cada um cultua a Deus de uma forma. Desde que não esteja agredindo o companheiro ao lado, não vejo problema nenhum, muito pelo contrário. Acho que isso tem que ser difundido entre todos, já que perdemos lá trás entidades que fazem parte direta da formação do ser humano em algum momento precisamos resgatar um pouco esse lado de cada um de nós. Desde que você use de uma maneira equilibrada, que não interfira no companheiro ao lado, as coisas podem caminhar de uma maneira natural.
 
Divulgação/Santos FC
Assim como em 2010, Dorival comanda time de garotos. Gabigol é destaque da equipe em 2015
 
UOL Esporte: Estamos falando da educação, é difícil comandar um time de garotos?
Dorival: Desde que você tenha dentro do seu grupo pessoas que estejam movidas pelos mesmos objetivos, querendo trabalhar em prol desse grupo, dessa equipe, doando não só o seu lado profissional e técnico, mas, acima de tudo, pessoal, com uma participação maior com um envolvimento. Que eu não digo nem um envolvimento, mas um comprometimento. Porque estar envolvido é uma coisa e estar comprometido é outra, completamente diferente. Desde que haja o comprometimento de todos você acaba criando alguns vínculos importantes dentro do grupo de trabalho. E quanto eles são respeitados, pode ter certeza que todos os que se aproximam começam a comungar das mesmas situações, das mesmas ideias.
 
UOL Esporte: Você acha que a superexposição na mídia, nos veículos de comunicação e nas redes sociais atrapalha ou ajuda?
Dorival: Acho que mais atrapalha do que ajuda. Hoje em dia, qualquer um entra em uma rede social, já pela covardia de não aparecer, de não botar a cara, às vezes coloca um nome qualquer, ou um apelido qualquer. E aí pode te agredir, falar o que bem deseja sem aparecer, sem se responsabilizar. Então, acho que isso só interfere de uma maneira muito negativa. A exposição é natural, ela acompanha o próprio movimento do mundo. Acho que tudo hoje gira em torno da comunicação, mas tudo tem que ser com limites. E para um profissional que está exposto é natural, talvez, pagar um preço muito caro por isso. Às vezes desnecessária, às vezes necessária, mas acho que temos que encontrar um ponto de equilíbrio. Tudo o que extrapola, acaba prejudicando.
 
UOL Esporte: Você acha que o brasileiro é soberbo demais no futebol para evoluir?
Dorival: Acho que foi, fomos soberbos. Fomos porque não demos importância, achávamos que seríamos sempre os melhores do mundo, manteríamos essa posição, sempre como berço dos grandes jogadores. Isso é uma verdade, o futebol brasileiro se reinventa, mas temos que ter a humildade de reconhecer que ficamos para trás, que deixamos de ser competitivos e paramos de criar com a intensidade que criávamos jogadores. Nós nunca preparamos grandes jogadores, nós nunca estruturamos os clubes para isso. Não sabemos preparar, fazer a base, os trabalhos das nossas categorias de base sempre foram muito deficitários. Porque nós nunca nos preocupamos em preparar profissionais para trabalhar grandes jogadores e hoje estamos passando por um momento muito difícil. Vemos o vôlei brasileiro na contramão de tudo isso. Quando passou a se preocupar com detalhes de fundamentos: bloquear, recepcionar, sacar, se posicionar em quadra, cobrir. Começamos a ter resultados fantásticos porque sempre fomos um vôlei de ataque e criação, então começamos a mesclar tudo isso. Futebol brasileiro, não, nunca se preocupou. Nunca fomos organizados e agora começam a dizer que só os treinadores não se reciclam. Não temos nem um curso de formação, vou me reciclar aonde? Meia dúzia pode ir para a Europa ver o que está acontecendo, mas não é uma reciclagem, você vai lá para observar, para ver, analisar alguns detalhes de trabalhos. Reciclagem são seis meses, um ano. Nunca nos preparamos nem para formar e as pessoas cobram reciclagem de treinadores de futebol. Vamos fazer aonde? Tem alguma faculdade? Tem algum curso? Não existe, as pessoas falam muito mal do futebol, mas nunca se preocuparam em trazer coisas boas, em criar coisas boas. Todos que estão envolvidos no futebol, todos nós, porque a soberba sempre imperou. Nós sempre fomos os melhores do mundo e perdemos esse posto sem perceber.
 
UOL Esporte: Você acha que o Santos estaria com uma estrutura diferente e até em relação a títulos se você tivesse continuado em 2010? O que teria mudado para o Santos e para você?
Dorival: É difícil falar alguma coisa, não dá para saber. O caminho estava sendo muito bom, as coisas estavam acontecendo. Entreguei como quarta equipe no Campeonato Brasileiro após perder quatro jogadores fundamentais: Ganso, Wesley, André e Robinho. Estávamos tentando uma recomposição da equipe, uma retomada dentro da própria competição paralela as finais da Copa do Brasil. Então foi um momento complicado, um momento difícil. Eu tinha certeza que na sequência buscaríamos novas soluções, pois estávamos começando a recompor a equipe com as chegadas do Danilo e do Alex Sandro, já se firmando. Comecei a ter opções, tendo o Léo usava o Alex Sandro por dentro, depois o Danilo, também, em um segundo momento. Eram situações que estavam em aberto, mas já havia pedido a contratação do Paulinho, do Bragantino, que acabou não acontecendo, do Bruno César, que estava no Sandro André, que também não ocorreu. Eles reforçariam a equipe até antes da perda desses jogadores, isso teria sido importante, talvez a sequência do Santos fosse equilibrada.
 
UOL Esporte: Assustou quando você assistiu o jogo contra o Barcelona, vendo um time que você montou, jogando de uma maneira tão frágil?
Dorival: Não é que assustou, é natural sempre torcer por uma equipe brasileira em qualquer situação, em qualquer circunstância. Naquele dia as coisas, realmente, não aconteciam, o Santos não conseguiu jogar, essa é a grande verdade. Independentemente da formação que foi a campo, cada um tem uma opinião, ouvi muitas contestações, muitas sugestões, mas ali quem está trabalhando no dia a dia, como era o caso do Muricy, mais do que ninguém estava capacitado para colocar aquela equipe em campo. De repente, as coisas não aconteceram, mas o Barcelona vivia um momento fantástico com jogadores de alto nível, muito bem encaixados, uma transição perfeita, marcação forte, pressão, fatores que fizeram a equipe ser irreconhecível. Seria muito difícil para qualquer um, em qualquer circunstância, a mudança de um resultado como aquele.
 
UOL Esporte: Hoje, se fala muito de Ganso e Robinho. Isso é natural para qualquer treinador que trabalha aqui, tem que ouvir sempre essa especulação. Interessaria ou você acha que hoje eles não seriam tão importantes assim?
Dorival: Acho que todo o craque é importante a qualquer time, qualquer situação, para qualquer clube. Está respondido.
 
UOL Esporte: Quem seria mais importante hoje?
Dorival: Aí é difícil falar, mas os dois seriam sempre bem-vindos e tem as portas abertas no Santos.
 
UOL Esporte: Você foi para a Europa, o que mudou? O seu time sempre marcou muito na frente, pressão, sempre foi muito ofensivo. O que você trouxe de diferente?
Dorival: Graças a Deus, desde o meu primeiro time, que era o Figueirense, que chegou a ser líder do Campeonato Brasileiro de 2004, sempre tive times ofensivos e que jogaram, nunca abri mão disso. Sempre coloquei meias jogando de volantes, na maioria das vezes. Foi o terceiro ano que fiz isso, vem sendo importante para mim. Tive uma visão um pouco diferente daquilo que se passava dentro do país, podendo constatar algumas coisas que o treinador brasileiro não está tão defasado como todos falam. Claro que algumas novidades ele apresenta, isso é natural. Eles têm pessoas estudando futebol há 30 anos e nós sempre levamos como um entretenimento, essa é a grande diferença. O europeu passou a se preocupar com o futebol, fazendo do futebol um produto, algo vendável que precisa preparar. Preparar uma empresa, a figura do ser humano, para poder formar grandes equipes. Isso dá retorno de mídia, em valores, em marketing, enfim, foi isso que fizeram e se distanciaram das equipes sul-americanas. Hoje qualquer equipe sul-americana vai ter dificuldade para jogar contra  eles. Talvez para ganharmos uma final de Mundial de Clubes demore um pouco. Pode ser que aconteça, eventualmente, mas a grande maioria vai ser da Europa, mesmo sem dar a importância que nós damos ao campeonato. O futebol brasileiro já perdeu mais um ano desde a Copa do Mundo, poucas foram as sugestões, muitas as críticas. Poucos sugerem, a verdade é que poucas pessoas recebem no futebol, a grande maioria paga, critica e, de repente, não tem uma sugestão sequer para melhorarmos o futebol em um todo. É uma responsabilidade de todos nós.

CORINTHIANS

Corinthians está perto de ter a melhor campanha dos pontos corridos

Com 73 pontos em 33 rodadas, Timão pode chegar aos 88 pontos e superar a marca de 80 pontos do Cruzeiro de 2014


A vitória contundente por 3 a 0 sobre o Atlético-MG no Independência praticamente garantiu o título do Brasileirão 2015 ao Corinthians. Com 11 pontos de vantagem em 15 em disputa, o Timão pode garantir o troféu já na próxima rodada contra o Coritiba, na Arena.

Com as ‘duas mãos na taça’, como disseram alguns corintianos, o time de Tite vai agora atrás de recordes no torneio. O principal deles é a marca de 80 pontos do Cruzeiro em 2014, maior da história dos pontos corridos com 20 clubes.

Com 73 pontos, o Timão precisa de apenas sete pontos para igualar o feito da Raposa e pelo futebol apresentado, não parece nada impossível. Se vencer os cinco jogos, o Corinthians atingirá a marca de 88 pontos.

A campanha atual já superou a do título de 2011 e já é a sétima melhor desde 2006, quando 20 clubes passaram a disputar o troféu. Com mais três triunfos, O Corinthians alcança ainda a marca inédita de 25 vitórias.
A segunda melhor pontuação de um time no Brasileiro no período é do São Paulo de 2006, que fez 78 pontos com Muricy Ramalho. No ano seguinte, o Tricolor repetiu a dose, mas com 77 pontos. 

Mesma pontuação do Fluminense campeão em2012.

Dos campeões desde 2006, apenas Flamengo (2009) e Fluminense (2010) não estão no top-10 de maiores pontuações. Atlético-MG e Grêmio, por outro lado, não foram campeões, mas fizeram 72 pontos em 2012 e 2008, respectivamente, mais do que os campões citados acima e que o Corinthians em 2011.

SURF

Gabriel Medina domina bateria e vai à segunda fase do QS de Maresias

Atual campeão mundial, surfista apostas nos aéreos para passar em primeiro lugar da chave. Samuel Pupo, de 15 anos, fica com o segundo lugar e também segue vivo

Por São Sebastião, SP
As pessoas à beira do mar, munidas de câmeras fotográficas e celulares, era uma prova de que a 12ª bateria da primeira fase do QS de Maresias era especial. Gabriel Medina, atual campeão mundial, estava prestes a iniciar a competição. E o atleta, que nasceu em Maresias, não decepcionou o público que o aguardava. Ao entrar na água, o surfista apostou nos aéreos e conquistou a vaga à segunda fase na primeira colocação. Samuel Pupo, de 15 anos, irmão de Miguel Pupo, foi o segundo colocado e também se classificou.
Gabriel Medina QS Maresias (Foto: Danilo Sardinha/GloboEsporte.com)Gabriel Medina apostou nos aéreos para vencer a bateria da primeira fase (Foto: Danilo Sardinha/GloboEsporte.com)
Apesar de o mar não estar com boas ondas, a bateria começou bastante movimentada. Nos primeiros minutos de prova, os surfistas já tinha arriscado muitas manobras. O marroquino Ramzi Boukhiam foi o primeiro a tirar a nota mais alta até então e assumiu a liderança. Porém, logo Gabriel Medina começou dar aéreos e passou para a primeira colocação. A cada manobra bem feita pelo surfista, o público aplaudia na areia. Com notas 8,77 e 6,17, Medina avançou em primeiro lugar com média 14,94. Samuel Pupo, que demorou um pouco para engatar na bateria, fez boas manobras e terminou na segunda posição, com notas 7,80 e 6,53 (14,33). Mitch Crews, dos Estados Unidos, ficou na terceira colocação, com 13,00. Ramzi Boukhiam foi o quarto, com 12,26.
Logo na sequência, na 13ª bateria, Adriano de Souza, o Mineirinho, entra no mar. Ele compete contra o americano Tanner Gudauskas, o espanhol Aritz Aranburu e o brasileiro Caetano Vargas, que conquistou a vaga no Trials. Nessa terça-feira, 3, Mineirinho contou em entrevista coletiva qual a tática que tem para tentar faturar o título mundial na última etapa do WCT, em Pipeline, no Havaí.
Outros quatro brasileiros que competem na elite do surfe também disputam a primeira fase do QS de Maresias nesta quarta-feira. Jadson André está na 17ª bateria, Ítalo Ferreira na 20ª, Miguel Pupo na 21ª e Filipe Toledo, o Filipinho, na 24ª.
O QS de Maresias acontece até este domingo, 8. A competição vale dez mil pontos na divisão de acesso e encerra a "perna brasileira" do Circuito Mundial.
BATERIAS REALIZADAS NESTA QUARTA-FEIRA
10ª Bateria
Jack Freestone-AUS 13,73, Cooper Chapman-AUS 11,50, Michael February-ZAF 11,20 e Evan Geiselman-USA 7,33

11ª Bateria
Carlos Munoz-CRI 16,03, Thomas Woods-AUS 14,06, Dion Atkinson-AUS 9,6 e Mason Ho-HAW 4,27

12ª Bateria
Gabriel Medina-BRA 14,94, Samuel Pupo-BRA 14,33, Mitch Crews-AUS 13,00 e Ramzi Boukhiam-MAR 12,26.
BATERIAS DO DIA
13ª Bateria
Adriano de Souza-BRA, Tanner Gudauskas-USA, Aritz Aranburu-ESP e Caetano Vargas-BRA

14ª Bateria
Jesse Mendes-BRA, Connor O'Leary-AUS, Lucas Silveira-BRA e Thiago Camarao-BRA

15ª Bateria
Caio Ibelli-BRA, Tanner Hendrickson-HAW, Marc Lacomare-FRA e Kiron Jabour-HAW

16ª Bateria
Ricardo Christie-NZL, Santiago Muniz-ARG, Bino Lopes-BRA e Jean Da Silva-BRA

17ª Bateria
Jadson Andre-BRA, Tim Reyes-USA, Yadin Nicol-AUS e Leandro Usuna-ARG

18ª Bateria
Kanoa Igarashi-USA, Mitch Coleborn-AUS, Gonzalo Zubizarreta-ESP e Miguel Tudela-PER

19ª Bateria
Maxime Huscenot-FRA, Michael Dunphy-USA, Krystian Kymerson-BRA e Jose Ferreira-PRT

20ª Bateria
Italo Ferreira-BRA, Brent Dorrington-AUS, Nathan Hedge-AUS e Robson Santos-BRA

21ª Bateria
Miguel Pupo-BRA, Nathan Yeomans-USA, Pedro Henrique-PRT e Luel Felipe-BRA

22ª Bateria
Alex Ribeiro-BRA, Noe Mar McGonagle-CRI, Granger Larsen-HAW e Joshua Moniz-HAW

23ª Bateria
Patrick Gudauskas-USA, Michael Rodrigues-BRA, Ian Gouveia-BRA e Perth Standlick-AUS

24ª Bateria
Filipe Toledo-BRA, Vasco Ribeiro-PRT, Frederico Morais-PRT e Messias Felix-BRA
BATERIAS REALIZADAS NESSA TERÇA-FEIRA, 3
1ª Bateria
Victor Bernardo-BRA 13,70, Soli Bailey-AUS 13,07, Noah Schweizer-USA 11,60 e Nic Von Rupp-PRT 11,50

2ª Bateria
Marco Fernandez-BRA 13,60, Mateia Hiquily-PYF 10,83, Ryan Callinan-AUS 9,23 e Charly Martin-GLP 5,43

3ª Bateria
Conner Coffin-USA 14,60, Hizunome Bettero-BRA12,40, Michael Wright-AUS 10,97 e Joan Duro-FRA 10,56

4ª Bateria
Sebastian Zietz-HAW 16,83, Hiroto Arai-JAP 12,46, Heitor Alves-BRA 12,40 e Deivid Silva-BRA 11,97

5ª Bateria
Keanu Asing-HAW 14,56, Willian Cardoso-BRA 13,93, Adrien Toyon-FRA 11,97 e Hiroto Ohhara-JPN 10,30

6ª Bateria
Leonardo Fioravanti-ITA 16,17, Billy Stairmand-NZL 13,83, Stuart Kennedy-AUS 11,33 e Nomme Mignot-FRA 10,84

7ª Bateria
Tomas Hermes-BRA 15,07, Davey Cathels-AUS 14,13, Medi Veminardi-REU 12,73 e Marco Giorgi-URY 8,13

8ª Bateria
Wiggolly Dantas-BRA 13,50, Tomas Fernandes-PRT 11,46, David do Carmo-BRA 8,43 e Wade Carmichael-AUS 7,56

9ª Bateria
Beyrick De Vries-ZAF 14,56, Ezekiel Lau-HAW 12,43, Timothee Bisso-GLP 11,16 e Dale Staples-ZAF 6,30

NOTICIAS

No topo no Brasil, Timão teria poucas chances contra Barça, diz jornalista

Ao lado de Cereto e Tim Vickery, Garambone imagina duelo entre líder do Brasileiro e Barcelona, que arrematou títulos como Liga dos Campeões e Campeonato Espanhol

Por Rio de Janeiro


Com 73 pontos no Campeonato Brasileiro, o Corinthians está muito perto de conquistar o hexacampeonato após ter vencido o Atlético-MG por 3 a 0 e aberto 11 pontos de vantagem a cinco rodadas do fim da competição (confira a tabela). A campanha incrível do time de Tite despertou a curiosidade do internauta Gildásio Ferreira, que lançou uma pergunta no "Redação SporTV": "o Timão de hoje teria alguma chance contra o Barcelona"
Para os jornalistas que participaram do programa, a missão seria um tanto complicada - após acumular títulos em 2015, entre eles a Liga dos Campeões, o Barça ainda disputa a final do Mundial de Clubes, em dezembro, que terá o River Plate - campeão da Libertadores - como representante da América do Sul (assista ao vídeo, aos 6min50). 
Corinthians x Ponte Preta Jadson (Foto: Marcos Ribolli)Jadson é um dos destaques da campanha do Corinthians no Campeonato Brasileiro (Foto: Marcos Ribolli)
- Alguma chance sempre tem, mas hoje o Barcelona é melhor. Acho que o Barcelona venceria nove entre 10 (contra o Corinthians) - disse Sidney Garambone, da TV Globo.
O jornalista Carlos Cereto, chefe de jornalismo do SporTV em São Paulo, também participou do debate. Cereto elogiou o trabalho do técnico Tite e, ao imaginar um confronto entre o melhor brasileiro e o melhor europeu, cogitou um jogo bom, mas também apostou em vitória do Barça, de Neymar, Messi, Suárez e cia.
- Acho que o Corinthians não tomaria um passeio. Como o Garambone falou, se jogarem 10 vezes, vai dar nove vezes Barcelona, sobretudo se tiver o trio Neymar, Suárez e Messi é muito, muito difícil. Mas não tomaria um passeio, daria jogo. Agora, se o Suárez tivesse do lado do Corinthians, no lugar do Vagner Love, ficaria mais fácil - disse.
O jornalista inglês Tim Vickery, da BBC, lembrou de encontros entre time brasileiros e grandes da europa e citou que nem sempre aquele que era considerado o favorito levou a melhor. O Internacional, por exemplo, conquistou o Mundial de 2006 em cima do Barcelona de Ronaldinho Gaúcho, Deco e outras estrelas. O Timão levantou o mesmo troféu, em 2012, com vitória sobre o Chelsea. 
-  O Liverpool era melhor que o São Paulo em 2005, o Barcelona era melhor que o Internacional em 2006 e o Chelsea era melhor que o Corinthians em 2012. Em um jogo contra o Barcelona, claramente o Barça tem mais virtudes. Caberia ao Corinthians tentar anular o jogo do Barcelona. Em um jogo de 90 minutos, o menor pode vencer o melhor com aplicação tática, ideia coletiva e um pouquinho de sorte - disse Tim, ao responder a pergunta sobre as chances do Timão. 
Após vencer o Atlético-MG na última rodada, o Corinthians pode conquistar o hexacampeonato na próxima rodada caso vença o Coritiba, no sábado, e o Galo não derrote o Figueirense. 

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