quinta-feira, 29 de agosto de 2013

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Alemão diz que errou ao abandonar o Furacão em 2006: 'Se pudesse mudar uma decisão na minha carreira, como jogador ou técnico, seria esta'


Lothar Matthäus carlos alberto torres  (Foto: Felippe Costa)Lothar Matthäus está no Rio de Janeiro para
compromissos profissionais (Foto: Felippe Costa)
“Não fui correto”. É assim que Lothar Matthäus intitula-se ao lembrar da rápida e polêmica passagem como treinador do Atlético-PR, entre janeiro e março de 2006. No Brasil para assuntos profissionais, o alemão abriu o coração e, pela primeira vez, afirmou ter tido uma atitude errada quando deixou o Furacão sem dar tchau à torcida, disse que esta é a única decisão que gostaria de mudar em toda a sua carreira e, sete anos depois, pediu desculpas aos rubro-negros.
Depois do Atlético-PR, Matthäus passou pelo comando do Red Bull Salzburg (Áustria), do Maccabi Netanya (Israel) e seleção da Bulgária, mas não trabalha como treinador desde 2011. Atualmente, é comentarista em uma TV alemã. Segundo o ex-jogador, ele foi obrigado a sair do país por problemas particulares e se arrepende até hoje.

- Não fui correto. No fim, eu realmente me sinto...  Não digo que me sinto envergonhado. Mas eu deixei algo que não poderia ter deixado. Tudo foi tão bem em Curitiba, os jogadores eram talentosos. Dagoberto, Michel Bastos... Um time muito bom, um presidente bom (Mário Celso Petraglia), grande  torcida. Se pudesse mudar uma decisão na minha carreira, como jogador ou técnico, seria esta. Gostaria de pedir desculpas aos torcedores do Atlético.

Em 28 de janeiro de 2006, a diretoria do Furacão surpreendeu a todos ao anunciar, em um contrato que valia R$ 3 milhões, a chegada de Matthäus, até então a maior aquisição da história do clube. A torcida logo se empolgou, recebendo o novo treinador com bandeiras da Alemanha na Arena da Baixada. Além disso, os dirigentes ofereceram uma gama de regalias ao ex-jogador, como escola para a enteada, dois carros e uma mansão em um condomínio de luxo de Curitiba. Em sua apresentação, dois dias depois, chegou a dizer que "gostaria que a parceria durasse mais de um ano. Vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que o presidente do clube me mantenha.”
Se eu pudesse mudar algo na minha carreira, nos 35 últimos anos, eu gostaria de mudar esta decisão"
Lothar Matthäus
A promessa ficou longe de ser cumprida. Menos de dois meses depois, oitos jogos, seis vitórias e dois empates, Matthäus reclamou de salários atrasados, mas o clube negou. No dia 7 de março, o site oficial do Furacão anunciou que o treinador se ausentaria do clube "por alguns dias para resolver assuntos pessoais na Alemanha". O treinador deixou o treino da manhã no CT do Atlético e viajou para São Paulo, onde fez voo de conexão para Frankfurt. No dia 20 de março, a diretoria anunciou o desligamento de Matthäus do cargo.
- Não aconteceu nada. Eu tive que voltar para a Alemanha por assuntos particulares. Não foi por mim, foi outra pessoa que me deu essa ideia de sair de Curitiba de um dia para o outro. Este foi o meu maior erro. Se eu pudesse mudar algo na minha carreira, nos 35 últimos anos, eu gostaria de mudar esta decisão. Eu não mudaria a final da Liga dos Campeões de 1999 (Bayern perdeu por 2 a 1 para oManchester United nos acréscimos). Quando você perde, você perde - explicou o alemão, no Rio.
Apesar de curta, a passagem de Matthäus por Curitba teve algumas polêmicas. A imprensa paranaense noticiou que Marijana, então esposa do técnico, foi quem pediu seu retorno à Alemanha, com ciúmes do marido no Brasil. O treinador se envolveu ainda em uma briga com um fotógrafo no saguão do hotel onde morava na capital paranaense (Matthäus teria até levado um soco na discussão). Nove dias após o anúncio da saída do alemão, o Atlético-PR publicou no site oficial as contas telefônicas que não foram pagas pelo ex-jogador, nos valores de R$ 3.068,71 e R$ 9.938,91.
Mosaico da bandeira da Alemanha para Matthäus no Atlético-PR (Foto: Reuters)Empolgada com chegada de Matthäus, torcida do Furacão fez mosaico da bandeira alemã (Foto: Reuters)
Em 20 de março de 2006, o clube divulgou duas cartas trocadas entre a diretoria e o treinador, ambas datadas de 16 de março. No texto enviado pelo clube, os dirigentes pedem o retorno imediato de Matthäus a Curitiba (lembrando que viajou dia 7 daquele mês e havia prometido aos jogadores que estaria de volta no dia 12). "Caso não o faça, seremos forçados a contratar outro treinador, pois não poderemos manter a equipe sem comando técnico como vem ocorrendo até a presente data, a par de que será considerado rescindido, por justa causa, o contrato de prestação de serviços", diz a carta. Abaixo, a resposta do alemão:
Aos Srs. Mario Celso Petraglia - Presidente
Alberto Maculan Vicentini - Diretor Superintendente
Clube Atlético Paranaense
Ref. sua correspondência de 16.03.06
Prezados Srs. Mario Celso Petraglia e Alberto Maculan Vicentini,
Infelizmente tenho de informar que, por força de motivos particulares de grande urgência, sou forçado a interromper minha atividade de técnico do CAP.
Portanto, venho solicitar aos srs. que gentilmente rescindam o contrato firmado entre nós em 01.02.06 - decisão com a qual estou de acordo.
Gostaria de deixar registrado meu agradecimento a todos aqueles que me apoiaram durante minha missão, mas em especial ao sr. Márcio Bittencourt, que por diversas vezes tentou dissuadir-me de desta que viria a ser uma das mais difíceis decisões que já tive de tomar.
Budapest, 19.03.06
Lothar Mathaus Atlético-PR 2006 (Foto: Reuters)Cena rara no Atlético-PR: Matthäus comandou time por apenas oito partidas em 2006 (Foto: Reuters)
Agora na TV, Matthäus diz que Guardiola precisa de tempo

Em alta como comentarista de futebol em um canal alemão, Matthäus afirma que não pretende voltar tão cedo a comandar uma equipe. Mas mudaria de ideia caso surgisse uma proposta tentadora.

- Estou tão feliz com minha vida hoje. Faço dois jogos por semana. O principal jogo sempre é meu, no fim de semana. E nos dias de semana faço Liga dos Campeões. É bom, vejo o futebol ao vivo, no estádio, não no estúdio. Gosto muito, não tem tanta pressão como técnico. Se chegar uma boa proposta, e se eu puder continuar como me sinto, posso mudar.

Ex-jogador do Bayern de Munique e um dos maiores ídolos do futebol alemão, Matthäus também comentou sobre a nova fase do clube com Josep Guardiola. Segundo o campeão mundial de 1990, o novo comandante ainda não teve tempo para mostrar seu estilo, mas que ele não encontrará no clube alemão o mesmo perfil de jogadores que tinha no Barcelona.
Bayern não tem o Messi. O Barcelona é um com o Messi e outro sem ele. O Bayern não depende de um jogador."
Lothar Matthäus
- Todo mundo o conhece do Barcelona. Ele continua em um clube organizado e com dinheiro,  que pode investir. Ele está no melhor time do mundo, pois o Bayern foi campeão da Liga dos Campeões. Agora temos que ver se o mesmo sistema do Barcelona poderá ser colocado no Bayern. Precisamos de tempo para isso. Mas ele não pode copiar o estilo. É impossível, pois a mentalidade dos jogadores é diferente. Bayern não tem o Messi. O Barcelona é um com o Messi e outro sem ele. O Bayern não depende de um jogador.
Alemanha, Brasil e Espanha favoritos em 2014

Ao analisar as chances dos países para a Copa do Mundo de 2014, Matthäus afirmou que a seleção da Alemanha chegará ao Brasil como uma das favoritas, ao lado do time de Luiz Felipe Scolari e Espanha.
- Espero uma grande Copa do Mundo. Brasil é diferente do que o Catar, por exemplo. Aqui as pessoas amam futebol. Além disso, o Brasil é um país lindo e as pessoas da Europa poderão ver os jogos e curtir muito. Estarei aqui para ver os jogos. A Alemanha é um dos países favoritos para o Mundial. Temos um grupo de jogadores de alto nível. Brasil mostrou na Copa das Confederações que pode chegar. A Espanha é atual campeã. O Uruguai também fez uma bela apresentação na última Copa. Ainda temos Itália, Holanda, França... Mas Brasil, Espanha e Alemanha são favoritos.
lothar matthaus novo treinador da Bulgária (Foto: agência AP)Último trabalho de Matthäus como técnico foi na seleção búlgara, entre 2010 e 2011 (Foto: agência AP
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