quinta-feira, 29 de outubro de 2015

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Pai nega sondagens de Ferrari e RBR, mas vê Verstappen campeão no futuro

Jos Verstappen, ex-piloto de Fórmula 1, acha que filho deve amadurecer mais como piloto na RBR. Conheça melhor os valores que cercam a família do talentoso holandês

Por Direto de Cidade do México, México
header livio oricchio (Foto: Editoria de Arte)header livio oricchio (Foto: Editoria de Arte)
Não há quem estivesse no Autódromo Hermanos Rodriguez, nesta quinta-feira, sob chuva, e não observasse as arquibancadas imensas construídas onde havia uma das mais famosas curvas da Fórmula 1, a Peraltada, antes do início da reta dos boxes. Curva de altíssima velocidade, longa, com asfalto ondulado e reduzida área de escape. Foi substituída por três breves curvas de baixa velocidade.
Chamou a atenção dos profissionais da F-1, também, o enorme interesse dos mexicanos pela volta da categoria ao país, depois de 23 anos. A última edição do GP do México foi em 1992, quando a Peraltada fazia parte do traçado. Nessa prova Michael Schumacher, com a Benetton, conquistou seu primeiro pódio, terceiro colocado. Venceu a dupla da Williams, Nigel Mansell em primeiro e Riccardo Patrese em segundo.
Dentre os que acompanhavam de perto os trabalhos de conclusão da pista na Cidade do México, hoje, estava o holandês Jos Verstappen, 43 anos, ex-piloto de F-1 – disputou 107 GPs, entre 1994 e 2003 -, pai da estrela emergente do show, Max, piloto da STR, de apenas 18 anos, celebrados dia 30 de setembro.
Fórmula 1 Max e Jos Verstappen (Foto: Getty Images)Max e Jos Verstappen: pai cuida da carreira do filho, uma das novas estrelas da Fórmula 1 (Foto: Getty Images)
Nessa entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com Jos diz que o filho, apesar de ter apenas um ano de automobilismo – disputou o Europeu de F3 em 2014 e terminou na terceira colocação - tem impressionado a todos na F-1, até ele próprio. Na segunda corrida, por exemplo, na Malásia, Max largou em sexto e marcou os primeiros pontos na F-1 ao receber a bandeirada em sétimo, o mais jovem da história a marcar pontos. Na Hungria, terminou a corrida em quarto, mesma colocação da prova de domingo, em Austin, nos Estados Unidos.
Não é à toa que já se discute qual o futuro desse holandês muito veloz e, pela experiência que tem, bastante maduro, a ponto de marcar pontos em sete das últimas nove etapas. No total, soma 45 pontos, é o décimo no Mundial, diante de 18 do companheiro, o também capaz espanhol Carlos Sainz Júnior, de 21 anos.
- Para dar um exemplo de como Max me surpreende, em Austin ele sabia como os pneus se comportariam e qual seria o andamento das 56 voltas da corrida, com pista seca a partir de certa hora. Eu já o vi fazer coisas extraordinárias, por conta do seu talento natural, mas este ano tem me impressionado – disse Jos.
No Circuito das Américas o filho de Jos conduziu o modelo STR10-Renault com brilhantismo, a ponto de largar em oitavo e chegar em quarto.
EM 2016, FICA NA STR
Os rumores já começaram. Helmut Marko, quem mais manda na questão de pilotos na RBR, estaria interessado em aproveitá-lo ao lado de Daniel Ricciardo, no lugar de Daniil Kyat, e a Ferrari já teria procurado Jos. Tudo foi desmentido pelo pai. “Max, na minha opinião, tem de permanecer mais um ano aqui na STR, ganhar experiência, conhecimento, e aí sim em 2017 pensar na transferência para uma equipe capaz de lhe dar um carro melhor”.
Fórmula 1 Austin MAx Verstappen (Foto: Getty Images)Verstappen é celebrado pela STR na chegada em Austin: holandês segue na equipe para a temporada 2016 (Foto: Getty Images)
Jos afirma que já em 2017 o filho pode realizar seu sonho: “Se ele conseguir uma equipe vencedora, o vejo como um piloto capaz de ser campeão do mundo. Tem velocidade, vai estar mais experiente, possui bom cérebro e é talentoso para conquistar o Mundial”.
A rápida adaptação de Max à complexa F1 não foi algo novo para Jos. “Sempre foi assim, desde os primeiros treinos no kart e depois quando passamos para os carros, no ano passado, na F3. Basta explicar uma única vez e Max entende. Este ano ele entendeu que se começasse a temporada cometendo erros seria o seu fim. Administrou o ímpeto inicial e agora soma pontos regularmente”.
Mas sempre há o que evoluir, segundo o pai. “Em todas as áreas é possível melhorar, ainda que o avanço dele já tinha sido enorme. Penso que Max tem de saber conviver com a política dentro do time, provavelmente onde mais precisa ainda avançar”. Jos cita que o filho deveria saber se impor mais em algumas circunstâncias, mas por ser tão jovem, ainda, é difícil.
“Em alguns momentos, um piloto deve dizer é isso o que quero, considero o melhor para mim, e pronto. É para ajudá-lo nessas horas, em especial, que estou aqui. Ele me conta tudo e eu não interfiro em nada na equipe, mas posso eventualmente falar por ele.” A relação dentro da STR é bastante profissional, destaca.
Max Verstappen e Bernie Ecclestone em entrevista ao site da Fórmula 1 (Foto: Divulgação)Max Verstappen e Bernie Ecclestone em entrevista ao site da Fórmula 1 (Foto: Divulgação)
Se Max achar que o pai está mais atrapalhando que ajudando, Jos afirma sentir-se pronto para deixá-lo só. “Eu vou para casa, ok, é decisão dele.” A forma como trabalha com o filho, porém, não o deve levar a esse ponto. “Todas as nossas decisões são colegiadas. Sento com Max e Raymond Vermeulen, meu empresário de quando estava na F-1, somos amigos, e colocamos as coisas negativas e as positivas sobre a mesa. Em comum acordo, entre nós três, decidimos tudo.”
NOVA CELEBRIDADE
Outro aspecto importante da conversa com Jos foi o fato de o filho ser um tanto desconhecido até o ano passado, na F3, e de repente estar dentre os mais procurados profissionais da F-1 por onde vai, virou celebridade. “É verdade, sentimos isso. Mas nossa vida não mudou nada, é um dos pontos fortes de Max. Ele me diz não sentir essa pressão e procura.”
O holandês conta que quando o filho corria de kart, sabia que tinha, necessariamente, de impressionar alguém. “Max me diz que se não encontrássemos quem o bancasse não haveria como prosseguir competindo, pois sabia que eu não tinha dinheiro. Até hoje me diz 'aquilo, sim, era pressão'”.
E Max impressionou, depois de vencer as três corridas da F3 disputadas no lendário Circuito Spa-Francorchamps, na Bélgica, e as três no fim de semana seguinte, em Norisring, Alemanha. Em entrevista ao GloboEsporte.com em Abu Dabi, no ano passado, Max contou: “Mister Marko (Helmut Marko) nos telefonou segunda-feira bem cedo para me oferecer a vaga de titular na STR este ano”.
Max Verstappen no circuito de Marina Bay, palco do GP de Cingapura (Foto: Getty Images)Max Verstappen no circuito de Marina Bay, palco do GP de Cingapura (Foto: Getty Images)
Jos lembra de todos os detalhes daquele dia, 30 de junho. “Tenho admiração por Helmut, ele tem um olho clínico para descobrir talentos. Quando me disseram que Max andaria na sexta-feira de manhã no treino livre de Suzuka, no ano passado, fiquei preocupado, por ser uma pista fácil de o piloto errar, ainda mais sem experiência alguma, e bater forte, pela ausência de grandes área de escape.”
Marko ouviu tanto Jos como o próprio Max sobre seus temores e disse, depois ao pai: “Fique tranquilo, sei o que estou fazendo, Max dará conta do recado”. E deu mesmo, o holandês registrou o 12º melhor tempo, causando excelente impressão inicial.
RBR, ESCOLA DE CAMPEÕES
Além de elogiar Marko pela sensibilidade de identificar jovens capazes de crescer no automobilismo, Jos lembra que a atual geração desses jovens chega muito bem preparada na F-1, diferentemente de quando ele começou, que não havia nenhum preparo especial. “A RBR forma seus pilotos de maneira extraordinária, em todas as áreas. Eles vão para as competições sabendo o que os aguarda, antecipam todas necessidades. E o programa do simulador é também muito eficiente.”
Verstappen não sente a pressão de estar na F-1 (Foto: Getty images)Verstappen não sente a pressão de estar na F-1 (Foto: Getty images)
Esse preparo profissional da RBR com Max e tudo o que o ensinou desde muito pequeno, pois quando o menino nasceu Jos ainda era piloto, explicam a maturidade desse holandês que já começou a estabelecer recordes, por enquanto apenas de precocidade na F1, lembra o pai.
Apesar do aumento exponencial da segurança na F-1, sempre é possível acontecer uma fatalidade, como no GP do Japão do ano passado, quando Jules Bianchi, da Marussia, saiu da pista, na corrida, sob chuva, colidiu contra um trator e nove meses depois faleceu. “Sei que a qualquer momento algo pode acontecer, como com Justin Wilson, na F Indy. Nesse sentido, sim, tenho meus receios”, afirmou Jos.
O inglês Justin Wilson, de 37 anos, morreu depois de ter sido atingido no capacete pelo bico do Dallara de Sage Karam, restando 21 voltas para o fim da corrida de Pocono, dia 23 de agosto. O bico voou ao Karam colidir no muro da pista oval.
“Mas medo (de que seu filho possa morrer também) não tenho mais hoje. Max faz o que sempre desejou, é a sua vida, seu coração bate mais forte porque todo esporte a motor é perigoso.” A mãe é quem mais sabe disso. Fica muito nervosa, segundo Jos. “Por essa razão veio apenas às etapas de Bahrein e da Bélgica, este ano, e gosta de assistir às corridas, pela TV, sozinha, em casa.”
MÃE TAMBÉM FOI PILOTO
Sophie Kumpen, mãe de Max, apesar da tensão, apoia totalmente o filho. “Ela adora o automobilismo”, diz Jos. Sophie correu vários anos de kart, com sucesso, e seu irmão, Anthony, foi piloto profissional de Endurance e competiu na Nascar. Max, portanto, tem a velocidade no DNA, tanto por parte do pai como da mãe. “Sophie reside perto de nossa casa e Max vai vê-la toda vez que regressamos de viagem.” Eles residem em Bree, na Bélgica.
A partir de amanhã, 14 horas, horário de Brasília, Max inicia sua preparação para o GP do México, 17º do calendário, num circuito desconhecido por todos. Mais maduro, como o próprio pai diz, reúne os elementos necessários para seguir marcando pontos, como fez com o oitavo lugar em Cingapura, nono no Japão, décimo na Rússia e quarto, domingo, nos Estados Unidos, quatro últimas provas disputadas.

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