PALMEIRAS

Novo estádio do Verdão já tem arquibancadas de pé e prédios entregues. Camarotes serão negociados, e clube quer faturar com Memorial

A Arena Palestra começa a tomar forma, e o torcedor palmeirense já pode ver de longe os primeiros lances de arquibancadas sendo erguidos pelos quase mil trabalhadores que estão diariamente no canteiro de obras da construtora WTorre. A empresa considera que 36% do trabalho já estão concluídos, e agora o foco se volta totalmente ao estádio propriamente dito. Com o documento "habite-se" recebido no dia 19 de junho, a construtora pôde entregar os prédios administrativo e multiuso ao Palmeiras, que vai ocupá-los nos próximos meses.

A reportagem do GLOBOESPORTE.COM visitou as obras na semana passada. As arquibancadas do lado da Rua Turiassu, na antiga Turma do Amendoim, são as que apresentam fase mais avançada. Dois dos três anéis do setor já tomaram forma, inclusive o de camarotes. Dali, o torcedor terá visão privilegiada do campo. A construtora, inclusive, busca patrocinadores interessados em bancar os espaços.

– Já começamos a trabalhar nesse sentido, estamos tendo reuniões quase todos os dias com possíveis parceiros e compradores dos camarotes. Até o fim do ano teremos uma visão mais clara de tudo isso – afirmou Rogério Dezembro, diretor de novos negócios da WTorre.

Cada cadeira do camarote terá um preço aproximado de R$ 15 mil a R$ 16 mil. Serão 200 camarotes no total, e parte da arrecadação irá para os cofres do Palmeiras, em porcentagem que aumenta conforme se aproximam os 30 anos de concessão da construtora.

– É dinheiro novo, o Palmeiras vai agregar mais arrecadação e ficar mais forte. Aposto que será o maior clube do Brasil em poucos anos – disse Dezembro.

Arquibancadas da antiga "Turma do Amendoim" 
(Foto: Diego Ribeiro / Globoesporte.com)

Ferradura furada

O prazo para a entrega da Arena é o segundo semestre de 2013. A data não é tão específica porque os engenheiros montam a previsão de acordo com chuvas e outras variáveis climáticas que atrasam os trabalhos. Os funcionários trabalham em dois turnos de segunda a sábado – a área residencial em volta da Arena impede obras na madrugada e aos domingos. Mesmo assim, o clima é de otimismo no canteiro.

A principal mudança em relação aos últimos meses é o estado da antiga “ferradura”, arquibancada atrás de um dos gols que teve de ficar de pé por causa do alvará emitido pela Prefeitura de São Paulo, que contempla apenas a reforma do local. A derrubada daquele setor caracterizaria a construção de um novo empreendimento, o que demandaria novo alvará – não concedido pelo prefeito Gilberto Kassab, que chegou a visitar as obras no fim do ano passado.

– Desde então falamos muito pouco com ele. A visita foi mais de cortesia, mas não teve efeito prático – lamentou Rogério Dezembro.

Dessa forma, a construtora teve de pensar em uma alternativa para levantar novas arquibancadas no setor. Algumas partes da antiga estrutura foram furadas para a passagem dos novos pilares de sustentação. As fundações já estão quase prontas, e em poucos dias esses pilares serão erguidos. Atrás das arquibancadas, também já há fundações de uma das cinco caixas de escadas que vão compor o estádio. As outras quatro já estão quase prontas.

Antes do fim do ano, três das quatro partes do anel da Arena estarão unidas, desde o setor de numeradas, passando pelas novas arquibancadas das piscinas e terminando do outro lado, virado para a Avenida Francisco Matarazzo.

Memorial do “Santo”
Para acelerar as obras da “ferradura”, o Palmeiras precisa ocupar logo os prédios administrativo e multiuso que lhe foram entregues nesta semana. Isso porque ainda há esportes amadores em funcionamento em um galpão que fica abaixo daquele setor de arquibancadas. Assim que o clube transferir as atividades para os novos edifícios, a WTorre vai demolir a construção, acelerar as arquibancadas e projetar o Memorial de Conquistas, que terá o busto do ex-goleiro Marcos.

– O Memorial será nessa antiga construção, teremos a estátua do Marcos, as taças, tudo. Pretendemos fazer da Arena um ponto turístico de visitação de torcedores, e, claro, com o Palmeiras ganhando dinheiro com isso. Queremos virar referência, como são o Santiago Bernabeu (do Real Madrid-ESP), o Stanford Bridge (do Chelsea-ING)... – relatou Rogério Dezembro.

O problema é que o Palmeiras não tem tanta pressa assim em ocupar os prédios. O presidente Arnaldo Tirone pediu calma para definir algumas questões simples – por exemplo, quem vai ocupar cada andar do prédio administrativo. Neste edifício ficará sediada toda a diretoria do clube, além dos departamentos amadores.

– Não é a reforma de uma casa, ou de um quarto. É um prédio de 22 mil metros quadrados. Estamos fazendo a parte de automação dos prédios, os pisos, e aí vamos tocando a obra – explicou Arnaldo Tirone.

Um dos restaurantes da Arena fica no último andar do prédio administrativo (Foto: Diego Ribeiro)

Há divergências em relação aos andares dos departamentos. A diretoria, por exemplo, ficaria no sexto e último andar. Tirone resolveu mudar para o primeiro, a fim de evitar trabalho para chegar à sua sala. É preciso também atender às necessidades de todos os esportes amadores.

– Todo mundo é tratado com igual importância pelo clube. Haverá espaço para todos. A Arena é o que há de mais moderno em construção no Brasil – avisou o presidente do Palmeiras.