CORITIBA

Meia confirmou sua aposentadoria e o novo cargo no time: será dirigente e um elo entre a diretoria e o elenco de jogadores

Tcheco se aposenta dos gramados e assume cargo
  Coritiba (Foto: Gabriel Hamilko / GloboEsporte.com)

Lúcido e confiante do que quer para a vida. Dessa maneira, o meia Tcheco anunciou a sua aposentadoria dos gramados, durante entrevista coletiva no estádio Couto Pereira, no início da tarde de quarta-feira.

Nascido Anderson Simas Luciano, em Curitiba, o jogador ficou conhecido pelo apelido nos 16 anos em que jogou futebol profissionalmente. Sua carreira começou no Paraná Clube no início da década de 90 e, entre os seus destaques, estão uma final de Libertadores da América, uma carreira no futebol árabe e o status de ídolo na sua última temporada no Coritiba, quando resolveu pendurar as chuteiras.

Mas a probabilidade de pendurar as chuteiras já vinha sendo anunciada desde o fim do Campeonato Paranaense de 2012. Com 36 anos completados no último dia 11 de abril, o meia foi abreviando o adeus conforme o Coritiba crescia na Copa do Brasil, enquanto recebia homenagens dos torcedores e pedidos para que ficasse. 

- Estou aqui para anunciar a parte mais difícil de um jogador, que não é perda de um título, mas sim a finalização de uma carreira. Um momento que a gente nunca está preparado para chegar ou falar. Espero uma nova oportunidade fora dos gramados e poder ajudar diante dos dirigentes e jogadores.

Estou aqui para anunciar a parte mais difícil de um jogador, que não é perda de um título, mas sim a finalização de uma carreira"

Tcheco

O futuro dele vai apagar o apelido Tcheco e introduzir o nome oficial, que será assinado como diretor de futebol. Seu papel será de um conselheiro dos atletas e braço direito na supervisão de futebol.

- Vou ser um olho clínico para o clube, principalmente na área técnica. Tirar um pouco a sobrecarga de trabalho do Felipe (Ximenes). O Coritiba vai construir um novo CT e vamos ver, até fora do país, bons modelos. Quando o Coritiba tiver interesse em um novo jogador, nós vamos analisar se ele é um bom jogador mesmo e compatível ao Coritiba.

Durante o seu discurso, Tcheco foi acompanhado, ao lado, pelo presidente Vilson Ribeiro de Andrade, que destacou a aquisição administrativa do clube do Alto da Glória.

- Até peço desculpa por chamar ele de Tcheco, pois agora nós vamos chamar ele pelo nome completo, como diretor do Coritiba. Mas quero manifestar, em nome do Coritiba, o carinho que nós temos pelo Tcheco e que nunca será apagado. Sinto triste por perder o capitão em campo, mas feliz por ter um novo capitão na administração - declarou o presidente Vilson Ribeiro de Andrade.

Tcheco segura a emoção e agradece todos os técnicos da carreira (Foto: Gabriel Hamilko / GloboEsporte.com)

Lembranças e agradecimentos

Durante o pronunciamento de despedida, Tcheco fez questão de lembrar a sua trajetória, desde o início, no futebol de salão, quando atuou com grandes nomes, como o técnico paranista Ricardinho.

- Primeiro, é uma felicidade imensa de jogar oito anos de futebol de salão e jogar em um das melhores equipes do futsal paranaense. Um time memorável da época. Se não a maior, uma das maiores felicidades da minha carreira.

Sou grato a todos, que me enriqueceram no futebol. Com certeza vou levar esse legado para o trabalho de dirigente ou direto"

Tcheco

O agora dirigente também lembrou e agradeceu aos técnicos com quem trabalhou. Segundo ele, o aprendizado de cada um será levado para suas novas atribuições.

- Já no futebol, quero agradecer a todos os técnicos que me comandaram. Desde o juvenil até o último. Não vou citar todos, para não esquecer ninguém. Sou grato a todos, que me enriqueceram no futebol. Com certeza vou levar esse legado para o trabalho de dirigente ou diretor.

Assim como já tinha feito na noite de terça-feira, nas redes sociais, Tcheco destaca os três clubes que mais marcaram os 16 anos de carreira dele: Coritiba, Al-Ittihad e Grêmio.

- Destaco três clubes que tive identificação e foram marcantes para mim. O clube na Arábia, pela história e amigos que fiz lá. Pelo Grêmio, três anos e meio e o Coritba, onde vim finalizar minha carreira. Não vim finalizar por finalizar, mas acho que ajudei muito. Não conquistei duas estrelas da Copa do Brasil, mas vim resgatar a alegria do torcedor, com recordes e mais dois campeonatos paranaenses - completa.

Últimas atuações

Tcheco matinha um bom desempenho nas últimas partidas em que participou. Se a velocidade não era mais a mesma, o jogador sabia se colocar muito bem, continuava chutando de longe com perigo e era uma referência dentro de campo.

 Uma de suas últimas boas atuações foi contra Sport, no Couto Pereira, na derrota do Coxa por 3 a 2, pela sétima rodada. Apesar do placar, o meia foi responsável pelo passe do primeiro gol e ainda fez o segundo gol do time, que lhe rendeu nota 7,5 no Armandão da rodada e acima de outros veteranos como Juninho Pernambucano, do Vasco.

Apesar da aposentadoria anunciada, Tcheco também dava sinais de que não estava 100% convencido de parar. A cada jogo, a cada aproximação da data, o jogador declarava em entrevistas que ainda tinha vontade de continuar jogando.

Tcheco faz a volta olímpica com a taça de campeão paranaense (Foto: Gabriel Hamilko/Globoesporte.com)

Finalista da Libertadores e tri-campeão paranaense

Tcheco foi o capitão da campanha do Grêmio na Taça Libertadores de 2007, quando o time chegou na final, mas foi derrotado pelo Boca Juniors.  Ele teve duas passagens pela equipe gaúcha  (2006-07 e 2008-2009), assim como pelo Coritiba (2002-03 e 2011-12).

Tcheco foi tri-campeão paranaense pelo Coritiba
(Foto: Divulgação/site oficial do Coritiba)

Na primeira temporada no Coritiba, o meia se destacou no Campeonato Brasileiro de 2002 e, no ano seguinte, foi um dos líderes do título do Paranaense obtido de forma invicta pelo Coritiba. O desempenho lhe valeu uma transferência no mesmo ano para o clube árabe Al Ittihad, onde, além da independência financeira, Tcheco conquistou título importantes como a Copa do Rei em 2003 e a Copa da Ásia no ano seguinte.

Na sua segunda passagem pelo Coritiba, Tcheco chegou para reforçar um time que começava o ano com um bom astral. Depois de garantir a volta para a Série A do Brasileiro com três rodadas de antecedência, em 2010, o Coritiba entrava o ano de 2011 para fazer história, a começar pelo título paranaense, quando venceu os dois turnos e nem mesmo deu a chance de uma final.

O ano mágico do Coritiba ainda teve sequência de 24 vitórias, registrada no livro Guinness dos recordes, e a chegada então inédita na final da Copa do Brasil, além de uma boa campanha no Brasileiro, que lhe valeu a sétima posição.

Em 2012, Tcheco ganhou ainda mais importância tática dentro do time, que demorou para encaixar e encontrava regularidade no veterano jogador, que foi um dos líderes dentro e fora do campo do seu terceiro título paranaense.

Tcheco recebeu homenagens do torcedores durante sua passagem(Foto: Gabriel Hamilko / Globoesporte.com
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