segunda-feira, 29 de julho de 2013

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Após as medalhas de Sarah, Kitadai, Mayra e Baby em Londres, país tem 4 números 1 do mundo, mas piauiense fica sem dois dos seis investidores

Por Raphael Andriolo e Thierry Gozzer*Rio de Janeiro
header 1 ano após Londres (Foto: arte esporte)
Há um ano, o judô era responsável por abrir a porta para os 17 pódios brasileiros nos Jogos de Londres. Se na ocasião o país se orgulhava de ter dois judocas como melhores do mundo em suas categorias (Mayra Aguiar e Leandro Guilheiro), 365 dias depois esse número duplicou. Hoje são quatro os top 1: Sarah Menezes, Mayra Aguiar, Victor Penalber e Maria Suelen. Mas ser campeão olímpico e colocar no peito a tão desejada medalha de ouro não significa para um atleta brasileiro uma vitória certa na difícil luta por apoio. Sarah Menezes sente isso na pele, ou melhor, no bolso. Um ano depois de ter brilhado em Londres, a judoca viu dois dos seus seis patrocinadores pessoais não renovarem contratos. Se o apoio privado a Sarah piorou, o mesmo não se pode afirmar em relação aos resultados da modalidade, que melhoram a cada dia - muito por conta do planejamento e renovação da Confederação (CBJ).
Nesta semana, o GLOBOESPORTE.COM traz uma série de matérias sobre os medalhistas olímpicos brasileiros nos últimos Jogos, "1 ano após Londres". Hoje, judô e vôlei de praia.
judô Sarah Menezes final olímpica medalha de ouro (Foto: Agência Reuters)Sarah exibe o ouro olímpico; um ano depois, perdeu dois dos seis patrocínios (Foto: Agência Reuters)
- Vejo o reconhecimento que estou tendo no país todo. Nessa última viagem, a Moscou, por exemplo, teve gente que me conhecia e eu nem sabia. Mas o número de patrocínios depois de Londres diminuiu. Antes eu tinha seis, agora, depois de ser campeã olímpica, estranhamente tenho apenas quatro. Alguns não quiseram aumentar o valor, queriam que fossem os mesmos valores de antes da medalha olímpica. A gente não aceitou uma coisa que seria injusta - contou a piauiense de 23 anos, que recebe salário da CBJ e da Marinha e também recebe uma ajuda do Governo Federal referente ao Bolsa Pódio de até R$ 15 mil por mês, estabelecido pela Lei 12.395/11.
O número de patrocínios diminuiu. Antes eu tinha seis. Depois de ser campeã olímpica, estranhamente tenho apenas quatro"
Sarah Menezes
Logo no primeiro dia de disputas, Felipe Kitadai e Sarah Menezescorrespondiam à confiança depositada no esporte olímpico mais vitorioso do Brasil. Mas os dias se passaram e apenas o bronze do paulista, e o ouro inédito da piauiense pareciam não ser o bastante. Meio-leves, leves, meio-médios e médios passaram em branco - os dias também. Quatro dias. E a meta estabelecida pela CBJ de quatro medalhas ficava cada vez mais distante. Como num bom filme, o suspense foi levado até o fim. No penúltimo dia, Mayra Aguiar renovou as esperanças ao levar mais um bronze. Faltava apenas uma. Ficou por conta do grandalhão Rafael Silva honrar o compromisso da CBJ. Baby garantiu o terceiro lugar e a campanha mais vitoriosa do judô brasileiro na história.
Um ano depois, Sarah assumiu o topo do ranking dos ligeiros (48kg) e não saiu mais. Mayra, que chegou a Londres como nº 1 dos meio-pesados (78kg), perdeu o posto para a americana campeã olímpica Kayla Harrison, mas retomou a posição após o título do Mundial Masters desse ano. Kitadai é o top 3 dos ligeiros (60kg), e Rafael Silva, nº 2 do mundo, chega cada vez mais perto da lenda dos pesados, o francês Teddy Riner.
judo mosaico medalhistas brasileiros sarah menezes felipe kitadai Mayra Aguiar Rafael Silva 2 (Foto: Editoria de Arte)Os medalhistas olímpicos do judô brasileiro e as conquistas pós-Londres (Foto: Editoria de Arte)
Sarah: número 1 com folga
Na volta para casa, Sarah foi recebida de braços abertos em Teresina. Ouviu promessas de políticos e viu algumas delas serem cumpridas. Outras ainda aguardam, como a doação de um espaço fixo para a associação da judoca - que hoje é alugado. Ela cumpriu a sua, segue no Piauí, apesar de enfrentar dificuldades para encontrar parceiros de treino em bom nível.
coletiva de imprensa - sarah, governador e expedito, Chegada Sarah Menezes (Foto: Raphael Andriolo / Globoesporte.com)Na chegada de Londres, Sarah e seu técnico são
recebidos pelo governador do PI (Foto: Andriolo)
A liderança folgada no ranking mundial dos ligeiros não deslumbra a judoca, que vem tendo uma temporada cheia de pódios: bronze no Grand Slam de Paris, prata do Mundial Masters e no Mundial Militar e ouro no Grand Slam de Moscou. O objetivo, vencer em casa, no Brasil:
- Uma das coisas que miro é a conquista do ouro olímpico em 2016. Mas o Mundial no Rio vai ser uma competição muito boa, dentro de casa, com apoio do brasileiro. Vai ser muito bom subir no topo do pódio em solo brasileiro - disse a medalhista olímpica.
Mayra e sua volta ao topo
Veterana com apenas 20 anos, Mayra Aguiar chegou à segunda Olimpíada da sua carreira com o peso de ser favorita. Na véspera de completar 21, ela entrou no tatame em Londres como número 1 dos meio-pesados, mas viu o sonho do ouro parar na algoz Kayla Harrison. Após os Jogos, a gaúcha perdeu o topo do ranking para a americana e passou por uma cirurgia no ombro. Aos poucos, foi voltando aos treinos e aos pódios.
Mayra Aguiar judô (Foto: Amanda Kestelman)Mayra se recuperou de uma cirurgia no ombro para voltar com tudo (Foto: Amanda Kestelman)
Mayra ganhou tudo o que disputou até julho. Foi campeã Pan-Americana, do Troféu Brasil e do Mundial Masters, que reuniu os 16 melhores judocas do mundo de cada categoria. No Mundial Militar levou a prata, assim como no Grand Slam de Moscou. A campanha vitoriosa recolocou a gaúcha na liderança dos meio-pesados, e ela chega ao Mundial do Rio mais uma vez como favorita.
Kitadai: a surpresa que chegou para ficar
Se existiu uma surpresa olímpica no judô em 2012, essa foi Felipe Kitadai. O ligeiro chegou aos Jogos motivado, mas não aparecia na lista dos favoritos sequer para o pódio. Dentro do tatame, porém, surpreendeu e conquistou a primeira medalha do Brasil nas Olimpíadas de Londres. Depois do bronze, o reconhecimento profissional e financeiro.
Mayra Aguiar e Felipe Kitadai no desembarque do judô no Rio Grande do Sul (Foto: RBS)Kitadai, Mayra e Portela são recebidos com festa
em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul (Foto: RBS)
Kitadai teve seu salário valorizado no clube Sogipa, além de continuar recebendo da CBJ, como membro da seleção brasileira, e do Exército, como militar. O paulista ainda conta com apoios do Governo do Rio Grande do Sul, Bolsa-atleta e duas parcerias privadas, que não chegam a ser um ganho financeiro constante, mas o apoiam na carreira.
- Com relação a patrocinadores, a situação está bem melhor hoje. Tenho uma situação de treino muito mais propícia a bons resultados. Conto com o apoio da Sogipa, da Aspen Pharma, da Nissan, do Governo do Rio Grande do Sul, além da bolsa-atleta que recebo a dois anos - explicou.
A base de treinos no clube, porém, não mudou. E os resultados continuam surgindo: bronze no Grand Slam de Tóquio 2012; 5º no Grand Slam de Paris 2013; campeão Pan-Americano; bronze no Mundial Masters, na Rússia; campeão do Mundial Militar; e 5º no Grand Slam de Moscou. As boas condições fazem com que Kitadai comemore sua evolução no tatame e no ranking da FIJ.
- Meu desempenho pós-Londres tem sido muito bom, quando entrei para competir em Londres eu era o 13º colocado no ranking mundial, hoje estou entre os melhores do mundo.
Baby: Lutar, ganhar e casar
Rafael Silva garante ter uma mania. Antes de qualquer competição, assiste a um documentário sobre a vida de um dos seus ídolos no esporte, Ayrton Senna. Mania ou não, o momento serve como uma meditação, é a hora em que busca energias, se concentra e foca no objetivo. Foi assim que fez história em Londres. Com o bronze, ele se tornou o primeiro brasileiro a conquistar uma medalha olímpica na categoria pesado e agora colhe os frutos.
Judo, brasil, Rafael Silva (Foto: Rodrigo Faber / Globoesporte.com)Ao lado de Kitadai, Rafael Silva dá autógrafos para os fãs (Foto: Rodrigo Faber / Globoesporte.com)
Um ano depois, Baby, aos 26 anos e segundo melhor judoca da categoria pesado do mundo, ainda quer se casar, constituir uma família, ter um filho e comprar a casa própria, sonho de qualquer brasileiro "mortal" e não um herói olímpico. Mas a situação financeira, por exemplo, já é bem melhor que a do ano passado, quando deixou o Brasil em um bom momento, mas sem certeza de pódio.
Rafael Silva com a medalha de bronze no judô (Foto: Reuters)Bronze em Londres e o segundo lugar no
ranking mundial dos pesados (Foto: Reuters)
- A minha situação financeira melhorou. Salário no clube, visibilidade, dou mais entrevistas. É o sonho de todo mundo. Casar, ter filho, ter a casa própria. São coisas que ainda estou trabalhando para conquistar. Mas com certeza a medalha olímpica me ajudou nesse primeiro passo. Ainda tenho muita coisa pela frente, mas vamos chegar lá - disse Baby.
De Londres para cá, Baby manteve o bom momento na carreira. Em 2012, foi bronze no Mundial por equipes, em Salvador, e prata no Grand Slam de Tóquio. Nesse ano, faturou o bronze no Grand Slam de Paris, foi campeão Pan-Americano e prata no Mundial Masters. Agora, visa o pódio no Mundial, que acontece no Rio de Janeiro, em agosto.
- A estrutura de treinamentos foi muito boa para Londres e está evoluindo para 2016. Já tivemos treinamentos específicos para cada categoria desde já, o que aconteceu poucas vezes no último ciclo olímpico.
Sarah, Kitadai, Mayra e Rafael são algumas das apostas para a meta ambiciosa da CBJ para os Jogos do Rio, em 2016. A Confederação planeja terminar as próximas Olimpíadas com o Brasil na liderança no quadro geral de medalhas do judô. Em Londres, o país ficou apenas na sexta colocação, com um ouro e três bronzes. Atrás de Rússia (1º), França (2º), Coreia do Sul (3º), Japão (4º) e Cuba (5º).
*TV Clube, do Piauí, colaborou

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