quinta-feira, 1 de agosto de 2013

BRASILEIRAO 2013


Treinador acerta nas substituições, mostra características diferentes de Abel Braga e explica novo esquema para atender às mudanças do elenco tricolor


Senta, levanta, orienta, coloca o casaco, reclama, dá uma abaixadinha para ver o voleio errado de Kennedy e cerra os punhos para festejar - com direito a uma discreta corridinha - o gol salvador de Fred. Assim foi a agitada estreia deVanderlei Luxemburgo como técnico do Fluminense. Durante os 90 minutos da vitória por 1 a 0 sobre o Cruzeiro na noite dessa quarta-feira, no Maracanã, o novo treinador mostrou ter um estilo diferente do de Abel Braga à beira do campo. E festejou muito o que chamou de um triunfo para "tirar a inhaca".
- Falei antes do jogo: "Vamos fechar a casinha, trabalhar como equipe, negociar a bola...". O importante era tirar a inhaca. Voltou a ser um time com a cara do Fluminense. Em 2009, o Cuca chegou e precisava ganhar tudo. A torcida jogou junto e contagiou. Foi assim agora. Essa é a história do Fluminense, esse sofrimento da torcida. Quando eles crescem, o time cresce junto. Voltou a ser o Fluminense a que estamos acostumados a ver - vibrou.
Comandando sua equipe pela primeira vez após realizar um único treinamento nas Laranjeiras, Luxemburgo mesclou momentos de agitação com outros de tranquilidade. Vestindo uma camisa verde, por várias vezes orientou, gritou e reclamou à beira do campo. O volante Diguinho e o atacante Rafael Sobis foram os que mais receberam atenção. Em certos momentos, no entanto, Luxa preferia se sentar no banco de reservas por alguns minutos. Uma cena diferente para o torcedor nos últimos tempos, já que Abel permanecia em pé na área técnica durante os 90 minutos.
Falei antes do jogo: 'Vamos fechar a casinha, trabalhar como equipe, negociar a bola...'. O importante era tirar a inhaca"
Vanderlei Luxemburgo
Quando Wagner sofreu pênalti no fim do primeiro tempo, Luxa cerrou os punhos para comemorar. No intervalo, aproveitou para colocar um casaco. Mas o gesto nos momentos de alegria não mudou. Foi assim que ele vibrou com o gol de Fred, o primeiro de sua passagem pelas Laranjeiras. Antes, porém, precisou dar uma abaixadinha para enxergar o voleio errado de Kennedy que acabou virando uma assistência providencial.
Com a vantagem parcial no placar, o treinador fez um sinal claro com as mãos para seus defensores como quem dizia "calma, calma". E já sentado no banco novamente, ouviu a torcida extravasar a proximidade de encerrar a sequência de cinco derrotas: "Ô, o campeão voltou, o campeão voltou", gritavam os tricolores. Após o apito final, mais uma comemoração com o punho cerrado antes de descer rapidamente para o vestiário.
fluminense tatica luxa (Foto: Edgard Maciel de Sá)Esquema de Vanderlei tem Sobis e Fred à frente e meio-campo num losango, com Deco mais avançado, Diguinho e Wagner nos lados e Edinho (fora da foto) mais recuado (Foto: Edgard Maciel de Sá)
Nova tática e time mais compacto
Além do estilo à beira do campo, o torcedor tricolor mais atento reparou também no novo plano tático da equipe. O esquema passou do 4-2-3-1 para o 4-3-1-2. Sem as opções de velocidade da temporada passada, como Wellington Nem e Thiago Neves, Luxemburgo deixou claro que Fred não pode ficar sozinho no ataque. Para resolver o problema, ele adiantou Sobis, colocou Deco atrás dos atacantes e ainda centralizou Edinho, fixo, à frente da defesa - com Diguinho pela direita e Wagner caindo na esquerda.
- Fiz uma mudança e adotei o losango no meio. Adiantei o Sobis, deixei o Deco atrás dos atacantes. O time não estava acostumado e sentiu no início. Eram mais de dois anos jogando no 4-2-3-1. Girei a equipe. E não mudou nada com a entrada do Felipe. Apenas passei o Wagner para a posição do Deco. A característica do time do Abel era a velocidade. Isso mudou. Fred não pode mais ficar isolado. Não tenho o Nem para dar velocidade e se aproximar da área. Por isso adiantei o Sobis e aproximei o Deco. Temos que ter jogadores chegando perto do gol adversário sempre. Podem reparar que, no lance do gol do Fred, nós tínhamos vários outros jogadores na área para finalizar. Atacamos muito bem - elogiou.
Estrela nas substituições
Depois de ser dominado no primeiro tempo, o Fluminense cresceu na etapa final. As substituições de Luxa, aliás, tiveram papel fundamental na evolução da equipe. Felipe já havia entrado bem, ainda na etapa inicial, após Deco sentir dores na coxa direita. Depois vieram os jovens Igor Julião e Kennedy. O lateral deu velocidade e foi uma válvula de escape para o time pela direita. Já o atacante mostrou ousadia no lance do gol ao tentar um voleio. A boa atuação de Felip também rendeu pontos ao meia com o treinador principalmente em um momento em que o camisa 20 passa por uma má fase.
- É um jogador que faz a diferença. Muito técnico, desequilibra, tem o passe precisa, agudo... Ele olha para a frente, dificilmente passa para o lado. Entrou muito bem no jogo. Faltou um pouco de ritmo, já que ele treinou pouco nos últimos dias, mas é um jogador de que gosto muito e pretendo utilizar mais vezes. Fui o primeiro a convocar o Felipe para a seleção sub-20. E hoje ele já está até careca, tem uma piscina de favela na cabeça (risos) - brincou.
Luxemburgo jogo Fluminense e Cruzeiro (Foto: Cezar Loureiro / Agência O Globo)Luxa orienta o Fluminense em sua estreia com a camisa tricolor (Foto: Cezar Loureiro / Agência O Globo)
O setor defensivo foi outro a ganhar atenção especial e elogios de Luxemburgo. Muito criticada pelos torcedores nos últimos anos, a zaga voltou a passar em branco após quase dois meses - a última vez havia sido na vitória por 3 a 0 sobre o Criciúma, em Macaé, no início de junho. O goleiro Diego Cavalieri, que vinha falhando, também teve grande atuação com direito a três defesas difíceis. Segundo o treinador, reflexos de pequenas mudanças como a compactação do setor e um posicionamento diferente na bola parada.
- Essa foi a defesa menos vazada do Brasileiro em 2010 e 2012. Eles esqueceram como se joga? Não. Só precisam voltar a atuar como antes. Eu sabia que seria sofrido. O time não estava equilibrado emocionalmente. Eram cinco derrotas seguidas, para uma equipe que não está acostumada a perder. A zona de desconforto traz o desequilíbrio. Os resultados negativos aconteceram, mas estamos falando de um time campeão, que tem base, que tem treino. Vamos aproveitar isso e executar algumas mudanças. Vai ser tudo muito na base do papo porque a sequência de jogos é desgastante. Já temos que recuperar o time para domingo - resumiu.
Após a primeira vitória após a sequência de cinco derrotas, o Fluminense chegou aos 12 pontos e pulou para a 11ª posição do Campeonato Brasileiro. O time volta a campo no próximo domingo para enfrentar a Ponte Preta, às 16h (de Brasília), no Moisés Lucarelli, em Campinas, pela 11ª rodada
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