sexta-feira, 17 de maio de 2013

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Baixa média de público no Campeonato Mato-grossense contrasta com construção do estádio. Inauguração é vista como virada para o esporte local


Projetada para ser um espaço multiuso, a Arena Pantanal terá que fazer jus a esse título, pois se depender somente do futebol, pode ser considerada um elefante branco. A média de público dos três times de Cuiabá não garante nem 10% da capacidade do estádio, projetado para ter 44.336 torcedores nas arquibancadas e camarotes.
E o pior: a soma geral de todos os pagantes do Campeonato Mato-grossense deste ano, principal competição do Estado, chegou a apenas 44.926 pagantes. Ou seja, somente quando se junta o público de todas as 78 partidas do Estadual é que dá para encher a Arena Pantanal.
Soma de público no EstadualArena Pantanal
44.92644.336
Em recente visita ao local, o ministro do Esporte Aldo Rebelo, argumentou que as cidades sem representatividade no futebol construíram seus estádios com foco nas ações alheias a esse esporte. Ele chegou a citar a baixa média de público nos principais estaduais do país para justificar que isso é uma tendência.
O secretário da Secopa-MT, Maurício Guimarães, também reitera que a Arena Pantanal será rentável. O projeto prevê que no espaço haverá shopping, restaurantes, espaços de lazer, hotel, entre outros atrativos.
- Sabemos que a média de público não é muito alta, mas estamos tranquilos quanto a isso. A arena foi pensada para receber não só partidas de futebol, mas shows, eventos, convenções. Além disso, a população ganhará lojas, opções de lazer em seu entorno, hotel. O projeto é muito bom – defendeu Maurício.
obras estádio Arena Pantanal Copa (Foto: Arena / Fifa.com)Arena Pantanal tem previsão de entrega em outubro: 62% concluída (Foto: Arena / Fifa.com)
O secretário também aposta em um crescimento do público e dos clubes após a Copa.
- Eles tendem a aumentar suas receitas e chamar mais público com um espaço como a arena, já que ela por si só é um atrativo para o torcedor – completou.
Os clubes tendem a aumentar suas receitas com a utilização da arena
Maurício Guimarães, secretário da Secopa-MT
Os dirigentes dos clubes mato-grossenses reiteram a opinião. Para eles, uma arena na capital tornará obrigatório que um clube do estado se classifique ao menos para a Série B do Campeonato Brasileiro.

- Se tudo der certo, o jogo do Cuiabá na Copa do Brasil 2014 será disputado na Arena Pantanal. Temos uma expectaviva boa, pois apesar dos números baixos, o futebol mato-grossense ganha corpo novamente. Com a chegada do novo estádio, podemos ficar com mais força e mais apoio do público. Com títulos, conquistamos mais torcida e um espaço melhor para eles assistirem o jogo ajuda muito - disse o vice-presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch.

Na final do Campeonato Mato-grossense, o clube concedeu alguns "mimos" para os torcedores como água e refrigerante de graça, cobertura, leques e promoção de camisas oficiais. A medida rendeu elogios dos presentes.
Hoje, dois times disputam a Série C: o Cuiabá, da capital, e o Luverdense, de Lucas do Rio Verde (a 360 km de Cuiabá), que eliminou o Bahia da Copa do Brasil. O Mixto, que também é da capital, garantiu vaga na Série D 2013, com o vice-campeonato estadual.
Após as quatro partidas que o estádio irá receber na Copa do Mundo, sua capacidade deverá cair para 27 mil assentos. Os dois últimos pavimentos dos setores norte e sul são desmontáveis. O custo para retirar a estrutura é alto: cerca de R$ 9 milhões.
Ainda não há uma definição concreta sobre a utilização do estádio pós-Mundial. A tendência é que uma licitação seja aberta para alguma empresa privada assumir a gestão da arena, que hoje pertence ao Governo do Estado. De acordo com Aldo Rebelo, algumas empresas já manifestaram interesse em administrar o estádio.
Clubes
Bastidores final do  Campeonato Mato-grossense 2013 entre Cuiabá e Mixto (Foto: Robson Boamorte/GLOBOESPORTE.COM)O estádio Dutrinha lotou somente na final
(Foto: Robson Boamorte/GLOBOESPORTE.COM)
Sem um time na Série A do Campeonato Brasileiro desde a década de 80, Mato Grosso sofreu com a queda da autoestima de seus torcedores, que outrora lotavam o estádio Governador José Fragelli, conhecido como Verdão – demolido em 2010 para dar lugar à Arena Pantanal.
O “Clássicos dos Milhões”, como é chamada a partida entre Mixto e Operário, clubes mais tradicionais do Estado, costumava movimentar os domingos na Baixada e levava mais de 40 mil pessoas para o estádio. Hoje, o Operário sofre para voltar à elite estadual. O Chicote da Fronteira foi rebaixado em 2011 e desde então não consegue o acesso.
Média de público é baixa
O Campeonato Mato-grossense 2013 terminou há duas semanas, com a vitória do Cuiabá sobre o Mixto, em jogo que levou 4611 pagantes ao estádio Presidente Eurico Gaspar Dutra, recorde de público da competição. Segundo os borderôs divulgados no site da FMF (Federação Mato-grossense de Futebol), os três times da capital tiveram, juntos, média de 446,1 pagantes, números irrisórios quando comparados à capacidade da Arena Pantanal, prevista para ser entregue em dezembro de 2013.
Torcida do Cuiabá Esporte Clube (Foto: Assessoria/Cuiabá Esporte Clube)Torcida do Cuiabá cresce, mas ainda é pequena
(Foto: Assessoria/Cuiabá Esporte Clube)
O Mixto é, de longe, o time da capital mato-grossense que mais leva torcedores ao estádio. Além de ser a equipe mais antiga do estado, é a que possui mais títulos estaduais, com 24 no total. Sua média foi de 668,8 por jogo na primeira fase. Contando com a fase final, a média sobe para 1005,5.
O Cuiabá, atual campeão, é uma equipe nova, foi fundada em 2001 e ainda sofre para conquistar o público. Mesmo assim, viu seus números crescerem consideravelmente desde 2011. O Dourado, como é chamado, foi finalista do estadual nos últimos três anos, tendo conquistado dois títulos. Sua média é de 380,4 por jogo na primeira fase e de 880,2 se contabilizar a fase final.

Já o Mato Grosso é o time que menos tem torcida, apesar de ser um dos mais antigos do estado. Fundado em 1948, o time era chamado Palmeiras do Porto, até mudar de nome nesta temporada. Teve média de 280,8 pagantes por jogo, com 301,2 pessoas se contar o jogo da semifinal, quando foi mandante.
Jogos no Dutrinha
Torcida mixtense lotou o estádio Presidente Dutra (Foto: Leonardo Heitor/Globoesporte.com)Estádio Dutra começou a ser utilizado com mais frequência após a demolição estádio Verdão
(Foto: Leonardo Heitor/Globoesporte.com)
Desde que o Verdão foi demolido para dar início à construção da Arena Pantanal, os times ficaram restritos quanto à utilização de estádios. A capital tem apenas o Eurico Gaspar Dutra, o Dutrinha, com capacidade para cinco mil pessoas.
Apesar de ser um estádio pequeno, dificilmente recebe lotação máxima. Na Copa do Brasil deste ano, o Mixto levou menos de três mil pagantes na partida contra o Vitória-BA. Em 2012, o Cuiabá foi quem levou o maior público do estádio, desde que a arena começou a ser construída. Na partida contra a Portuguesa-SP, também pela Copa do Brasil, cinco mil pessoas acompanharam o empate.
De acordo com Fábio Ramirez, um dos diretores da torcida organizada do Mixto, a Boca Suja, a expectativa é que com a inauguração da Arena Pantanal os torcedores mato-grossenses voltem a frequentar estádios.
- O estádio Dutra não tem nenhum conforto. Sem cobertura, estacionamento, banheiros em más condições, sem água, enfim, nada de atrativo. Um pai não vai levar sua família em um local assim. Com a Arena Pantanal, teremos um local de verdade para assistir aos jogos, com toda estrutura, praça de alimentação, espaço de lazer. Antes do estádio Verdão ser demolido, o Mixto levava em média 5 mil pessoas, nos últimos anos. Em 2005, na final da Copa Mato Grosso contra o Operário, o Verdão recebeu 30 mil pessoas – disse o torcedor.
Futebol Americano em crescimento
Se o futebol não for o carro-chefe do pós-Copa, a Arena Pantanal pode ver no futebol americano sua redenção quanto a encher, ou pelo menos ter mais público, em suas arquibancadas. O Cuiabá Arsenal é o atual campeão brasileiro e leva cerca de duas mil pessoas por jogo. Na final do torneio, o estádio Dutrinha recebeu lotação máxima, com cinco mil pessoas torcendo pela equipe.
Considerada a nova febre da capital, a equipe é considerada uma das maiores potências da modalidade no país. Seu capitão, Igor Mota, é titular do Omaha Beef, da cidade de Omaha, nos EUA, celeiro do esporte. Outros quatro atletas jogam e estudam na terra do Tio Sam. Todos retornam para a disputa do Campeonato Brasileiro, marcado para começar em agosto. Neste ano, o clube teve 10 jogadores convocados para a Seleção Brasileira.
Queremos que a arena fique pronta logo
Orlando Ferreira, presidente do Cuiabá Arsenal
Para o presidente Orlando Ferreira, o futebol americano por si só é um espetáculo à parte para o torcedor. Com a Arena Pantanal, a tendência é que as pessoas se interessem ainda mais pela modalidade.
- Com arena teremos mais opções para o torcedor. Podemos oferecer um serviço maior e, consequentemente, vamos aumentar nosso público. Uma partida de futebol americano é longa e podemos associar o jogo com shows no intervalo, por exemplo, além de outras atividades. Queremos que a arena fique pronta logo – disse Orlando.
Orlando avalia que a Arena Pantanal pode significar uma nova era para a população mato-grossense, carente de espaços que comportem grandes eventos culturais e esportivos.
- Será um bom espaço de entretenimento para as famílias. Temos uma carência grande de locais como este que está por vir. Sendo bem utilizada, ela será muito útil. Só resta aguardar e ver qual procedimento teremos com ela, principalmente com seus custos. Hoje, o Cuiabá Arsenal não visa lucro e uma partida na arena pode ter um custo alto. Para isso, precisamos do público e de uma boa renda na bilheteria – concluiu.
Cuiabá Arsenal torcida na final do Campeonato Brasileiro contra o Coritiba Crocodiles (Foto: Bruno Antunes/Divulgação)Cuiabá Arsenal tem média de dois mil torcedores por jogo. Na final o número saltou para cinco mil
(Foto: Bruno Antunes/Divulgação
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