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Pai, "paizão" e padrasto: intimidade ajuda técnicos a comandar trio brasuca

Ricardo Toledo, Leandro Dora e Charles Saldanha, que comandam os três brasileiros na luta pelo título, misturam vida profissional e pessoal a favor dos talentosos pupilos

Por David AbramveztDireto de Oahu, Havaí

Ricardo abraça o filho Filipe após a vitória na 2ª fase em Pipe (Foto: Márcio Fernandes/Estadão)

Pai, "paizão", padrasto. Os homens que guiam os passos dos três brasileiros na luta pelo título mundial são bem mais do que treinadores. Eles fazem parte da vida pessoal de Filipe Toledo, Adriano de Souza e Gabriel Medina, sendo fundamentais para que o trio pense apenas em surfar com o mais alto nível. Só Ricardo Toledo tem laço sanguíneo envolvido na relação, mas Charles Saldanha mora com o atual campeão mundial desde a infância dele, quando casou com sua mãe. Leandro Dora, o Grilo, trabalha há seis meses com Mineirinho, porém a relação se aprofundou tanto que ele é chamado de ‘"paizão" pelo número 3 do ranking. Com a expectativa de um terceiro dia sem boas ondas na havaiana Pipeline, os brasucas e os outros 21 surfistas que estão na terceira fase do Pipe Masters vão acompanhar uma chamada nesta segunda-feira, às 15h45 (de Brasília), para determinar se haverá um novo lay day na última etapa do Circuito Mundial de 2015. A tendência é que a disputa só seja retomada na terça, com a chegada de um swell.

- Trabalhar com meu filho é muito bom. Nós estamos o tempo inteiro juntos, ele entende tudo que eu falo e peço, e me respeita muito. É uma relação de muita confiança, trabalho e dedicação ao surfe - comentou Ricardinho, ex-surfista profissional bicampeão brasileiro em 1991 e 1995 e único treinador da carreira do número 2 do mundo. 

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Muito valorizado com a conquista de Medina no ano passado, Charles entrou para a história como o primeiro treinador a conseguir levar um surfista brasileiro ao topo. Ex-triatleta, ele baseia o trabalho em bastante treinamento físico, alimentação saudável e a incessante busca pela atualização das técnicas aplicadas pelo jovem astro nas ondas. Desde cedo, ele viu que o pupilo tinha um talento acima da média e decidiu apostar na formação do enteado. Por conta dos anos e anos de convivência, Gabriel sempre faz questão de chamar Charles de pai.

- O meu trabalho com o Gabriel é facilitado pela inteligência do Gabriel enquanto surfista. Eu sempre passo instruções antes dele entrar nas baterias e ele entende tudo muito bem e faz. Ele me escuta muito e respeita o que eu passo. Essa confiança é importante, e eu confio nele se ele perceber que precisa mudar algo durante a bateria - disse Charles.

Charles e Gabriel em momento de intimidade antes de bateria (Foto: Reprodução/Instagram)

Treinador de Mineirinho desde julho deste ano, o paranaense Leandro Dora é um ex-surfista de muito talento que acabou parando precocemente para se dedicar à formação de atletas. Bom de papo e alto astral, ele rapidamente acabou virando uma espécie de guru do paulista de 28 anos, sendo dez deles na elite do surfe mundial. Adriano o chama de "Paizão".

- Eu sinto que sou um paizão do Adriano em certos momentos. Temos uma relação profissional que acabou virando pessoal também, por causa da nossa intimidade. Eu faço tudo que eu puder para ele ficar tranquilo para surfar da melhor forma possível - contou Grilo.

Da areia, cada um adotou uma forma de comandar o seu surfista. Ricardinho tem um assobio sonoro que Filipe reconhece do mar e rapidamente o observa para ver o posicionamento que o pai lhe orientar a ficar para pegar melhores ondas. Charles é do tipo mais calado, pois ele prefere não ficar gritando da areia com receio de tirar o foco de Gabriel. Já Doria também opta por deixar Mineirinho mais relaxado durante a bateria, após um grande trabalho de orientação ao longo dos treinamentos e momentos antes dele caminhar na areia rumo ao mar onde tudo será definido. 

Mineirinho observa filmagem feita pelo seu técnico Leandro Dora, o Grilo, após treino em Pipe (Foto: David Abramvezt)