sábado, 6 de abril de 2013

ESTADUAIS 2013



Estádio viveu momentos marcantes desde o último gol no antigo estádio até a inauguração feita pela presidente Dilma Roussef nesta sexta-feira


Se tivesse trilha sonora, o fim de semana soteropolitano poderia ser musicado por uma canção de Vinícius de Moraes. Os versos de “Samba da Volta” cairiam perfeitamente como homenagem ao panteão baiano que volta à cena neste domingo. “Você voltou, meu amor. Alegria que me deu. Quando a porta abriu você me olhou, você sorriu. Ah, você se derreteu”. É tempo de Fonte Nova.
Quando os portões da nova arena se abrirem às 11h30m de domingo (o pontapé inicial está marcado para16h), será hora de o torcedor baiano se derreter pela Fonte Nova. No entanto, para chegar até o Ba-Vi em condições de receber sua torcida, a Arena passou por vários momentos ao longo dos últimos seis anos. Nas próximas linhas, o GLOBOESPORTE.COM relembra o roteiro do estádio em dez atos.
Em um espaço de 1961 dias, o longo caminho vai do último gol no velho estádio ao primeiro chute da presidente Dilma na moderna arena de Copa do Mundo. De Ávine a Dilma, a Fonte Nova foi do êxtase na festa do acesso ao drama de ver sete dos seus apaixonados mortos. Do abandono entre ruínas à tensão pela implosão. Do sonho de sediar a Copa do Mundo à realidade de receber a Copa das Confederações. Com dramas, conquistas, erros, acertos e histórias, surge uma nova Fonte Nova. Feita, acima de tudo, de gente. Gente como Márcia, Milene, Midiã, Jadson, Djalma, Anísio, Joselito, vivos eternamente nas lembranças, mártires de um erro que jamais deve ser esquecido. Gente como ‘Seu’ Brasilino, Flor, Valdeida e Pereirão, operários de uma obra histórica. Gente como Beijoca, Ricky, Osni, Douglas e André Catimba, eternos deuses do futebol baiano. Gente como o herói de arquibancada que não vê a hora de voltar a soltar, na Fonte Nova, o grito de apoio a seu time de coração. Regressivamente, lembramos dez momentos marcantes da história recente do estádio.
10: O último gol - 22 de novembro de 2007
O dia era 22 de novembro de 2007, o lateral Ávine marca o terceiro gol do Bahia na vitória sobre o ABC, pela Série C daquele ano. Ávine ainda não sabia, mas aquele seria o último gol da antiga Fonte Nova. Os dois primeiros gols do Bahia na partida foram marcados por Elias – um no primeiro e o outro no segundo tempo. Ávine começou o jogo no banco de reservas. Treinado por Arturzinho, o time atuava no 3-5-2.
O lateral-esquerdo só entrou em campo no segundo tempo, exatamente na vaga do autor dos dois primeiros gols do jogo. Mais de 60 mil pessoas estiveram no estádio para acompanhar a partida que deixou o Bahia bem perto do seu objetivo naquela temporada. Quase seis anos depois, Ávine crê que o momento foi um marco na sua carreira.

- Eu só me dei conta de que tinha feito o último gol do estádio quando foi interditado. Só ali que a ficha caiu. O último gol é minha maior lembrança da Fonte Nova. Foi algo que ficou marcado para mim – afirma o jogador, quase seis anos depois.
9: O último ato - 25 de novembro de 2007
O dia era para ser apenas de festa para o Bahia, mas terminou em tragédia com pelo menos sete mortos. No empate em 0 a 0 com o Vila Nova, que garantiu o acesso do time para a Série B do Brasileirão, uma parte do anel superior da Fonte Nova cedeu, por volta dos 35 minutos do segundo tempo da partida, em frente ao ginásio de esportes que funcionava no próprio estádio. Torcedores caíram de uma altura de 20 metros. Outras 30 pessoas ficaram feridas e foram levadas para três hospitais da cidade.
Fonte Nova tragédia (Foto: Futura Press)Em 2007, a Fonte Nova viveu o seu pior momento: uma tragédia e sete mortos (Foto: Futura Press)
A tragédia estava anunciada há tempos. Apenas 24 dias antes do acidente, um relatório elaborado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Arquiteturas e Engenharia (Sinaenco), colocava o estádio baiano como o pior entre os 29 principais do país. Problemas nos banheiros, de ferrugem e oxidação, foram apontados no estudo feito para avaliar as condições que os estádios brasileiros teriam para sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014.
As vítimas fatais foram Márcia Santos Cruz, Milene Vasques Palmeira, Midiã Andrade dos Santos, Jadson Celestino Araújo Silva, Djalma Lima Santos, Anísio Marques Neto e Joselito Lima Júnior. Três anos depois, o presidente da Superintendência de Desportos da Bahia (Sudesb), o ex-jogador Raimundo Nonato Tavares, o Bobô, e Nilo dos Santos Júnior, ex-diretor de operações do órgão, foram absolvidos de qualquer culpa na tragédia pela justiça baiana.
8: Abandono - 2008 e 2009
Fonte Nova antiga (Foto: Cahê Motta)Entre 2008 e 2009, Fonte Nova viveu entre mendigos
e escombros (Foto: Cahê Motta)
Entre a interdição, logo após a tragédia de 2007, e a demolição, em 2010, a Fonte Nova viveu um período estranho. Entre mendigos e escombros, o estádio viveu um momento de abandono.
Sem manutenção por parte do governo, uma vez que já havia a decisão pela implosão, o estádio passou a fazer parte de um cenário sombrio, como um grande cemitério ao ar livre.
Durante um pouco mais de dois anos, a Fonte Nova não foi nem sombra do maior palco de alegrias do esporte baiano. Somente em 2010, com o início dos preparos para a demolição, o clima se quebrou.

7: A implosão - 29 de agosto de 2010 
Em 17 segundos, 59 anos de história foram ao chão. Em dois anos, boa parte do concreto que veio abaixo na manhã de 29 de agosto de 2010 ajudou a reconstruir a nova Arena Fonte Nova. Ao todo, foram 77 mil toneladas de concreto. Milhares de baianos foram até o local, como em uma cerimônia de despedida, para acompanhar a implosão. O estádio veio ao chão sob aplausos dos soteropolitanos.
FONTE NOVA; implosão (Foto: Agência A Tarde)Fonte Nova foi implodida em agosto de 2010 (Foto: Agência A Tarde)
A implosão foi cercada de expectativa. Por questões de segurança, o processo teve um atraso de 27 minutos. O ocaso do velho estádio marcou o início da construção da nova arena baiana para a Copa do Mundo e da Copa das Confederações.
implosão do estádio Fonte Nova (Foto: Eduardo Martins / Ag. A TARDE )Concreto gerado pela implosão foi utilizado na reconstrução do estádio (Foto: Eduardo Martins / Ag. A TARDE )
6: O primeiro teste - 17 de janeiro de 2012
Fonte Nova; centro de visitação; obras; ronaldo (Foto: Eric Luis Carvalho/Globoesporte.com)Na 1ª vez de Valcke na Bahia, Fonte Nova ainda não
tinha cara de estádio (Foto: Eric Luis Carvalho)
Um ano e cinco meses após o início das obras, a Arena Fonte Nova passou pelo seu primeiro grande teste. Com 44% da obra concluída, o estádio recebeu a visita de Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa. Ainda sem cara de estádio, a arena baiana não tinha garantias de que estaria na Copa das Confederações de 2013.

Sob o clima de expectativa dos baianos, Valcke disse, durante a visita, que a Bahia havia passado no teste. O secretário fez elogios à obra e mostrou confiança em ver a arena concluída no prazo para a Copa das Confederações. No entanto, dias depois, no Rio de Janeiro, Valcke fez críticas às ruas do entorno do estádio, consideradas muito estreitas.

5: A confirmação -  8 de novembro de 2012
Depois de muito mistério, a Fifa confirmou, em novembro de 2012, que a Arena Fonte Nova seria um dos seis estádios da Copa das Confederações. A decisão premiou a corrida contra o tempo dos baianos para entregar o estádio no prazo para participar do evento teste para a Copa do Mundo de 2014. 
O comunicado foi feito pelo presidente do COL, José Maria Marin, em um evento no Museu do Futebol, em São Paulo. Assim como Salvador, Recife também garantiu a sua participação no torneio neste dia. De acordo com Marin, a decisão foi tomada com base nos relatórios de análise de desempenho das sedes.
Menos de um mês depois da confirmação da participação na Copa das Confederações, Salvador ganhou um prêmio ainda maior. O sorteio do evento deu à capital baiana a honra de sediar um dos jogos mais esperados da competição: o duelo entre Brasil e Itália, além de Nigéria e Uruguai, mais a decisão do terceiro lugar. A Bahia ainda ganhou outro presente. O complexo hoteleiro de Sauípe, no litoral norte do estado, será o local que vai receber o sorteio da Copa do Mundo de 2014.

4: A checagem - 29 de janeiro de 2013
No fim do mês de janeiro deste ano, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, visitou Salvador pela segunda vez. O secretário elogiou o andamento da obra, que naquele momento já se encontrava em fase final, e disse ter recebido garantias de que o estádio estaria em totais condições de uso para a Copa das Confederações. A principal preocupação do dirigente, no entanto, era o setor de telecomunicações. O dirigente pediu prioridade dos soteropolitanos, e de todas as outras sedes, na área de comunicação e tecnologia.
visita fifa; salvador (Foto: Eric Luis Carvalho)Na segunda visita à Salvador, Valcke elogiou as
mudanças feitas no estádio (Foto: Eric Luis Carvalho)
Enquanto o dirigente discursava, operários trabalhavam em ritmo acelerado para concluir a obra. A velocidade chamou atenção de Valcke, que elogiou o andamento dos trabalhos.
- Tenho plena confiança de que não haverá atrasos na entrega da Arena. Nesta manhã, também tivemos boas explicações sobre o estádio e também sobre as frotas de transporte. Sabemos das dificuldades de ter um estádio dentro da cidade, mas temos trabalhado juntos - disse Valcke, na ocasião.
O representante da Fifa ainda falou sobre as intervenções urbanas feitas no entorno do estádio - uma crítica sua na sua primeira vez na Bahia.

- Fui informado sobre essas obras, e acho importante que tenham sido feitas ações de acessibilidade.

O governador da Bahia, Jaques Wagner, completou a fala de Valcke.

- Esse é um exemplo clássico de integração com a Fifa. Naquela ocasião, o secretário falou sobre isso. Nós fizemos intervenções e investimentos nas área do entorno do estádio. Isso é a integração entre quem está acostumado a fazer um evento desse porte, que é Fifa, e nós, que estamos trabalhando para fazer uma grande Copa do Mundo.

3: A "primeira" entrega - 8 de março de 2013
Após duas remarcações da data, a Arena Fonte Nova foi entregue simbolicamente ao Governo do Estado da Bahia no começo do mês de março. Anteriormente, a arena estava programada para ser entregue no dia 31 de dezembro, cerimônia que foi remarcada para o dia 28 de fevereiro.
A data simbólica marcou apenas a finalização das obras físicas da Arena: após a "entrega", operários e máquinas continuaram trabalhando no local. A cerimônia marcou, na verdade, o início do período de supervisão dos reparos finais e da fase de testes do estádio.
Depois disso, locatários dos bares, responsáveis pela decoração, mobília e outras atividades começaram a trabalhar para deixar tudo pronto para o dia da estreia. Após a entrega, a imprensa teve acesso pela primeira vez ao interior do estádio em todos os seus níveis.
2: A fila - 29 de março
Após quase seis anos, o torcedor voltou a encarar uma fila para conseguir uma entrada para a Fonte Nova. Apesar do estádio novo, o tratamento dado à torcida foi o de antigamente. Depois de passarem a noite ao redor do estádio à espera da abertura das bilheterias, torcedores do Bahia se envolveram em uma confusão no local. A Polícia Militar teve que utilizar bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para controlar a multidão. Algumas pessoas chegaram a desmaiar. Segundo a polícia, seis pessoas ficaram levemente feridas.
Revoltados, os torcedores gritavam e cantavam nas filas:

- Não é mole, não! Na Fonte Nova falta organização!
confusão ingressos bahia fonte nova (Foto: Margarida Neide / Futura Press)Compra de ingressos para o Ba-Vi inaugural da Fonte Nova teve muita confusão (Foto: Margarida Neide / Futura Press)
Como se não bastassem os conflitos entre torcedores do Bahia e a Polícia Militar, as torcidas organizadas do Tricolor e do Vitória também tiveram um confronto, mas nas proximidades da rua da Saúde, no bairro de Nazaré. O local é tradicionalmente conhecido como ponto de confronto entre as organizadas nos dias de clássicos da Fonte Nova. Torcedores pertencentes às duas maiores organizadas de Bahia e Vitória causaram confusão na região e chegaram a usar pedras no momento das agressões.
Os ingressos para a partida se esgotaram por volta das 12h30m do dia 29. Os bilhetes para a torcida do Bahia acabaram em apenas duas horas. Pouco tempo depois, as entradas para torcedores do Vitória também se esgotaram, inclusive nas bilheterias do Barradão. Os ingressos estavam sendo vendidos na Arena Fonte Nova, no estádio de Pituaçu, no Barradão e através da internet. A venda presencial na Arena teve início às 10h (horário de Brasília) daquela sexta-feira. Na internet, a comercialização deveria começar à meia-noite, mas problemas técnicos fizeram com que o site só funcionasse plenamente mais de uma hora depois. Apesar da dificuldade, a carga de 30% para a venda on-line foi esgotada no início daquela manhã.

1: Inaugurada - 5 de abril
A Arena Fonte Nova foi oficialmente inaugurada nesta sexta-feira, em uma cerimônia que contou com a presença da presidente Dilma Rousseff. A Arena tornou-se o terceiro estádio brasileiro entregue para a Copa do Mundo.
Depois de um tour pela praça esportiva para conhecer todas as dependências da Arena, Dilma foi até o centro do gramado, acompanhada pelo governador Jaques Wagner, e deu o primeiro chute no estádio. Na plateia, operários que trabalharam na obra, crianças, integrantes de projetos sociais, diversas autoridades e ex-jogadores como Bobô, Zé Eduardo e Osni.
A presidente Dilma rasgou elogios à Fonte Nova. Segundo ela, o formato de ferradura dá à Arena uma característica única.
- Tenho uma palavra para sintetizar o impacto desse estádio. Essa construção é única. A palavra é orgulho. É uma obra que mostra a criatividade e o trabalho do povo baiano. Somos conhecidos como o país insuperável ali naquele campo, e estamos mostrando do que somos capazes. Estamos mostrando que o Brasil fará um grande trabalho na Copa do Mundo, das Confederações e nas Olimpíadas. Queria dizer uma coisa: já participei de muitas inaugurações, mas essa ferradura dá um perfil, uma cara e uma atitude a esse estado. Mostra a característica e criatividade da Bahia - disse.
A primeira grande festa nas arquibancadas só vai acontecer neste domingo com a realização do clássico entre Bahia e Vitória. Duas horas antes do jogo, um grande show com as presenças de Ivete Sangalo, Margareth Menezes e o Olodum vai animar o torcedor. O evento terá como mestre de cerimônias, o ator baiano Fábio Lago. Quarenta mil pessoas são esperadas para a abertura da Fonte Nova com bola em campo e muita música.
A partir de agora, a Fonte Nova entra em uma nova era. Pronta para ver acontecer novos atos. O primeiro gol, o primeiro campeão, o primeiro Brasil x Itália em solo brasileiro. Essas e outras histórias vão ganhar vida na Arena Fonte Nova
.

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