terça-feira, 26 de junho de 2012

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Ex-atacante, que eliminou Corinthians no Morumbi, administra parque em Buenos Aires e vê time do coração mais experiente para o título


Dia 17 de abril de 1991, Morumbi, oitavas de final da Taça Libertadores. Jogo de volta. O zagueiro Guinei, do Corinthians, tem a bola dominada pelo lado esquerdo do gramado, mas vacila. Vacilo que só foi fatal porque um argentino se atirou loucamente à sua frente, deu um carrinho, roubou a bola e teve categoria de sobra para, de fora da área, encobrir o goleiro Ronaldo e carimbar a classificação do Boca Juniors para as quartas de final, eliminando o Timão (assista ao lance no vídeo). O jogo terminou 1 a 1. Na ida, em Buenos Aires, os argentinos haviam vencido por 3 a 1 (vídeo abaixo).
Até hoje, os torcedores corintianos não se esquecem do erro de Guinei. E os do Boca não se cansam de recordar a mistura de raça e técnica de Graciani. Quem garante é o próprio ex-atacante. O GLOBOESPORTE.COM achou Alfredo Oscar Graciani em Buenos Aires. Aposentado desde 1999, ele trabalha na Secretaria de Esportes da capital argentina, na administração do Parque Sarmiento, distante do centro da cidade.
 Chamado de Murciélago (Morcego) pela fanática torcida do Boca, Graciani parece trabalhar na caverna do Batman. Fria, escura, bem diferente da calorosa Bombonera. Quando soube que um jornalista brasileiro o procurava, pensou que fosse brincadeira.
- Nós fazíamos essa piada na minha época de jogador. Dizíamos que jornalistas estavam procurando. Havia muito menos do que hoje em dia, não é?
Até a final da atual edição da Libertadores, aquele duelo entre Boca e Corinthians era o mais importante da história dos confrontos entre os dois times. E Graciani aposta que, em 2012, a história terá o mesmo fim que em 91. Ídolo do Boca, muito mais pela identificação com a torcida do que por títulos, o ex-jogador não é um profundo conhecedor do Corinthians. Tanto que, para ele, o Emerson que joga na equipe alvinegra é o ex-volante que disputou as Copas do Mundo de 1998 e 2006, já aposentado. Mesmo assim, ele palpita e corneta o time de Tite.
Alfredo Graciani, ex-jogador do Boca Juniors (Foto: Alexandre Lozetti / Globoesporte.com)Graciani hoje administra um parque de Buenos Aires
(Foto: Alexandre Lozetti / Globoesporte.com)
- O Corinthians não me parece uma grande equipe. Nunca foi campeão ou chegou a esta fase, essa pressão joga contra. Creio que seja muito importante para eles, pena que cruzaram com o Boca e seus jogadores, que sabem muito bem como é ganhar a Libertadores - afirmou.
O discurso tem um forte tom de paixão. Graciani costuma dizer que sua vida é o Boca. Na quarta-feira estará na Bombonera para ver o time do coração, no primeiro jogo da decisão. E para ele, a experiência de Riquelme pode fazer diferença. O camisa 10 é candidato a ser o que o Morcego foi em 91: algoz do Corinthians. Além do famoso gol do Morumbi, ele também fez no jogo em casa. Mas o que está na memória é mesmo o que contou com a “ajuda” de Guinei.
- Eu me lembro perfeitamente. O zagueiro tem a bola. Eu aperto, roubo, encaro o goleiro e coloco por cima dele. Um lindo gol! Acredito que a torcida do Boca se lembre. Era muito difícil para equipes argentinas jogar no Brasil, quase sempre perdiam. Mas contra o Corinthians fomos muito bem e esses gols são importantes para mim.
Após passar pelo Timão nas oitavas, o Boca eliminou o Flamengo nas quartas, mas parou no Colo Colo na semifinal. O time chileno conquistaria seu primeiro título da competição ao vencer o Olimpia, do Paraguai, na decisão.
Graciani: experiência faz diferença na decisão
Parceiro de Batistuta no ataque de 1991, Graciani aponta uma característica que se aprimora na equipe azul e amarela desde aquela época: saber jogar como visitante. Por isso, em sua visão pouco imparcial, uma vitória na Bombonera praticamente sela o heptacampeonato.
E para conquistar essa vitória, Riquelme, de 34 anos, é o trunfo. As cobranças de faltas, escanteios e seus passes precisos para os companheiros são as maiores esperanças do Morcego em uma equipe que também não enche seus olhos. Para Graciani, autor do gol histórico de 91, os finalistas da Libertadores praticamente se equivalem na força defensiva. Mais uma razão para apostar na experiência do Boca.
Alfredo Graciani, ex-jogador do Boca Juniors (Foto: Alexandre Lozetti / Globoesporte.com)Graciani vê o Boca Juniors mais preparado para o título deste ano  (Foto: Alexandre Lozetti / Globoesporte.com)
- Defensivamente o Corinthians é bom, tem bons zagueiros. Tenho a sensação de que as equipes são muito parecidas e, nesta fase, pesam jogadores com mais experiência, rodagem no campo de jogo e na Libertadores - definiu Graciani.
Hoje aos 47 anos, ele decidiu se aposentar aos 34 por não aceitar jogar em clubes menores, já em condições físicas piores. Virou comentarista de televisão, chegou a trabalhar no Boca e, desde 2008, atua na administração do Parque Sarmiento ao lado de outro ex-atleta do clube, Walter Pico. Ele foi colocado no cargo pelo prefeito Mauricio Macri, ex-presidente do Boca Juniors.
Pai de cinco filhos, frutos de dois casamentos, ele deu um leve sorriso ao saber que Guinei até hoje é lembrado pela falha em seu gol. Um sorriso quase cruel, que revela orgulho em um rosto que tem história e vive escondido em Buenos Aires, mas sempre dedicado ao Boca.

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